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Paz na Europa ameaçada por uma derrota de Kiev

O alto representante para os Negócios Estrangeiros, Política e Segurança da União Europeia, Josep Borrell, admitiu, na Conferência Internacional “Quo Vadis Europa”, em Espanha, que a União é "parte do conflito na Ucrânia, embora não seja parte da acção militar", realçando que uma derrota de Kiev “afectará a paz e geopolítica da Europa”.

25/08/2024  Última atualização 14H16
Josep Borrell alerta para a transformação da geopolítica com desfecho negativo da guerra © Fotografia por: DR

"O que acontece na Ucrânia determinará o futuro geopolítico da Europa. Devemos pensar sobre a Ucrânia, como nos tornamos participantes no jogo. Não somos parte da guerra, mas fazemos parte do conflito, e como este conflito é resolvido afectará a paz e a nossa segurança", afirmou Borrell.

Tendo como pano de fundo o ataque das Forças Armadas da Ucrânia à região de Kursk, Borrell voltou a defender que o levantamento da proibição dos ataques de Kiev com armas ocidentais em território russo poderia, supostamente, "contribuir para os esforços pacificadores".

O chefe da diplomacia europeia prometeu discutir, na próxima semana, com os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da União Europeia, o aumento do apoio à Ucrânia. Borrell caracterizou uma redução da ajuda da Alemanha à Ucrânia como "muito preocupante" e "uma má notícia, revela a imprensa brasileira.

"Em termos absolutos, a Alemanha está a fazer um enorme esforço" para ajudar a Ucrânia a responder à invasão russa, que se iniciou em Fevereiro de 2002, segundo Borrell, que, na quarta-feira, encerrou o curso "Quo Vadis Europa XII. A Europa entre guerras e eleições", na Universidade Internacional Menéndez Pelayo (UIMP), na cidade espanhola de Santander.

"Uma redução da ajuda de Berlim será muito preocupante e são más notícias", resumiu o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. No entanto, o chanceler alemão, Olaf Scholz, garantiu, na segunda-feira, que a Alemanha "é e continuará a ser o principal apoiante de Kiev na no quadro da União, apesar dos cortes orçamentais previstos para 2025”.

Segundo maior contribuinte para o esforço de guerra ucraniano, a seguir aos Estados Unidos, o Governo alemão enfrenta cortes orçamentais num contexto de braço-de-ferro entre os três partidos da coligação e decidiu reduzir para metade, no próximo ano, o montante que disponibilizará para ajuda militar bilateral a Kiev.

Vários órgãos de comunicação social alemães noticiaram que o Governo, sob pressão do Ministério das Finanças, excluía qualquer apoio orçamental adicional a Kiev, além do já definido, o que suscitou ferozes críticas até do partido social-democrata do chanceler.

"Com o crédito no valor de 50 mil milhões de euros que estamos a criar com o G7 [grupo das sete maiores economias do mundo] (...) e tal permitirá à Ucrânia adquirir armas em grandes quantidades", escreveu Scholz na rede social X (antigo Twitter).

Nesse sentido, Borrell afirmou o receio sobre a possibilidade de a Ucrânia passar "muito mal" durante o próximo inverno devido ao frio e ao facto de a Rússia ter destruído "praticamente 70 por cento" dos seus sistemas de produção de electricidade, ao mesmo tempo que defende que não se deve falar de ameaças nucleares.

 
Estados Unidos garantem novo pacote de ajuda
 
Os Estados Unidos da América vão entregar à Ucrânia um novo pacote de ajuda militar, incluindo mísseis anti-aéreos, anunciou, na sexta-feira, o Presidente Joe Biden, após falar ao telefone com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Apesar da invasão russa, escreveu o Presidente norte-americano, em comunicado, a Ucrânia "ainda é um país livre e a guerra terminará com uma Ucrânia livre, soberana e independente", vincou, na véspera do Dia da Independência da Ucrânia.

"Este novo pacote inclui, além de mísseis anti-aéreos para proteger as infra-estruturas críticas da Ucrânia, equipamento anti-drones e mísseis anti-blindados para combater as novas tácticas russas no campo de batalha, e munições", avançou Biden, sem revelar o valor da ajuda.

O seu Governo anunciou uma série de novas sanções contra 400 entidades e indivíduos na Rússia, Bielorrússia e outros países, incluindo cerca de 60 empresas de tecnologia de defesa, cujos "produtos e serviços permitem à Rússia manter o esforço de guerra" na Ucrânia.

Desde o início da guerra, Washington tem sido o principal apoiante de Kiev, com um total de 55 mil milhões de dólares em ajuda militar e de segurança fornecidos até à data.

"A Rússia não irá prevalecer neste conflito. O povo ucraniano independente prevalecerá e os Estados Unidos da América, com os seus aliados e parceiros, continuarão firmes ao seu lado", concluiu Joe Biden.

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