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Memorial acolhe sarcófago e objectos pessoais de Neto

Yara Manuel |

Jornalista

O Memorial António Agostinho Neto (MAAN), em Luanda, tem como objectivos investigar, perpetuar e divulgar a vida e obra do primeiro Presidente do país como homem de cultura, estadista, médico, poeta e guerrilheiro.

17/09/2024  Última atualização 11H01
© Fotografia por: Edições Novembro

Francisco Simão, guia especializado do MAAN, explicou que a instituição surgiu após o falecimento do Presidente Neto, a 10 de Setembro de 1979.

Na década de 80, disse, o Governo angolano solicitou à então União Soviética (actual Federação Russa), a construção de um projecto denominado Mausoléu, que teria como principal função acolher os restos mortais de Agostinho Neto.

A primeira pedra foi lançada a 17 de Setembro de 1982, pelo Presidente José Eduardo dos Santos. Mas, mas com o agravar da situação social e político-militar que o país vivia, o projecto ficou paralisado por cerca de 15 anos.

Em Janeiro de 2005, as obras foram recomeçadas e em Janeiro de 2011 a instituição foi concluída e inaugurada no dia 17 de Setembro de 2012, pelo Presidente José Eduardo dos Santos.

Para Francisco Simão, a celebração anual do Dia do Herói Nacional é uma demonstração de gratidão por tudo que Agostinho Neto fez pela causa da libertação nacional, até ao processo que conduziu à Independência, que é a maior vitória do povo angolano.

No museu, encontra-se uma galeria de exposições, com objectos pessoais, mobília do seu gabinete de trabalho e da sala de espera e o sarcófago, bem como outros compartimentos.

 

Sarcófago

O sarcófago, uma sala construída especialmente para albergar o corpo de Agostinho Neto, é decorado com coroas de flores nas laterais. No centro da sala encontra-se a urna lacrada com o corpo embalsamado de Neto.

Actualmente, disse, o corpo do Presidente não está exposto e nem será aberta a urna para o público, embora, há alguns anos, estivesse visível para os visitantes.

 

Obras literárias

No Memorial podem ser encontradas algumas das obras de Neto como "Os Quatro Poemas”, "Com Olhos Secos, "Sagrada Esperança", entre outras, algumas das quais foram traduzidas para o italiano, francês e inglês, editadas e enriquecidas com outros poemas.

 

Vestuário

Na sala de exibição das obras e biblioteca pessoal do Herói Nacional encontram-se três  fatos usados por Agostinho Neto.

O primeiro fato, segundo Francisco Simão, foi usado no acto da Proclamação da Independência e tinha um significado especial para ele, pois foi o mesmo que usou no seu casamento com Maria Eugénia.

O segundo terno, avançou,  foi usado no acto de investidura do cargo de Presidente da República Popular de Angola, investidura feita pelo nacionalista Lúcio Lara.

Em seguida, explicou, está em exibição o fato verde,  que é o uniforme militar do Comandante-em-Chefe, uma designação dos Presidentes dos países.

Por último, está em exposição a camisa branca, conhecida por goiabeira, oferecida por Fidel Castro, quando o Presidente Neto visitou Cuba pela primeira vez, solicitando apoio militar com o objectivo de repelir as forças que tentavam impedir a Proclamação da Independência.

 

Biblioteca pessoal

Neto formou-se em Portugal, na Universidade de Lisboa, mas inicialmente esteve na Universidade de Coimbra. Após ganhar uma bolsa de estudos, transferiu a sua matrícula de Coimbra para Lisboa, onde conheceu Lúcio Lara e Jonas Savimbi, que mais tarde viria a ser seu opositor. A colecção de livros, na sua maioria de Medicina, encontra-se, também, exposta no Memorial.

 

Prisão

O guia contou que o Presidente Neto tinha sido preso no dia 8 de Agosto de 1960, em Luanda, no seu consultório médico, no Bairro Operário, porque, apesar das actividades ligadas à sua profissão,  não abdicou da causa da Libertação Nacional. Continuava, na clandestinidade, a ajudar os compatriotas nacionalistas, a fim de que algum dia alcançassem a Independência. Foi preso por exercer actividades contra a segurança externa do Estado Português, naquela altura. No MAAN, também encontra-se exposto o boletim de registo policial de Agostinho Neto, que hoje equivale ao registo criminal.

 

Galeria das profissões

Antes da entrada que dá acesso às salas de exposições, há um espaço denominado "Galeria das profissões”. De acordo com Francisco Simão, são várias estátuas que representam as mais diversas profissões. Para o Presidente Neto, adiantou, era prioritário formar o povo para garantir o desenvolvimento económico, social e cultural do  país, o que contribuiria para a estabilidade, paz e soberania nacional.

Agostinho Neto, segundo Francisco Simão, defendia que todas as profissões eram importantes para a política de formação do homem novo. Dentre as estátuas estão representados professores, músicos, pescadores, camponeses, médicos, mecânicos, militares, enfermeiros, engenheiros de Petróleo, de Construção Civil, de recursos naturais, artistas plásticos, arquitectos e os desportistas.

Francisco Simão revelou que as peças expostas foram doadas pela Fundação Dr. António Agostinho Neto e pelos herdeiros do Presidente.

O Memorial Dr. António Agostinho Neto recebe muitos visitantes, na sua maioria provenientes das instituições de ensino, quer sejam primárias, secundárias como do Ensino Superior.

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