O Monumento à Paz, da cidade do Luena, província do Moxico, continua a ser o local mais visitado da cidade.
Com 30 metros de altura, a infra-estrutura é suportada por dois braços, que elevam a pomba branca, que simboliza a paz, ao ar.
Dados indicam que, anualmente, o monumento recebe, em média, mais de 12 mil visitantes, entre nacionais e estrangeiros.
Em
entrevista ao Jornal de Angola, o director do Complexo Monumento à Paz,
Raimundo Zango Matchai, disse que a infra-estrutura necessita de uma atenção
especial, para se afirmar como um verdadeiro símbolo da paz e reconciliação
entre os angolanos.
Actos de vandalização
O responsável denunciou que as infra-estruturas de apoio ao Memorial têm sido alvo de vandalização nos últimos anos.
Apesar da protecção dos efectivos da Polícia Nacional no local, disse, o espaço tem sido alvo de muitos assaltos.
Segundo o responsável, os últimos actos de
vandalismo ocorreram recentemente, com a
retirada dos letreiros que compõem a palavra "paz”, o principal ponto de
atracção dos visitantes.
Centro de Estudo
A infra-estrutura foi projectada para ser um Centro de Estudo e Produção Bibliográfica de todo o processo que levou à conquista da paz em Angola, mas, segundo o director, por falta de condições humanas e tecnológicas, apenas 20 por cento da capacidade do imóvel está a ser explorada.
O
outro problema que a direcção do Monumento enfrenta é a falta de orçamento para
manter o bom funcionamento dos serviços. Além do director, não existem outros
funcionários em plena efectividade, até para fazer a limpeza no interior e no
perímetro do espaço. Para este efeito, são mobilizados alguns jovens, que fazem
o trabalho em troca de uma compensação monetária.
Visitantes
Apesar dos problemas, o local continua a ser a escolha de muitos visitantes, principalmente recém-casados, que, após a cerimônia do enlace matrimonial, aproveitam o espaço para tirar fotografias.
Segundo o director da instituição, a biblioteca, salas de exposição, anfiteatro, restaurante e a parte frontal, onde está a pomba que simboliza a paz, são as áreas mais frequentadas.
Na sala de exposição, logo à entrada, o visitante depara-se com um quadro, que destaca os discursos políticos que marcaram a sessão de assinatura do Memorando de Entendimento pelos generais Geraldo Sachipengo "Nunda”, em representação do Governo, e Abreu Muengo "Kamorteiro”, pela UNITA.
Luena acolheu primeiras negociações
A cidade do Luena, capital da província do Moxico, albergou as negociações entre militares das FAA e FALA que subscreveram, a 30 de Março, o Memorando Complementar para a cessação das hostilidades e resolução das questões pendentes nos termos do Protocolo de Lusaka.
As conversações preliminares para a assinatura do Memorando de Entendimento do Luena tiveram início a 15 de Março de 2002, na Vila de Cassamba, município dos Luchazes, na província do Moxico.
No encontro, a delegação do Governo era encabeçada pelo general Geraldo Sachipengo Nunda, chefe do Estado-Maior General Adjunto das FAA. A iniciativa cimentou ainda mais a confiança e estabeleceu uma boa relação de entendimento com os antigos companheiros de luta.
A delegação da UNITA foi liderada pelo general Samuel Chiwale, depois de uma reunião exploratória de dois dias com o general Lukamba Gato, então secretário-geral e coordenador da Comissão de Gestão, numa das bases no Moxico.
No dia 18 de Março, apesar do registo de alguns combates em diversas áreas do país, justificado pelas falhas de comunicação no terreno, Geraldo Sachipengo Nunda, por parte das FAA, e Abreu Muengo Muengo "Kamorteiro”, pelas FALA, assinaram um pré-acordo de cessar-fogo em Cassamba.
Segunda ronda de conversações
A segunda ronda de conversações começou no dia 20 de Março de 2002, na cidade do Luena. As duas partes estavam confiantes de que a paz estava alcançada, facto confirmado pela determinação e afirmação do general "Karmorteiro", que dizia: "muitos políticos usaram a mesma expressão, mas eu não sou político, sou soldado, por isso, quando falo da paz, é sério”.
Os esforços para a paz tornaram-se evidentes durante vários contactos entre as chefias militares, que culminaram com a assinatura do Acordo de Paz, testemunhado pela comunidade internacional, no dia 4 de Abril de 2002, em Luanda.
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