O continente africano tem sido palco de inúmeras transformações políticas. Entre estas, destaca-se a “Era dos Presidentes fardados em África”, marcada por uma série de golpes de Estado que resultam na ascensão de líderes militares ao poder.
A primeira nação negra independente, o Haiti, é hoje uma amálgama de ingovernabilidade e criminalidade urbana sem precedentes, uma realidade que lembra não apenas os efeitos da miserável colonização francesa, os anos que as sucessivas administrações americanas faziam daquele país “quintal dos Estados Unidos”, as décadas de ditaduras vividas, mas também alguma falta de solidariedade da parte da União Africana.
A vida do nosso tempo e contexto clama pela necessidade de profissionais que possuem qualidades humanas e técnicas capazes de agregar valores no cumprimento das suas atribuições que se resumem na CHAVE: C=Competências; H=Habilidades; A= Atitudes; V= Valores; E= Ética, bem como nos quatro pilares da educação para o século XXI propostos pela UNESCO: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Por isso, a nossa reflexão nesta edição refere-se aos princípios deontológicos necessários para a vida sócio-organizacional, no sentido de possibilitar que a prestação de serviços seja um garante na satisfação eficiente e eficaz das preocupações do público, em razão de ser a pedra angular da vida organizacional. Desta feita, apresentam-se em seguida dez princípios deontológicos necessários para a vida socio-organizacional, reflectidos na minha Obra intitulada: Ética e Deontologia na Vida Socio-profissional, cuja observância contribui para a qualidade que se pretende na prestação de serviços:
1. Ética Profissional: Para Barros (2010), é o conjunto de normas e valores que direccionam a conduta dos profissionais de uma organização, para que estes mantenham uma reputação positiva no ambiente de trabalho. Cada profissional ligado a uma organização tem o dever de observar os princípios da ética profissional, de modo a ajudar na projecção da reputação organizacional junto do seu público-alvo em particular e na sociedade em geral.
Importa salientar que a falta de ética profissional no ambiente de trabalho na actualidade tem servido como uma das causas de fracasso ou falência das organizações, na quebra de confiança nos serviços prestados e finalmente, no surgimento de conflitos nas relações interpessoais a título de exemplo. Nesta ordem de ideias, faz todo sentido defender que na formação de capacitação permanente dos profissionais, a ética seja sempre contemplada e esteja numa posição de destaque no plano estratégico.
2. Dever de Obediência: Do latim oboedir, ob= atenção e audire= escutar, o que equivale a escutar com atenção. Trata-de de uma qualidade que possui relação de proximidade com o respeito, humildade, lealdade, aceitação pelo princípio de alteridade e comprometimento com a vida socio-organizacional.
O desafio de mandar e obedecer faz parte da dialéctica da vida sem qualquer excepção do ser humano. Neste sentido, a obediência torna evidente a demonstração de que o homem é um ser de relação e dependente, propenso a cumprir e/ou obedecer sempre as ordens e regras de outrem, cuja realidade constitui a espinha dorsal da vida familiar, organizacional e social.
3. Sigilo Profissional: Do latim sigillum, significa selo ou segredo. Aquilo que garante a inviolabilidade de documento ou de seu envoltório”. (CENEVIVA, 1996, p.22)
Cada profissional na organização indepedentemente da posição que ocupa é obrigado a pautar por uma conduta ética de modo a contribuir na edificação e preservação da reputação organizacional, dada a realidade de que, o público da era contemporânea precisa de profissionais preparados para o desafio de saber ser e conviver, além de saber fazer.
Refere-se que o sigilo constitui um dever que pode ser ensinado a partir da família enquanto instituição basilar onde ocorre a socialização primária de cada indivíduo, bem como consolidado pelos demais agentes de socialização até a sua dimensão profissional na organização. A sua inobservância gera consequências graves à vida socio-profissional.
4. Integridade: Segundo o Dicionário Aurélio (1975), vem do latim integritate = qualidade de alguém portador de conduta recta, pessoa de honra, ética, educada e justa.
A integridade constitui uma qualidade ético-moral desejável para a vida social sobremaneira no processo detomada de decisão, na medida em que impulsiona o homem de modo geral e o profissional de uma organização a pautar por uma conduta proba e recta.
5. Respeito pelos direitos de outrem: Do latim respectus= atenção ou consideração. É um comportamento centrado na veneração, consideração e/ou obediência para com alguém. Possui uma dimensão vital para a convivência humana em prol da cidadania, que exige envolvência por parte de cada indivíduo e dos agentes de socialização para o bem da vida socio-profissional.
O respeito pelos direitos de outrem constitui um caminho recomendado para a consolidação do espírito de reconciliação nacional e observância dos direitos humanos em prol da cidadania.
6. Responsabilidade: Do latim, sponder = responder. É a qualidade do que é responsável ou obrigação de responder por actos próprios ou alheios ou ainda por uma coisa confiada. É a obrigação moral que um sujeito tem pelos possíveis erros cometidos perante uma determinada situação. É necessário que as organizações se preocupem em moldar a consciência dos seus profissionais para o espírito de responsabilidade em prol da vida socio-profissional.
7. Cultura Axiológica: É a obrigação moral que tem um cidadão e/ou profissional de uma organização na adopção de conduta pautada em, nos e para os valores desejáveis à dinâmica da vida social e organizacional.
Tal como se constata, os valores traduzem-se como a base e o sustentáculo da ética e educação que se desejam para o homem da era da globalização, com carácter de urgência. A consciência ética torna o homem, em ser promotor e preservador de valores para o bem da cidadania.
8. Disciplina: A disciplina, constitui um dever moral e deontológico que impulsiona o homem a fazer o que tem por fazer com o sentido de missão, resiliência e comprometimento para o alcance das suas tarefas, bem como estar submisso ao cumprimento das normas que regem a vida socio-organizacional. A sua observância é útil e necessária para a vida social.
9. Lealdade: Do latim legalis = lei. Refere-se a um valor humano relacionado a capacidade de uma pessoa ser confiável, manter a rectidão moral, honestidade e honrar compromissos. É um valor que precisa de ser resgatado com a comparticipação de todos para o bem da vida socio-profissional.
10. Comprometimento: É uma força que direcciona o comportamento de um indivíduo a efectuar um conjunto de acções relevantes para atingir um determinado objectivo na vida em geral e na organização em particular. (SHAHNAWAZ; JUYAL, 2006)
*Docente universitário, palestrante e escritor
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LoginEm qualquer Estado moderno, com uma natureza pós-conflito, exactamente como o nosso, em condições normais e sem quaisquer exageros, os antigos combatentes e deficientes de guerra, bem como os familiares de combatentes tombados ou perecidos, deviam ser parte de um segmento especial em matéria de tratamento social.
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