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Mais de 25 mil africanos migram para a Espanha

Vinte e cinco mil e quinhentos migrantes africanos chegaram às ilhas Canárias desde o início do ano de forma irregular, em embarcações precárias conhecidas como ‘pateras’, um aumento de 123 por cento em relação a 2023, revelou, quarta-feira, o Governo de Espanha.

05/09/2024  Última atualização 09H20
Os imigrantes viajam em embarcações superlotadas e praticamente sem segurança © Fotografia por: DR

Em todo o ano de 2023, chegaram desta forma ao arquipélago espanhol 39.910 pessoas, o maior número de sempre registado nas estatísticas oficiais.

No conjunto de Espanha, o número de migrantes que entraram no país de forma irregular, entre Janeiro e Agosto deste ano, foi 35.456, um aumento de 62,8 por cento em relação a 2023, sobretudo por causa das Canárias.

Espanha – com costas no Mediterrâneo e no Atlântico e duas cidades que são enclaves no Norte de África (Ceuta e Melilla) – é um dos países da União Europeia (UE) que lida directamente com maior número de chegadas de migrantes em situação irregular que pretendem entrar em território europeu.

No último ano e meio, Espanha tem lidado, sobretudo, com um pico inédito de chegadas de migrantes às Canárias, situadas no Atlântico. Neste caso, são migrantes que tentam alcançar as ilhas espanholas em ‘pateras’ que saem da costa ocidental de África.

As autoridades espanholas têm atribuído o número inédito de chegadas às Canárias no último ano e meio à instabilidade política na região africana do Sahel. A questão das migrações e da situação que se vive nas Canárias levou já a duas deslocações, este ano, do Primeiro-Ministro de Espanha, Pedro Sánchez, a países da África Ocidental.

A primeira deslocação de Sánchez, em Fevereiro, foi à Mauritânia e viajou acompanhado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Os dois anunciaram então ajudas de centenas de milhões de euros ao país africano, para gestão de fluxos migratórios e apoio a refugiados, entre outros objectivos. Na segunda deslocação, no final de Agosto, Sánchez esteve na Mauritânia, Gâmbia e Senegal e assinou protocolos nos três países para promover a "imigração regular”, com a contratação de trabalhadores na origem.

A crise migratória com que lidam as autoridades regionais das Canárias, a resposta do Governo Central à situação nas ilhas e as deslocações de Sánchez à África colocaram o tema da imigração no centro do debate político e mediático em Espanha, nas últimas semanas. As Canárias queixam-se da falta de solidariedade das restantes regiões autónomas, sobretudo para o acolhimento de milhares de menores de idade que chegaram sozinhos às ilhas e que vivem amontoados em diversas instalações sobrelotadas, sem acesso aos Serviços de Saúde ou de educação previstos nas leis nacionais e europeias.

Este fim-de-semana, a Marinha Real marroquina interceptou, no Oceano Atlântico, uma embarcação que transportava 168 migrantes subsaarianos, incluindo seis mulheres e oito menores, que tentavam chegar às Ilhas Canárias.  O barco foi interceptado nas águas ao largo da cidade de Dakhla, no Sul do Saara Ocidental, revelou, ontem, o Estado-Maior das Forças Armadas Reais (FAR), num comunicado citado pela agência Efe. Segundo as Forças Armadas marroquinas, as pessoas resgatadas foram levadas para o Porto de Dakhla, onde receberam assistência médica.

  Naufrágio no Canal da Mancha faz 12 mortes

A França apelou, ontem, ao "restabelecimento de uma relação clássica de migração” entre o Reino Unido e a União Europeia, horas depois de um naufrágio no Canal da Mancha vitimar pelo menos 12 pessoas.

O ministro do Interior francês demissionário, Gérald Darmanin, que visitou o local do naufrágio no Norte de França, recordou que o país defende, há dois anos, "um tratado migratório entre a Grã-Bretanha e a União Europeia” para tentar pôr fim às partidas clandestinas.

As vítimas deste naufrágio eram "indubitavelmente pessoas do Corno de África”, afirmou Darmanin, sublinhando que as pessoas que tentam atravessar para a costa inglesa o fazem "para reunirem-se à família, para trabalharem lá, por vezes em condições que não são aceitáveis em França”. Estas pessoas "querem ir para a Grã-Bretanha e as dezenas de milhões de euros que negociamos todos os anos com os nossos amigos britânicos, e que cobrem apenas um terço do que nós gastamos”, não vão impedir as partidas ilegais, acrescentou Darmanin.

"O nosso país está determinado a acolher as pessoas que se encontram no nosso território e que pedem asilo”, referiu o ministro, assegurando que "menos de 5 por cento dessas pessoas pedem asilo em França, o que elas querem é partir”. Mais de 60 pessoas estavam amontoadas a bordo do barco que se afundou durante a madrugada, disse o ministro francês, acrescentando que 51 foram "resgatadas”, duas das quais ainda se encontram "em emergência absoluta” e 12 morreram, "incluindo cerca de dez mulheres” e alguns menores.

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