Ontem, durante a intervenção na Cimeira Extraordinária da SADC, presidida pelo Chefe de Estado João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da organização regional, no formato digital, o estadista angolano mostrou-se preocupado com os efeitos das alterações climáticas registadas em alguns países da região meridional de África, causados pelo fenómeno El Ninho.
Caiu o pano da 37.ª Sessão Ordinária da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, em que Angola esteve representada pelo Presidente da República, João Lourenço, cuja agenda política e diplomática foi predominada pelo actual contexto de instabilidade regional, com o recrudescimento das acções militares no Leste da República Democrática do Congo (RDC).
E relativamente ao assunto, na sua intervenção, o Chefe de Estado recordou que "durante o ano de 2023, realizámos duas Mini-Cimeiras com o objectivo de harmonizar e assegurar a coordenação regular dos processos de Luanda, Nairobi e reforçar a necessidade de se implementar o Plano de Acção Conjunto sobre a Resolução da Crise de Segurança na região Leste da RDC, para atenuar o clima de tensão e normalizar as relações político-diplomáticas entre a RDC e o Rwanda”.
O Roteiro de Luanda e a iniciativa de Nairobi são dois instrumentos fundamentais por via dos quais se deverá resolver a crise na RDC, que envolve o Governo e as milícias do M23, uma realidade que começa a ter contornos inter-estadual, de acordo com os últimos desenvolvimentos.
Queremos acreditar que as audiências separadas, que concedeu, ainda em Adis Abeba, aos homólogos do Rwanda e da RDC, o Presidente João Lourenço terá exortado a Félix Tshisekedi e Paul Kagame a diminuirem o actual clima de tensão que afecta os laços entre os dois últimos, incluindo os respectivos Governos.
África já tem inúmeros desafios, tal como sublinhou o presidente da Comissão Executiva da União Africana, o diplomata chadiano, Mousa Faki Mahamat, e não faz sentido que dois países vizinhos, com problemas de rebeliões armadas internas, passem para a confrontação militar directa.
Em tempos, o Presidente Tshisekedi, em campanha para a reeleição, tinha prometido uma declaração de guerra contra o Rwanda, o Chefe de Estado daquele último em declarações públicas, afirmou que "se iriam defender como se não tivessem nada a perder” e, recentemente, as autoridades congolesas acusam o Rwanda de atacar o aeroporto de Goma, capital da província congolesa do Kivu Norte.
A diplomacia africana em geral e a angolana, em particular, fruto das responsabilidades acrescidas que tem quando se trata do conflito na RDC, devem envidar esforços gigantescos para que o actual estado de coisas não evolua para um ambiente de conflitualidade entre os dois países.
Esperemos que prevaleça a inclinação para o diálogo, concertação e resolução pacífica dos problemas africanos com base na premissa segundo a qual "para os problemas africanos, soluções africanas”.
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