O Programa partilhado pelo Ministério das Relações Exteriores destaca, além do encontro entre os chefes da diplomacia, uma visita de Paulo Rangel à empreitada de requalificação dos talhões militares portugueses no cemitério de Sant’Ana.

Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, o ministro português disse que Angola continua a ser uma prioridade estratégica para Portugal e esta visita, a primeira que realiza fora do continente europeu, tem como objectivo transmitir precisamente esta mensagem de proximidade.

Um dos principais objectivos do encontro em Luanda com o ministro Téte António é o de preparar a visita a Angola do Primeiro-Ministro Luís Montenegro, de 23 a 25 do próximo mês de Julho, três meses depois da tomada de posse do novo Governo português.

"Estamos, pois, muito empenhados em aprofundar a relação entre os nossos dois países, de forma construtiva e com benefícios mútuos, mantendo o ciclo de visitas regulares de alto nível”, disse Paulo Rangel.

Recordou que o Presidente João Lourenço esteve já em Portugal, precisamente por ocasião do 25 de Abril, um marco importantíssimo na história dos dois países, que se reveste de uma relevância acrescida, se a visita for contextualizada no quadro do cinquentenário da Independência de Angola.

Questionado sobre o estado actual das relações bilaterais e quais as expectativas do novo Governo português em relação a Angola, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal sublinhou que os dois países têm uma relação de excelência, em todos os domínios, resultante dos laços afectivos que unem os dois povos.

Nesta ordem de ideias, enfatizou que o Governo português está decidido a reforçar as parcerias já existentes e a explorar novas formas de cooperação que contribuam para a consolidação da relação bilateral.

Paulo Rangel, que chega hoje a Luanda, reconhece existir a necessidade de as partes criarem as melhores condições em áreas-chave, como, por exemplo, a da mobilidade de pessoas e de capitais, para aumentar o bem-estar dos respectivos concidadãos e a actividade das empresas que operam em ambos os países.

Sobre as áreas prioritárias de cooperação para os próximos anos, o ministro português dos Negócios Estrangeiros disse que tem acompanhado com enorme interesse a política de diversificação da economia angolana e, por sinal, uma prioridade do Presidente João Lourenço e do seu Executivo, para a qual também Portugal, como parceiro, quer contribuir.

"O nosso desígnio para os anos que aí vêm é desenvolver e potenciar o espaço de prosperidade partilhada que juntos temos sido capazes de criar”, ressaltou.

No quadro do Programa Estratégico de Cooperação 2023-2027, acrescentou Paulo Rangel, foram identificadas várias áreas prioritárias, em consonância com as prioridades identificadas por Angola atendendo as linhas de orientação definidas na Estratégia da Cooperação Portuguesa 2030 (ECP 2030).

"Pretendemos, pois, avançar em novas áreas, como o turismo, a modernização administrativa e a cooperação com o sector privado. Se tivermos em conta o vibrante crescimento demográfico de Angola, a qualificação do capital humano mostra-se como uma área de cooperação fundamental”, destacou.

Paulo Rangel, eurodeputado durante vários anos, disse que quer que o investimento português e m Angola participe na criação de cadeias de valor acrescentado, contribuindo para a industrialização e à segurança energética e alimentar, reforçando os fluxos comerciais não só bilaterais, mas também entre a África Austral e a União Europeia (UE), através dos portos de ambos os lados.