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Julian Assange sai em liberdade

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, aceitou declarar-se culpado de conspiração for obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais, num acordo com a Justiça dos EUA, e já saiu da prisão, disse,ontem, o portal.

26/06/2024  Última atualização 10H36
Cidadão australiano, de 52 anos, Julian Assange poderá então regressar à Austrália © Fotografia por: DR

Assange "deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de Junho", foi libertado no aeroporto de Stansted, em Londres, "onde embarcou num avião e partiu do Reino Unido", tendo a Austrália como destino final, disse o Wikileaks.

O portal disse na rede social X (antigo Twitter) que a libertação resulta de "uma campanha global" que "criou espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, conduzindo a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado".

Assange vai comparecer na quarta-feira num tribunal das Ilhas Marianas, território norte-americano no Pacífico, para finalizar um acordo de confissão de culpa alcançado com o Departamento de Justiça norte-americano, e será condenado a 62 meses de prisão, uma pena já cumprida em prisão preventiva em Londres, decisão que lhe permitirá regressar ao país natal, a Austrália.

Cidadão australiano de 52 anos, Julian Assange poderá então regressar à Austrália. Ainda antes do anúncio da libertação, um porta-voz do Governo australiano defendeu que o caso do fundador do Wikileaks "arrastou-se por muito tempo e não há nada a ganhar com o prolongamento da detenção".

Assange estava detido em Belmarsh, no Leste da capital britânica desde 2019, altura em que foi detido, após sete anos de reclusão na Embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de violação.

Desde então que os EUA tentavam a extradição de Assange, acusado de 18 crimes de espionagem e de intrusão informática pela divulgação no portal WikiLeaks de documentos confidenciais, que em 2010 e 2011 expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.

Washington queria julgar Assange pela divulgação de mais de 700 mil documentos secretos e estava acusado pelas autoridades norte-americanas ao abrigo da Lei de Espionagem de 1917, enfrentando uma possível pena de até 175 anos de prisão.

Em 20 de Maio, o Tribunal Superior de Londres tinha autorizado Assange a recorrer da ordem de extradição do Reino Unido para os Estados Unidos da América.

 
Amnistia Internacional considera libertação de Assange "notícia positiva”

A Amnistia Internacional reagiu, ontem, "com satisfação" à "notícia positiva" da libertação do fundador do portal digital Wikileaks, Julian Assange, de uma prisão de alta segurança no Reino Unido, onde se encontrava encarcerado desde 2019.

"AAmnistia Internacional acolhe com satisfação a notícia positiva de que Julian Assange foi finalmente libertado da custódia do Estado britânico, após cinco anos de prisão, e de que esta provação está a chegar ao fim para ele e para a sua família", declarou a secretária-geral da organização, Agnès Callamard, num comunicado.

"Acreditamos firmemente que Julian Assange nunca deveria ter sido preso e temos apelado continuamente para que as acusações sejam retiradas", acrescentou Callamard, referindo-se aos 1.901 dias passados na prisão de alta segurança de Belmarsh enquanto aguardava o desfecho do seu processo de extradição para os Estados Unidos, que queriam julgá-lo por 18 crimes de espionagem e intrusão informática, por ter divulgado documentos secretos que em 2010 e 2011 expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo Exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.

Tratou-se de uma das maiores fugas de informação confidencial da história dos Estados Unidos, que revelou segredos das actividades diplomáticas e militares norte-americanas durante as guerras do Iraque e do Afeganistão, bem como dados sobre os detidos na base de Guantánamo, entre outras matérias. "O facto de as autoridades norte-americanas estarem há anos empenhadas em violar a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, fazendo de Assange um exemplo por ter denunciado alegados crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos, causou, sem dúvida, danos históricos", sublinhou a responsável da organização não-governamental de Defesa dos Direitos Humanos.

 
Lula da Silva exalta mundo "menos injusto" com liberdade de Assange

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, exaltou, ontem, a libertação do fundador do portal Wikileaks, Julian Assange, considerando-a uma "vitória democrática" que deixa o mundo "menos injusto".

"O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso", escreveu o Chefe de Estado brasileiro na rede social X.

Para Lula da Silva, a libertação do fundador do portal Wikileaks e o seu regresso a casa, "ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa".

Lula da Silva foi um dos principais líderes mundiais que, em diversas ocasiões, demonstrou sempre o apoio a Julian Assange.

Durante a sua visita a Londres, em Maio de 2023, onde assistiu à coroação do rei Carlos III, Lula da Silva classificou como "uma vergonha que um jornalista que revelou as armadilhas de um Estado contra outros seja condenado a morrer na prisão e que ninguém faça nada pela sua liberdade".

Em Agosto de 2023, o Governo brasileiro recebeu no Palácio do Planalto, em Brasília, o pai do fundador do portal WikiLeaks, a quem garantiu o "total apoio" à liberdade do filho.

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