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ONU pede fim do envio de armas para o Sudão

O Conselho de Segurança da ONU apelou aos países fornecedores para cessarem o envio de armas às partes em conflito em Darfur, Sudão, após avaliar, na segunda-feira, os últimos acontecimentos no terreno, numa altura em que o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) tenta tomar a capital de Darfur do Norte, Al Fasher.

01/05/2024  Última atualização 09H20
Conselho de Segurança trabalha no corte de meios militares à zonas críticas do Sudão © Fotografia por: DR

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, declarou, após a reunião, que dispõe de "informações credíveis” segundo as quais as FAR têm planos "iminentes” para atacar Al Fasher, a capital do Darfur do Norte e o último reduto do Exército na região, onde a população está "sitiada”.

A diplomata referiu que o Conselho de Segurança da ONU tem estado a debater o assunto com as partes envolvidas, incluindo com os Emirados Árabes Unidos, salientando que ambos os lados do conflito estão a receber armas e outros recursos para continuarem a "destruir o Sudão”.

Questionada sobre o que pode fazer aquele órgão de decisão da ONU, Thomas-Greenfield disse que este tem manifestado "preocupação”, um termo repetido noutra intervenção pelo embaixador britânico, James Kariuki, que reiterou a necessidade de uma "mensagem internacional” conjunta.

"Fizemos um forte apelo a todos os países que estão a dar apoio às partes beligerantes para que cessem esse apoio e continuaremos a exercer pressão sobre esses países”, acrescentou. Kariuki fez uma declaração mais sucinta, na qual manifestou a "preocupação” do Conselho de Segurança relativamente ao potencial escalado em Al Fasher e ao impacto na população de cerca de dois milhões de pessoas, mais meio milhão de deslocados que ali se concentram.

A população de Al Fasher "está à beira de um massacre”, advertiu Thomas-Greenfield, enquanto Kariu- ki assinalou o risco de fome devido à falta de acesso humanitário, dadas as "barreiras” colocadas por ambas as partes, que foram convocadas para regressar à mesa de negociações em Jeddah (Arábia Saudita).

Entretanto, os jovens médicos no Sudão estão a aprender Medicina através dos telemóveis. A plataforma internacional Project ECHO, que se conecta com

médicos especialistas em todo o mundo, dá conselhos rápidos e em tempo real sobre como tratar os pacientes.

O projecto ECHO empre- ga consultores especializados de todo o mundo com aqueles que necessitam dos seus conhecimentos.

O conceito é simples, mas eficaz – mover conhecimento, não pacientes. A organização sem fins lucrativos foi fundada no Novo México em 2003, pelo médico americano, Sanjeev Arora, quando uma das suas pacientes morreu de Hepatite C – simplesmente porque morava muito longe para visitar regularmente a clínica.

Aumento de pedidos de asilo em Estados da União Europeia

Os pedidos de asilo de sudaneses aos países da União Europeia quase duplicaram em resultado da guerra no país, que começou em Abril de 2023, anunciou, ontem, a Agência da União Europeia para o Asilo, citada pela Efe.

Quase 10 mil (9.900) pedidos de asilo de cidadãos sudaneses deram entrada nos 27 Estados-membros da União Europeia, desde o início da guerra no Sudão até Janeiro. No final deste mês, porém, existiam cerca de 5.900 processos pendentes em primeira instância e 3.200 decisões tomadas, tendo 72% dos pedidos de visto concedido o estatuto de refugiado ou protecção subsidiária, revelou a agência (EUAA, na sigla em inglês), que publicou, ontem, o primeiro relatório de informações sobre o país.

Durante o período em análise, que cobre os primeiros dez meses desde o início do conflito entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido (SAF e RSF, nas siglas em inglês), os pedidos mensais seguiram uma tendência ascendente, tendo atingido um pico de quase 2 mil em Outubro de 2023. Em comparação com os dez meses anteriores, entre Junho de 2022 e Março de 2023, os pedidos sudaneses mais do que duplicaram na UE.

"A guerra em curso transformou o Sudão no epicentro da maior crise de deslocações do mundo”, sublinhou a EUAA. O que começou por ser uma luta pelo poder entre dois chefes militares - o general Abdel Fattah al-Burhan, que dirige as SAF, e o general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como "Hemedti”, líder das RSF - "transformou-se no espaço de um ano numa verdadeira guerra nacional”, descreveu a EUAA, apontando grandes regiões do país, como Cartum, Darfur, Cordofão e Al Jazira como as mais afectadas.

"Ambas as partes foram acusadas de ataques indiscriminados contra civis, crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, destacou a agência num comunicado.

"O conflito teve um impacto devastador na população civil e provocou a maior crise de deslocação interna do mundo, com mais de dez milhões de pessoas deslocadas”, sublinhou agência europeia”, acrescentando que a situação é "agravada pela perspetiva de fome, que já prevalecia nalgumas partes do país, incluindo no Darfur”.

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