Opinião

Jogos devolvem sorriso à atraente Cidade Luz

Honorato Silva | em Paris

Jornalista

A bela Paris, cidade do conhecimento da era do Iluminismo, corrente de pensamento dominante do Século XIX, da arte e da moda, está de cara lavada, à passagem do sétimo dia dos Jogos Olímpicos regressados 100 anos depois. É notório, no rosto dos parisienses, o sorriso que rouba a cena à depressão pós-eleitoral, enquanto o espírito nacionalista empurra para depois da saída dos visitantes a discussão à volta do novo chefe do Governo.

30/07/2024  Última atualização 11H09

Por enquanto, a política espreita envergonhada das persianas da agenda do dia, pois o desporto, com a maior e mais desejada reunião de atletas à escala planetária, é que dita a prioridade das abordagens. A grande Paris da Torre Eiffel, com as suas 20 mil lâmpadas das decorações natalinas dos Campos Elísios, pontuadas pelos 2,4 kms de iluminação, do Palácio da Concórdia ao histórico Arco do Triunfo, é o centro do mundo, por acolher mais uma edição da prova idealizada por Pierre Frédy, Barão de Coubertin, para exaltar a amizade entre os povos.

As legítimas aspirações de conquista do ouro olímpico no andebol feminino, sem descurar o masculino, bem como no futebol, igualmente masculino, e noutras modalidades individuais, com destaque para a natação e o atletismo, impõem uma trégua aos franceses, que por essa altura reclamam, em surdina, a subida de preços, nomeadamente dos transportes públicos.

Aos visitantes, poucas são as hipóteses de acomodação no centro da cidade, dada a saturação da rede hoteleira, maioritariamente ocupada pelos acompanhantes das delegações desportivas. A solução tem sido a hospedagem nos arredores da cidade, Chatou Nanterre (mais próximo) e Saint-Denis (um pouco afastado) do palco das competições. Ter dinheiro, no bolso ou no cartão, que ainda trava uma "luta sistemática” de cabimentação, está longe de garantir uma boa noite de sono, depois da correria nos estádios, piscinas e pavilhões, à procura do melhor ângulo de reportagem.

No regresso centenário dos Jogos Olímpicos à capital francesa, um elemento ganha particular atenção. Nascido na Meseta de Langres, em Côte-d’Or, a 470 metros de altitude, para desaguar no Canal da Mancha (Oceano Atlântico), perto de Le Havre, nos seus 776 kms de extensão, trafegados por uma história de 45 toneladas de cadeados com juras de amor, pendurados no antigo corrimão metálico de protecção da "Ponte das Artes”, o Sena marcou a diferença na passada sexta-feira, após a inédita cerimónia de abertura flutuante, a primeira fora de um estádio, no culminar da acesa discussão em torno da salubridade das suas águas.

Depois da jornada do fim de tarde e princípio de noite de domingo, as Pérolas de África, comandadas pelo espanhol Carlos Viver, passaram a integrar as contas dos especialistas mundiais, em função do triunfo frente à cotada selecção de Espanha. É assim que hoje entram com fortes hipóteses de assegurar a presença na próxima fase, em caso de novo triunfo na disputa diante da Hungria, no South Paris Arena.

Enquanto André Matias garantiu ontem a presença do país, na final do remo, o judoca Edmilson Pedro, dos -66 kg, reduziu a representação angolana em Paris, ao ser superado por Rahimov Serdar, do Turquemenistão. Amanhã entra em cena Lia Lima, na natação. Assim vai a nossa delegação, entre o glamour e o desejo de crescer entre os grandes, num percurso com muitos passos por dar.

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