Política

País propõe o reforço da cooperação regional

Paulo Caculo

Jornalista

O representante permanente de Angola junto da União Africana (UA) e embaixador na Etiópia, Miguel Bembe, defendeu, sexta-feira, em Gaborone, Botswana, o reforço da cooperação regional no seio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

31/08/2024  Última atualização 09H40
Embaixador na Etiópia (2º à direita) interveio na reunião realizada ontem, em Gaberone © Fotografia por: DR
O diplomata angolano, que falava durante a reunião consultiva inaugural entre o Conselho de Paz e Segurança da União Africana e o órgão da SADC, referiu que os Estados-membros devem continuar a promover um espírito de solidariedade e de responsabilidade partilhada, de modo a garantir que as ameaças transnacionais, como o terrorismo e o extremismo violento, sejam enfrentadas com uma frente unida.

"São cruciais os exercícios conjuntos regulares, a partilha de informações e o estabelecimento de mecanismos de coordenação mais sólidos entre os Estados-membros”, defendeu Miguel Bembe, sublinhando que as futuras operações de luta contra o terrorismo devem continuar a integrar esforços militares, políticos, humanitários e de desenvolvimento.

"Esta estratégia multidimensional, não só aborda as ameaças imediatas à segurança, mas também as questões sócio-económicas e de governação subjacentes, que contribuem para o aumento do extremismo”, acrescentou o diplomata, para quem é crucial envolver, activamente, as comunidades locais, para a garantia do sucesso a longo prazo dos esforços antiterroristas.

As futuras operações dos Estados-membros da SADC, prosseguiu Miguel Bembe, devem dar prioridade ao envolvimento da comunidade em iniciativas de construção da paz e garantir que os líderes locais e a sociedade civil sejam parceiras integrais nestes esforços.

O embaixador referiu, ainda, que a eficácia a longo prazo das operações antiterroristas depende de um financiamento sustentável e da mobilização de recursos, tendo considerado importante "explorar parcerias com doadores internacionais e instituições financeiras para garantir que as futuras missões sejam dotadas de recursos adequados”.

A transição de uma intervenção militar para uma paz sustentável, continuou o diplomata angolano, exige uma forte concentração no desenvolvimento de capacidades.

"As futuras missões devem dar prioridade à capacitação das forças de segurança e das estruturas de governação locais, assegurando que a apropriação local dos processos de segurança e desenvolvimento seja firmemente estabelecida”, disse.

Miguel Bembe adiantou, ainda, que à medida que se continua a combater o terrorismo e o extremismo violento em África, as lições da experiência da Missão da SADC em Moçambique (SAMIM), concretamente na região de Cabo Delgado, dão uma perspectiva valiosa.

O embaixador considerou imperativo aproveitar as lições, reforçando o compromisso de Angola com a cooperação regional e adoptando uma abordagem abrangente, que aborde tanto os sintomas como as causas profundas do terrorismo. "Juntos podemos aumentar a nossa capacidade de combater eficazmente estas ameaças e garantir a estabilidade a longo prazo na nossa região”, assegurou.

Comunidades Económicas Regionais

A reunião consultiva inaugural entre o Conselho de Paz e Segurança da União Africana e o órgão da SADC, de acordo com Miguel Bembe, é um testemunho de que o Conselho de Paz e Segurança (CPS) atribui grande importância e respeito à contribuição das Comunidades Económicas Regionais (CERs/MRs) para a paz e a segurança em África, tanto como pilares integrais da Arquitectura Africana de Paz e Segurança (APSA), quanto como blocos fundamentais da integração continental.

"Na qualidade de CPS, consideramos este compromisso conjunto como uma oportunidade única para não só nos inteirarmos da arquitectura de paz e segurança da SADC e do seu funcionamento, mas, também, para tirarmos lições das experiências da Missão da SADC em Moçambique, em Cabo Delgado, na luta e no combate ao terrorismo e ao extremismo violento”, argumentou.

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