Cultura

“Olhares do Sul” tem memórias dos angolanos e portugueses

Gil Vieira

Jornalista

Um total de 50 capas de jornais produzidas em Angola, de 25 de Abril de 1974 a 25 de Abril de 1975, está patente, desde terça-feira, inseridas na exposição “Olhares do Sul”, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda.

18/04/2024  Última atualização 12H35
A mostra está enquadrada nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 e pode ser visitada até 25 de Maio © Fotografia por: vigas da purificação| EDIÇÕES NOVEMBRO

A exposição está enquadrada nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. A mesma vai poder ser visitada até 25 de Maio, acompanhando o Festival de Cinema Documental DOCLUANDA, que se realiza a partir do dia 16 de Maio.

Os jornais foram seleccionados dos títulos, A Província de Angola, actual Jornal de Angola, O Angolense, A Tribuna dos Musseques e O Comércio de Angola. A exposição é promovida pelo Departamento de Ciências da Vida (DCV), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a Embaixada de Portugal em Angola.

Segundo a antropóloga e uma das curadoras da exposição, Ana Margarida da Silva, o objectivo da mostra é informar o modo como a imprensa de Angola sentiu e interpretou os acontecimentos relacionados com a Revolução de 25 de Abril de 1974.

Ana Margarida da Silva disse que as capas abrem várias visões das vivências no momento pós-revolução e permite perceber melhor o impacto e as reacções imediatas dos angolanos e portugueses.

A antropóloga referiu que existe uma organização maior do acervo na Universidade de Coimbra e pretende-se partilhar com o Arquivo Nacional de Angola (ANA) e a Biblioteca Nacional de Angola.

De acordo com Ana Margarida da Silva, as capas dos jornais avançam cronologicamente, e mostram, nas semanas seguintes, as discussões sobre o futuro, discutem-se ideias de cidadania e da nova nação portuguesa.

Nas páginas, ressaltou, continuam a noticiar a vida nas cidades, problemas urbanísticos, sanitários, greves, acesso à educação e religião, cultura e o desporto.

Segundo a antropóloga, a exposição ia ser apresentada em Portugal, mas, decidiu-se trazê-la a Angola, por ser uma data que também marcou o território nacional.

"No fundo, o acervo é um património de ambos os países, por isso, merecem ser partilhados pelas duas nações”. Continuou, o objectivo é fazer mais estudos sobre os jornais ainda existentes.

Por outro lado, um dos curadores da exposição, Jorge Varanda, afirmou que o momento serve para melhor caracterizar o período da pós-revolução em Angola e Portugal. O propósito, disse, é compreender o surgimento de narrativas e memórias históricas acerca desse período.

Segundo o embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, a exposição é da maior importância, por conta do tratamento científico que os professores e estudantes da Universidade de Coimbra deram.

Francisco Alegre Duarte realçou que a exposição é feita em um bom momento, por, daqui a alguns dias, o Presidente da República, João Lourenço, viajar a Portugal para participar das comemorações oficiais do 25 de Abril.

"É fundamental que Portugal e Angola comemorem juntos a data, que está historicamente ligada ao 11 de Novembro de 1975, dia em que Angola se tornou independente”, enfatizou.

A comemoração da data pelos dois países, segundo o embaixador, pode ajudar a construir uma relação mais sólida entre os povos. A ocasião contou com a presença de vários cidadãos angolanos e portugueses que, na ocasião, falaram ao Jornal de Angola, da importância da actividade.

Por exemplo, Sofia de Andrade, de nacionalidade portuguesa, afirmou que a exposição "Olhares do Sul” ajuda a fortalecer o intercâmbio entre povos e culturas diferentes que estão historicamente ligados.

O angolano Joaquim Buanga, disse que a oportunidade serviu para conhecer mais, a partir dos jornais, sobre Angola, enquanto província ultramarina de Portugal.

 

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