Especial

Jovem vê no serviço de mototáxi oportunidade de ultrapassar o desemprego

Celeste de Melo

Jornalista

Em quase toda parte da cidade de Luanda, bem como em outras cidades de Angola, é comum ver mototáxis circulando. Em busca de melhores condições de vida, Augusto Kalunga viu-se obrigado a se tornar um mototaxista, superando o preconceito de familiares e amigos para garantir o sustento da sua família e cobrir outras necessidades.

27/04/2024  Última atualização 08H11
© Fotografia por: DR

Com 32 anos, pai de duas crianças, Augusto, natural da província de Malanje, conta que veio para Luanda ainda pequeno devido à guerra. "Meus pais, para me proteger, decidiram mandar-me para a capital, onde fiquei na casa do meu tio e pude estudar", disse.

A sua infância, lembra,  foi desafiadora por crescer longe da família. "Foi turbulento estar distante de todos. Vim sozinho, meus pais ficaram tentando trazer outros irmãos para Luanda. Mas, graças a Deus fui bem acolhido pelo meu tio, que custeou a minha educação até ao ensino médio", destacou.

Filho caçula de quatro irmãos, explica que, ao atingir a fase adulta, conseguiu seu primeiro emprego facilmente, pois o seu tio tinha uma loja onde começou a trabalhar e ganhar algum dinheiro. Sentindo a necessidade de crescer na vida, decidiu comprar uma motocicleta e começou a trabalhar como mototaxista.

A trabalhar como mototaxista há mais de três anos, Augusto destaca que a profissão não tem sido fácil, exigindo esforço, empenho e dedicação para seguir em frente. Ele acredita que o segredo para o sucesso está na "humildade e no respeito”.

No dia em que encontramos Augusto, estava ao lado da sua motocicleta vermelha, usando capacete de protecção e vestindo calça jeans, camiseta azul e uma mochila nas costas, um visual que faz parte da sua rotina de trabalho. O jovem, que valoriza o trabalho, diz ter encontrado no serviço de mototáxi uma oportunidade de não ficar desempregado. Ele destaca que é o único trabalho disponível no momento e que aproveita essa oportunidade para garantir o sustento de sua família.

A rotina de trabalho de Augusto, residente em Viana, começa cedo, por volta das cinco da manhã, e vai até às 18 horas. Diariamente, consegue ganhar entre cinco e dez mil kwanzas, ou até mais, naqueles dias com muitos passageiros.

Além de pagar os estudos de uma de suas filhas e suprir as necessidades básicas da casa com o que ganha, Augusto, proveniente de uma família humilde, é também um empreendedor que espera, num futuro breve, desenvolver outras actividades comerciais. Ele pretende continuar os seus estudos e tornar-se um empresário de sucesso.

"Aconselho a juventude a não depender apenas dos pais e tios e a não se envergonharem de nenhum trabalho honesto. O importante é garantir o próprio sustento e o da família", destaca Augusto.

"Não importa se és mecânico, roboteiro, taxista ou faxineiro, mano, bumba sem vergonha, desde que não estejas a roubar ninguém. O trabalho dignifica o homem, não vivam de aparência, lutem para ultrapassar as barreiras e auto-superar-se, porque só vence quem se esforça”, acautelou.

Ele encoraja todos a lutar para superar desafios e alcançar o sucesso, independentemente da profissão escolhida.

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