Cultura

Escritora apela à implementação da Literatura Pan-Africana nas escolas

Gil Vieira

Jornalista

A professora universitária e integrante da Liga Pan-Africana Denise Schacht apelou, quinta-feira, na Livraria Mayamba, em Luanda, à implementação da Literatura Pan-Africana nos sistemas de ensino de todos os países do continente.

03/06/2024  Última atualização 09H55
Denise Schacht defende uma maior tradução dos livros © Fotografia por: DR

A académica, que falava à margem de uma palestra à volta do tema "Literatura e Pan-Africanismo: Ferramentas de Unidade e Desenvolvimento”, explicou que a facilitação do acesso a esse género de conhecimento pode incutir na mentalidade de todo o africano a responsabilidade de serem os principais autores da construção da sua história e do seu próprio destino.

Segundo Denise Schacht, com a implementação da Literatura Pan-Africana no sistema de ensino, a todos os níveis, os Estados apenas sairão a ganhar, porque vão ter uma população mais activa no desenvolvimento do país.

"Teremos menos africanos a reclamar da realidade actual e mais empenhados em mudar o actual panorama, porque a Literatura Pan-Africana incute na mente das pessoas a resiliência", afirmou.

De acordo ainda com a professora Schacht, a literatura Pan-Africana é uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento sustentável integral, primeiro porque permite a promoção histórica identitária dos povos africanos. Segundo explicou, por conter informações didácticas que sublinham o entendimento geopolítico mais apurado do continente e, por último, permite a activação do princípio da emancipação mental do povo africano em geral.

Durante a abordagem, que se focou em quatro pontos principais, nomeadamente sobre "O que é o Pan-Africanismo", "Como nasceu a Literatura Pan-Africana”, "A forma como a mesma promove a unidade e o desenvolvimento” e "A realidade da literatura nos dias actuais”.

Denise Schacht sublinhou que o Pan-Africanismo mais do que um pensamento ideológico é um modo de vida, que se distingue pela entrega à causa africana.

O Pan-Africanismo, segundo ainda a integrante da Liga Pan-Africana, tem como alicerces cinco princípios nobres, nomeadamente resiliência, tolerância, unidade, coragem e verdade.

Quanto à realidade actual da Literatura Pan-Africana, Denise Schacht disse que precisa de evoluir, pois ainda existem vários livros que deveriam ser traduzidos  em todas as línguas oficiais do continente africano, como, por exemplo, obras de Viriato da Cruz e de muitos outros autores pan-africanos.

A académica destacou, também, com alguma tristeza, que são raras as bibliotecas universitárias onde se podem encontrar conteúdos ricos em Literatura Pan-Africana, um cenário que é preciso mudar, pelos motivos acima referidos.

Denise Schacht é natural da Guiné-Bissau, de ascendência cabo-verdiana. Beneficiou dos estudos clássicos da Universidade de Coimbra e da Escola Superior de Educação de Coimbra. Foi Business Developer Executive, directora de Projectos de Propaganda Política em países como Côte d’Ivoire, Serra Leoa, Ghana, Senegal, Gâmbia, Mali, Burkina Faso, África do Sul, Moçambique, Angola, Nigéria, República Centro-Africana (RCA), República Democrática do Congo (RDC), Gabão, Guiné Equatorial, Namíbia, Cazaquistão e Curdistão.

Denise Schacht é membro da Liga Pan-Africana e chief Project Officer da Pan African University (PAU), actuando junto dos principais centros de estudos africanos indexados à União Africana (UA), com sede na Etiópia.

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