Política

João Lourenço e Yoon Suk-yeol abordam a cooperação bilateral

Paulo Caculo | Seul

Jornalista

O Presidente João Lourenço e o homólogo da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, encontram-se hoje, às 11h00 locais (madrugada em Angola), no Palácio Presidencial, em Seul.

30/04/2024  Última atualização 09H06
Presidente da República visitou o líder do Parlamento sul-coreano, Kim Jin-pyo, no primeiro dia de trabalho em Seul © Fotografia por: Paulo Mulaza | Edições Novembro | Seul

A deslocação do Chefe de Estado à residência oficial do líder sul-coreano marca o momento mais alto do programa de actividades que cumpre, desde ontem, na cidade de Seul, capital da República da Coreia do Sul.

Durante a reunião entre os dois Presidentes será avaliada a cooperação bilateral, que remonta ao ano de 1993, devendo, num segundo momento, João Lourenço e Yoon Suk-yeol presenciar a assinatura de cinco instrumentos jurídicos para o reforço da parceria nos sectores do Comércio, Indústria, Saúde e Ordem Pública.

Na ocasião, vai ser ainda rubricado um acordo entre a Academia Diplomática Venâncio de Moura e a Academia Diplomática Nacional da Coreia.

O ministro das Relações Exteriores, Téte António, disse que Angola e a Coreia do Sul partilham uma cooperação bilateral muito generalizada e que se vem relançando, sobretudo no capítulo das tecnologias e meios de telecomunicações de alto padrão.

A visita oficial de João Lourenço à Coreia do Sul encerra hoje, com a deposição de uma coroa de flores no Cemitério Nacional de Seul, em homenagem aos heróis tombados.

 
Histórico

A Coreia do Sul é um país com uma democracia genuína pluripartidária desde 1987, quando nasceu a VI República.

Há 61 anos que o país é detentor de uma indústria transformadora de nível mundial e as exportações promovem um grande desenvolvimento económico ao país.

Os sul-coreanos detêm, neste momento, a quarta economia da Ásia, atrás apenas da China, Japão e Índia. Está entre os seis maiores produtores mundiais de aço e é o sétimo produtor mundial de automóveis. É, de igual modo, grande produtor mundial de peças e material electrónico, posicionando-se entre os maiores produtores mundiais de chips.

A Samsung é a empresa mais valiosa da Coreia do Sul. A Hyundai e a Kia Motors são outras marcas valiosas e de referência mundial.

O Governo de Seul está a preparar a Cimeira Coreia-África, com os Chefes de Estado e de Governo, para consolidar a cooperação e despertar novos negócios com o continente africano, em tempo de incertezas geopolíticas e económicas à escala global.

 
Angola confirma presença na Cimeira Coreia-África

O Presidente da República, João Lourenço, confirmou, ontem, que Angola vai participar na Cimeira Coreia-África, agendada para Junho, na cidade de Seul.

O Chefe de Estado fez a afirmação durante a visita de cortesia efectuada ao presidente da Assembleia Nacional da Coreia do Sul, Kim Jin-pyo, na sede do Parlamento.

João Lourenço realizou uma visita guiada às instalações da Assembleia Nacional sul-coreana, teste- munhada por vários deputados do país asiático e membros do Executivo angolano, em que recebeu explicações sobre a orgânica da instituição e o seu funcionamento.

Durante a incursão à Casa das Leis da Coreia do Sul, ficou demonstrado o interesse dos dois Estados em cooperarem entre si, tendo o presidente do Parlamento sul-coreano destacado, como factores relevantes na competitividade de Angola, a abundância dos recursos naturais, a juventude da população e a produção petrolífera.

Para o Presidente João Lourenço são nítidos os trunfos da Coreia do Sul, a começar pela capacidade industrial, demonstrada com o facto de, em poucos anos, se ter desenvolvido rapidamente e chegado à posição de uma das maiores economias do mundo.

O Chefe de Estado ressaltou, na ocasião, o grande trabalho de Angola na criação de infra-estruturas básicas, visando o avanço com os desafios da industrialização, apontando um conjunto de recursos e apostas que poderiam desempenhar importância relevante nas relações bilaterais, como a existência no território nacional de minérios estratégicos e de grande procura pela indústria sul-coreana, com realce para a electrónica.

João Lourenço manifestou, ainda, o desejo de ver um certo número de actividades produtivas desempenhadas pelas empresas coreanas a terem presença, também, no mercado angolano, a exemplo da indústria naval, montagem de veículos automóveis e a produção de painéis solares.


Comunidade angolana partilha sonhos e aspirações

O Presidente da República conversou, ontem, em Seul, com um grupo de jovens membros da comunidade angolana residente na Coreia do Sul, dos quais ouviu sobre os seus sonhos e aspirações.

Durante o encontro com o grupo, maioritariamente composto por estudantes, João Lourenço colocou-se à disposição para saber das eventuais dificuldades, da vida diária e discutir sobre as soluções a encontrar, tendo em vista ultrapassar as contrariedades.

Para o estudante do curso de Computação Freide Manuel, há um ano em Seul, a iniciativa do Presidente da República em mostrar disponibilidade para dialogar com a comunidade angolana residente na diáspora é muito importante para reaproximar o país dos seus filhos.

"Vim parar a Coreia do Sul graças aos esforços dos meus parentes, para me proporcionar uma melhor capacidade de formação. No princípio foi um pouco difícil, devido à língua, mas graças ao apoio da comunidade angolana que já aqui estava consegui ultrapassar tudo”, adiantou-se a esclarecer, sublinhando as circunstâncias da sua presença na Coreia do Sul ao Chefe de Estado e os seus planos para o futuro.

"Expusemos ao Presidente as nossas inquietações sobre a nossa vivência e os nossos planos, tendo em vista o regresso, futuro, à nossa Angola”, disse.

O estudante referiu que contou a João Lourenço que pretende voltar ao país tão-logo termine a formação, porque está ciente de que o Governo "está a trabalhar” para melhorar a situação dos angolanos em Angola e no exterior do país.

"Depois da formação pretendo regressar a Angola para ajudar no processo de desenvolvimento do meu país”, prometeu.

Freide Manuel referiu, também, que a comunidade de angolanos na Coreia do Sul é pequena, mas "a interacção está a ser muito boa e facilitada pela Missão Diplomática, graças ao esforço do embaixador, "que tudo tem feito para que sejamos uma comunidade unida”.

Pedro Vicente reside na Coreia há cinco anos com a mulher que é estudante. Ao Jornal de Angola confessou que está a trabalhar numa empresa privada, enquanto ajuda a pagar a formação da esposa.

"No encontro com o Chefe de Estado manifestei a minha preocupação sobre os angolanos que estão a sair do país e sobre os projectos que existem para a juventude”, referiu, assegurando ter ficado satisfeito com a resposta do Presidente João Lourenço.

"A vida de um angolano na Coreia não é difícil, mas a adaptação não foi fácil, devido à língua”, acrescentou.

A frequentar o curso de Engenharia Electrónica, Daniel Joaquim afirmou que a formação tem sido interessante e desafiadora, tendo confessado que tem contribuído para o seu sucesso o facto de sempre ter manifestado o interesse de aprender sobre esta área e o seu afinco aos estudos em si.

Sobre o encontro com o Presidente da República, revelou que foram colocadas muitas questões, e que procurou também satisfazer a sua preocupação sobre se Angola tem a previsão de entrar na indústria de semicondutores.

"Sendo um sector bem desenvolvido e consolidado aqui na Coreia, então perguntei se havia possibilidade de entrarmos nesta área, na medida em que também temos os recursos necessários. O parecer do Senhor Presidente foi de que há esta possibilidade, mas para tal exigiria, também, a participação e colaboração de empresas coreanas ou de outros países que já estejam bem firmados no mercado”, disse.

O encontro do Chefe de Estado com a comunidade angolana residente na Coreia do Sul foi presenciado pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, e pelo embaixador de Angola no país.

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