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Um grupo de três engenheiros hidráulicos e sanitaristas, formado pela Universidade Kimpa Vita (UNIKIVI), na província do Uíge, desenvolve um sistema de tratamento de águas residuais por meio de plantas como a tábua larga (typha latifolia) e a palmeira umbela (cyperus).
Em declarações ao Jornal de Angola, o coordenador adjunto do projecto, Lucau Nzuzi, disse que o objectivo é avaliar a qualidade das águas residuais tratadas com as duas espécies de plantas, "a fim de escolher qual delas melhor se adapta às condições climáticas do nosso país”.
Lucau Nzuzi disse que o referido projecto pode ser aplicado em várias zonas urbanas, periurbanas e rurais do país, sobretudo em locais considerados inviáveis para a instalação de sistemas clássicos de tratamento de águas residuais.
O projecto, explicou, pode ser aplicado no tratamento de águas provenientes das indústrias, sobretudo da indústria mineira. "O projecto teve a sua génese em 2021, durante a realização do trabalho de fim de curso na UNIKIVI, sob sugestão do tutor”, referiu.
Segundo o coordenador adjunto do projecto, Lucau Nzuzi, antes da sua materialização, o grupo de engenheiros e sanitaristas dedicou-se à revisão bibliográfica, tendo de seguida feito a recuperação dos filtros que já existiam e que, infelizmente, não funcionavam.
"As duas espécies de plantas são recolhidas em pântanos e colocadas nos filtros dos sistemas de tratamento de águas residuais, onde permanecem pelo menos um mês para a sua adaptação”, avançou.
Os filtros são abastecidos, pelo menos uma vez por semana, com águas residuais provenientes do Campus Universitário Kimpa Vita e as amostras de águas, recolhidas uma semana depois de tratada, encaminhadas a um laboratório especializado de Luanda, onde são efectuados testes de qualidade, durante um período não superior a seis meses.
O Jornal de Angola soube que, até agora, já foram efectuadas 216 análises de parâmetros físicos e químicos. O grupo de engenheiros hidráulicos e sanitaristas, que trabalha no desenvolvimento do sistema de tratamento de águas residuais, é constituído pelos recém-formados Lucau Nzuzi e David Manuel Mbungo, sob a supervisão e orientação do vice-reitor para a Área Académica da Universidade Kimpa Vita, Mampuya Kinda Fidele.
Resultados
alcançados
O resultado do processo de avaliação da eficiência das duas espécies de plantas do tipo (typha latifolia) e palmeira umbela (cyperus), no tratamento de águas residuais do Campus Universitário da Universidade Kimpa Vita, foi conclusivo.
O filtro coberto de cyperus alternifolius (BA), com uma taxa média de remoção de SST, apresentou uma melhor eficiência em CQO (88,8 %) e em NTK (95,2 %) em relação ao filtro plantado de typha latifolia (BV).
Já o filtro plantado de typha latifolia (BV), além de ter uma melhor taxa média de remoção em matéria orgânica (95,1% de CBO5), teve a melhor condutividade hidráulica (2337,0 mL.min-1) e confere a capacidade de sustentar a sobrecarga hidráulica (Molle et al., 2005).
As macrófitas aquáticas nativas surgem como uma opção promissora e sustentável para o tratamento de águas residuais, mitigando o grande déficit sanitário, aliado ao quadro epidemiológico e ao perfil socioeconómico das comunidades angolanas.
Origem
das plantas
A tábua larga é nativa das Américas do Norte e do Sul, sendo cultivada como planta ornamental. Pode ser utilizada na confecção de roupas de cama, cestos e sapatos, além de ser útil na fabricação de papel. A espécie é considerada um bioindicador de poluição. Antigamente, a tábua larga era usada como matéria-prima para a produção de fraldas.
O cyperus alternifolius ganhou o nome de sombrinha chinesa devido à forma que tomam as suas folhas. Esta planta possui hastes finas e resistentes e proporciona um belo efeito ornamental. Na mesma família (cyperaceae) estão também outras plantas mais conhecidas, como o papiro (cyperus papirus).
A tábua larga e a palmeira umbela desenvolvem-se facilmente no seu habitat natural e artificial.
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