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José Ramos-Horta admite falhanço da liderança política

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, admitiu, neste sábado, em entrevista à Lusa, o "falhanço" da liderança política do país no combate à pobreza e à má nutrição, salientando que não se soube definir a "verdadeira prioridade".

14/04/2024  Última atualização 12H16
José Ramos Horta, Chefe de Estado do Timor Leste, faz uma autocrítica à governação do país © Fotografia por: DR

"Num país, como o nosso, em que há recursos financeiros, passados 22 anos, não há explicação plausível para que exista extrema pobreza, má nutrição e subnutrição. A explicação é que não apostámos em políticas correctas e em definir prioridades", afirmou José Ramos-Horta. Segundo o Presidente timorense, "não pode haver desafio maior do que a extrema pobreza, subnutrição. Portanto, houve falhanço na liderança política timorense, não há desculpa possível".

"Temos dinheiro que vem do petróleo e do gás, portanto, não apostámos no que deve ser, o que é a verdadeira prioridade e isso está ligado à educação, está ligado à saúde. Portanto, falhámos", considerou. José Ramos-Horta disse, também, que, se tivesse sido Primeiro-Ministro quando o país começou a receber o dinheiro do Fundo Petrolífero, teria priorizado a agricultura, segurança alimentar, água potável, educação e saúde. De acordo com o Presidente timorense, outro sector que tem sido um obstáculo para o desenvolvimento é o da Função Pública, considerando que o actual é um "sorvedouro das riquezas do país", um "obstáculo ao desenvolvimento" e uma "retardadora de muitas iniciativas".

"Nós partidarizamos tudo. É a cultura dos países subdesenvolvidos. Tudo é partidarizado. O actual chefe do Governo, Xanana Gusmão, tenta evitar a partidarização, mas ele próprio não escapa aos 'lobbies' do seu partido, dos seus apoiantes", disse. Questionado pela Lusa sobre a necessidade de capital humano para desenvolver o país, o Chefe de Estado considerou que, apesar da precariedade, ao longo dos últimos anos, foram formados centenas de timorenses "com licenciaturas, mestrados e doutoramentos".

"O problema é que depois o Governo não sabe aproveitar", disse. Dados do Programa Alimentar Mundial indicam que cerca de 360 mil pessoas em Timor-Leste, com 1,3 milhões de habitantes, enfrentam níveis críticos de insegurança alimentar. O Banco Mundial recomendou recentemente a Timor-Leste que aumente o investimento para reduzir a fome, a subnutrição e o atraso no crescimento infantil para melhorar o capital humano do país e consequente desenvolvimento económico.

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