A magnitude do legado de Agostinho Neto ainda não tem sido divulgada convenientemente, como referência às novas gerações, afirmou quarta-feira, em Catete, a presidente da Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN), Maria Eugénia Neto.
Eugénia Neto declarou que o legado de Agostinho Neto continua a motivar debates em Angola e no estrangeiro e a inspirar gerações, mesmo após o seu desaparecimento físico há mais de 40 anos.
A líder da FAAN lembrou que Agostinho Neto deve ser celebrado em toda a sua dimensão, como homem de cultura, médico, líder da Luta de Libertação, estadista, diplomata e humanista, sem diferenças ideológicas, religiosas, étnicas ou raciais.
"(…) É importante que a nossa juventude aprimore a sua curiosidade e mergulhe mais profundamente nos anais da nossa História, pesquisando Agostinho Neto e outros Heróis, homens e mulheres, que se bateram, de forma voluntária, apaixonada e abnegada para que pudéssemos ter acesso às dinâmicas do mundo moderno na condição de pessoas livres”, acentuou Maria Eugénia Neto.
"O ‘Ciclo de Conferências Netianas’ é mais um instrumento passível de gerar conhecimento”, defendeu Maria Eugénia Neto, adiantando que o projecto é implementado com o objectivo fundamental de promover o debate à volta das diferentes facetas do Herói Nacional Agostinho Neto.
As novas gerações, acrescentou, devem continuar a munir-se de elementos bastantes para um conhecimento mais dilatado "daquele que ousou desafiar o regime colonial fascista, em Portugal, lutando ao lado de portugueses progressistas e de vários outros ilustres nacionalistas, oriundos das demais colónias portuguesas, e proclamou solenemente a Independência de Angola” a 11 de Novembro de 1975.
Na cerimónia de lançamento do novo projecto sobre a vida e obra de Agostinho Neto, inserida nas jornadas comemorativas do "Dia do Herói Nacional e do Fundador da Nação”, Maria Eugénia Neto deu ênfase à necessidade de cumprimento do dever de reconhecer o "grande percurso consentido” pelas gerações mais velhas, por entre décadas de crueldade e humilhação, devendo cada cidadão, patrioticamente, preservar as conquistas alcançadas e colocar-se ao serviço da Nação.
Maria Eugénia Neto reconheceu que "nesse processo [a Luta de Libertação Nacional] houveram falhas, como em qualquer actividade em que a acção humana se faça sentir”.
"Todos nós somos falíveis”, reconheceu a viúva de Agostinho Neto, defendendo que, "antes de nos remetermos às críticas e aos conflitos geracionais, que sempre acontecem em qualquer sociedade (…), não nos esqueçamos dos sacrifícios consentidos pelas gerações mais velhas; as represálias, as mutilações, os assassinatos e toda uma sorte de agressões contra a vida e à dignidade humana, em prol dessa liberdade que apregoamos e nos devemos orgulhar, independentemente da condição e os desafios do presente.”.
A antiga Primeira-Dama da República defendeu que, "do nosso convívio”, devem ser afastados "os fantasmas da incompreensão, da incoerência, da ganância, do ódio, da vingança e da intolerância”, conjugando "o novo e o velho num só verbo, que possa gerar, de tal forma, desenvolvimento e equidade, com a finalidade de se promover a paz social.”
Conferências Netianas em Luanda e no Bengo
A primeira "Conferência Netiana” abordou os temas "A visão estratégica de Agostinho Neto para o desenvolvimento de Angola” e "O legado de Neto para a juventude” e foram dissertados por Joaquim Martinho, mestre em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, e por Justo Muanganga.
O administrador executivo da Fundação Dr. António Agostinho Neto, Amarildo da Conceição, informou à Comunicação Social que o "Ciclo de Conferências Netianas” vai ter periodicidade mensal e, numa primeira fase, vai ser implementado apenas nas províncias de Luanda e do Bengo.
"À medida que houver sustentabilidade, vamos para as outras províncias”, adiantou Amarildo da Conceição, anunciando, para Outubro, a segunda edição do "Ciclo de Conferências Netianas”, em local e data que vão ser anunciados, nos próximos dias, pela Fundação Dr. António Agostinho Neto.
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