O continente africano tem sido palco de inúmeras transformações políticas. Entre estas, destaca-se a “Era dos Presidentes fardados em África”, marcada por uma série de golpes de Estado que resultam na ascensão de líderes militares ao poder.
A primeira nação negra independente, o Haiti, é hoje uma amálgama de ingovernabilidade e criminalidade urbana sem precedentes, uma realidade que lembra não apenas os efeitos da miserável colonização francesa, os anos que as sucessivas administrações americanas faziam daquele país “quintal dos Estados Unidos”, as décadas de ditaduras vividas, mas também alguma falta de solidariedade da parte da União Africana.
Se o que digo, a seguir, conduzir a uma implicatura (pragmática) de que resumo a vida do ser, sim, teremos graves problemas com os estudiosos da Comunicação.
Viver não seria morrer todos os dias por alguma causa? Não seria encostar os nossos ombros a alguma árvore? Não seria andar com os pés assentes no chão e pressagiar prosperidades advindas dos nossos esforços? Não sabemos que o prazer dispensa o medo, que certas coisas encontram o maravilhoso por serem de pouca duração, qual a vida na sua efemeridade, como nos deixou o velho Oscar Wilde?
Neste Cemitério de Futuros Adiados, a lacuna cerebral vira uma forma leviana de encarar as agruras da vida. Submeto-me a um teorema para o qual nem Pitágoras encontrou respostas mais próximas. É que o caminho não sei de onde me ensina a cultivar o instinto de dúvida face ao que transporta tamanha lucidez.
Aos poucos, querendo ou não, o homem vai perdendo a última pilha restante. Por isso, o seu motor interno é virado ao fracasso. Sabemos onde está o ponto fulcral? É no pensamento que deveríamos pensar. A gente está a viver o neoplatonismo da nossa própria preguiça. Esta morfologia do ser não é nada uma sintaxe linear, uma ordem canônica da frase.
Na vida, isto aprendi fora da escola, temos de saber ouvir a nossa alma. Há dias em que sinto a cegueira no meu ser, meus olhos são curtos e meus pés sem uma visão holística. A verdade é que eu não valho mais do que um mero objecto de uso. Tarde ou cedo, alguém me vai considerar uma peça do passado, um X a isolar no processo matemático da comemoração.
Como me nego em muitas luas o desejo de pensar, nem me importa a filosófica catequese de Foucault, pois tenho um cérebro de areia e, na primeira enxurrada, sou arrastado ao vale do esquecimento, da podridão, do não reconhecimento, tal o que sucedeu com o poeta que queria escrever uma carta ao seu amor, no desejo de contar-lhe como era dura a vida de Monangamba. Sim, falta filosofia como forma de vida, como bússola para ver o que é visível, para questionar as verdades absolutas, romper certas correntes, partir padrões obsoletos e prometer a mim mesmo o devido valor: quando um homem pensa muito pouco, ele é reduzido à sua nascença, porque até os animais ditos irracionais têm tempo para calcular os seus actos, atacar e seguir caminhos ou pistas.
Quem não aceita que neste Cemitério de Futuros Adiados se vive atrás de um amanhã que tarda e que deve ser arrancado das mãos dos celestes, pode, a partir de hoje, arrumar todas as suas coisas e voltar para onde nunca deveria ter saído.
Um corpo como o seu, que vive às custas de uma propaganda eleitoral, não serve nunca para um contexto onde são tomadas decisões sérias sobre vidas. Prazer, se não me conhece, sou aquele de quem a sua preguiça menos gosta: O Provável Tradutor de Vidas, que ainda se inicia no ofício de traduzir vidas que, aos olhos do discurso comum, não significam nada.
*Professor e Escritor
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginEm qualquer Estado moderno, com uma natureza pós-conflito, exactamente como o nosso, em condições normais e sem quaisquer exageros, os antigos combatentes e deficientes de guerra, bem como os familiares de combatentes tombados ou perecidos, deviam ser parte de um segmento especial em matéria de tratamento social.
Todos os dias, centenas de jovens africanos rumam para outras geografias, nomeadamente a Europa e América, em busca de oportunidades e condições de vida. Fogem das guerras, da vida miserável e sem futuro a que estão sujeitos nas suas próprias terras. São imigrantes africanos.
Nos útimos dias do mês de Maio, a Zona Euro registou uma inflação de cerca de 2,6%, o que representa uma aceleração comparativamente ao mês anterior que se situou nos 2,4%. Os indices têm-se apresentado estáveis e alguns especialistas realçam que pelo facto de ser a primeira variação registada em cinco meses, a conjuntura é entendida como reflexo de algumas alterações nos preços de bens e serviços na economia.
O anúncio, feito há dias pelo director de Auditoria e Inspecção da Agência Nacional de Protecção de Dados (APD), segundo o qual os cidadãos que invadirem os dados pessoais de outrem nas redes sociais vão ser responsabilizados, civil e criminalmente, de acordo com a Lei da Privacidade, peca por tardio.
O Ministério da Energia e Águas informou, hoje, que decorrerá sexta-feira, 7, na província da Huíla, em Nombungo, a cerimónia de Entrega de Certificados da Área Desminada no Traçado da Linha de Transporte de Electricidade a 400 kV Huambo - Lubango.
Um instrumento jurídico sobre o Reconhecimento Recíproco de Habilitações Literárias, Títulos e Diplomas Académicos foi assinado, esta quinta-feira, em Belgrado, entre Angola e a Sérvia, no âmbito do reforço da cooperação bilateral.
O trânsito automóvel na via de serviço da Samba, sentido Centro Cultural Paz Flor–centro da cidade, em Luanda, estará interdito, na totalidade, a partir das 10 horas de sexta-feira, 7, até às 18 horas do dia 21 deste mês.
As mudanças na lei de estrangeiros em Portugal deixaram apreensivos alguns angolanos com planos de emigrar para o território português, sobretudo porque as alterações não são claras para os cidadãos da comunidade lusófona.
O Tribunal Constitucional realiza, sábado,8, no município de Cacuaco, em Luanda, a 3.ª edição do projecto "Ondjango da Constituição", um espaço de interacção e proximidade entre os juízes e o público infanto-juvenil.