Opinião

O apoio americano à economia angolana

Bernardino Manje

Jornalista

África é um continente com recursos naturais que aguçam o interesse dos países de outros continentes. Em contrapartida, precisa do investimento, do know-how e avanço tecnológico das grandes potências económicas para que produza bens necessários à sua auto-suficiência.

12/05/2024  Última atualização 08H55

Conscientes do potencial de África, as grandes potências têm estado com os olhos virados para o continente berço, com a qual pretendem estreitar, cada vez mais, as relações de cooperação.

Cada um a seu jeito, mas, praticamente, todos com o mesmo objectivo, tentam apresentar o melhor que podem oferecer à África, em termos de parcerias. Isso tem sido notório sobretudo em cimeiras, onde, normalmente, são realizados fóruns económicos ou empresariais. Tem sido assim nas cimeiras que os Estados Unidos da América (EUA), União Europeia, Rússia, China ou Coreia promovem com a África.

Os EUA realizaram, na semana que ontem terminou, na cidade de Dallas, no Texas, a 16.ª Cimeira Empresarial com a África. Organizado pelo Conselho Empresarial em África (CCA), principal associação empresarial dos EUA focada à conexão de interesses empresariais entre os EUA e o continente berço, reuniu mais de 1.500 executivos dos sectores públicos e privado dos Estados Unidos e de África, incluindo Chefes de Estado, investidores internacionais, funcionários dos Governos norte-americano e africano e entidades multilaterais interessadas.

A Cimeira, na qual o Chefe de Estado angolano discursou, na abertura, na qualidade de primeiro vice-presidente da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, teve como objectivo permitir que os líderes africanos contactem, directamente, os decisores de Governos e do sector privado, com vista a impulsionar parcerias empresariais sustentáveis entre os EUA e África.

À margem do Conselho Corporativo da Cimeira, Angola e os EUA assinaram três acordos para o financiamento de projectos no Corredor do Lobito, nomeadamente para a energia limpa, conectividade de rádio e infra-estruturas de transporte. Avaliados em 1,3 mil milhões de dólares, os acordos foram rubricados no âmbito da Parceria para Infra-estruturas e Investimentos Globais (PGI) e demonstram o compromisso da Administração norte-americana em apoiar e acelerar as prioridades de investimento económico em Angola.

Nos termos do primeiro acordo, está previsto um financiamento directo de 872 milhões de dólares do Banco de Exportação-Importação dos EUA (EXIM), a maior transacção para as energias renováveis na história desta instituição.

Com o financiamento, a empresa norte-americana Sun Africa vai construir duas centrais eléctricas de energia solar, gerando mais de 500 megawatts de energia renovável para a rede nacional.

Além de contribuir no processo de electrificação, isso vai ser, sem dúvida, um grande contributo na aposta do país em produzir energia limpa, numa altura em que 74 por cento da energia produzida no país já é de fonte não dependente de combustíveis fósseis.

O segundo acordo, no valor de 450 milhões de dólares, é sobre o projecto da Ponte Acrow, que inscreve investimentos em infra-estruturas de transporte modernas, através da engenharia, aquisição e construção de 186 pontes em Angola. O projecto envolve o financiamento e apoio do EXIM, Private Export Funding Corporation e do Standard Chartered Bank.

O último acordo é destinado ao Projecto de Expansão do Sinal de Rádio FMA de Angola e Modernização de Estúdios, avaliado em 40 milhões de dólares. Apoiado pela tecnologia GatesAir, sediada em Ohio, o projecto prevê a instalação de antenas, torres e sistemas auxiliares de RF, o que vai permitir a expansão da cobertura radiofónica para 95 por cento da população angolana.

Para se ter uma ideia sobre a importância que os EUA reservam à parceria com Angola, estes projectos representam o maior pacote de financiamento da PGI em todo o mundo. Deve-se destacar, igualmente, a rapidez com que este financiamento vai ser feito.

 Segundo a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, o primeiro desembolso pode ocorrer entre 30 e 90 dias, após à assinatura do acordo.

O Presidente João Lourenço, que testemunhou a assinatura dos três acordos, destacou o facto de o homólogo norte-americano, Joe Biden, ter promovido passos efectivos na cooperação com Angola. De resto, em nosso entender, os acordos rubricados, na semana passada, em Dallas, são a demonstração do compromisso dos EUA em ajudar no desenvolvimento económico de Angola.

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