Sociedade

“Produzir tomate abriu as portas para o sucesso na agricultura”

Justino Victorino / Huambo

Jornalista

A produção do tomate em grande escala, no município do Bailundo, permitiu ao jovem empreendedor Dinis José Máquina afirmar-se no mundo da agricultura, na fazenda “Agro-Mikiss”.

30/04/2024  Última atualização 09H54
© Fotografia por: Joaquim Armando| Edições Novembro

O também estudante do 3º Ano do curso de Agronomia, na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos (UJES), na Chianga, no Huambo, é proprietário de uma fazenda, cuja linhagem principal é a produção de tomate em grandes quantidades, que é vendido em grandes superfícies comerciais dentro e fora da província.

Com uma média de produção de 80 toneladas de tomate por ano, Dinis José Máquina abastece cereais em várias superfícies comerciais de dentro e fora da província do Huambo e nos próximos tempos pretende ampliar a zona de cultivo.

O fascínio que tem em trabalhar no campo é, para si, uma "paixão sem explicação”, que lhe veio desde tenra idade, daí decidiu, por incentivo da família e amigos, abraçar a actividade da agricultura no município do Bailundo, província do Huambo, e elegeu a produção de tomate como o seu forte.

O jovem empreendedor do campo, falando ao Jornal de Angola, explicou que, a fazenda "Agro-Mikiss” foi projectada com as primeiras vendas de tomate. No passado, trabalhava num terreno de dois hectares e meio arrendado, porque, na altura, o dono não queria vendê-lo, onde já colhia mais de oitenta toneladas desta hortícola por ano, o que lhe deu força para continuar naquele espaço.

A boa produção de tomate levou-o a insistir com o dono do terreno na sua venda  do espaço. Conseguiu convencê-lo a despachar o espaço, passando hoje para 65 hectares de área total.

Neste momento, estão a ser explorados apenas 30 hectares, estando 6 para a produção de tomate e o restante, com diversos hortícolas nomeadamente, o repolho, quiabo, couve, cebola, beringela, bróculos, alface, pepino, alho, pimento e outras culturas como, milho, feijão batata rena, doce, soja, trigo e citrinos, onde a caixa de tomate começou a ser comercializada a 23 mil kwanzas.

 
Abertura do mercado

O jovem empreendedor Dinis José Máquina revelou que, a sua fazenda fornece ao Supermercado Shoprite 300 a 400 quilos de tomate por semana, além de outros clientes particulares que, também tem contratos com alguns supermercados em Luanda, fazendo chegar o seu produto  aos supermercado Alimenta Angola e Kibabo.

Além de abastecer o mercado local como, a praça da Quissala, vulgo Alemanha, o mercado municipal do Huambo e da cidade Alta, bem como outras províncias vizinhas, com realce para Benguela, Huíla e Cuando Cubango.

"Ainda sinto que, o que é produzido na fazenda Agro-Mikiss, não é suficiente para abastecer e satisfazer as necessidades de todos os clientes. Queremos produzir mais, para abranger os demais mercados”, revelou.

O jovem empreendedor, quer  crescer para ganhar alguma visibilidade no mercado interno e ter abertura para a exportação.

Dinis José Máquina justificou que a procura do seu produto é tanta, sobretudo daquelas pessoas que precisam de vender o tomate, por ser um produto que apesar de caro é fácil de produzir lucro.

"Temos muitos clientes que solicitam o produto, daí, existir necessidade de se aumentar a  produtividade de certos produtos na fazenda, com base nos pedidos dos compradores da casa”, disse.  

O homem ligado ao campo, sublinhou que o sucesso do negócio depende não só da experiência e da capacitação produtiva, mas também da busca de informações e orientações sobre a comercialização dos produtos.

Para o produtor, é importante identificar os problemas e oportunidades ligadas ao sector rural e transformá-los em soluções benéficas, para o crescimento sustentável do negócio.

"O empreendedor rural pode oferecer serviços, vender produtos, prestar consultoria, proporcionar empregos, criar aplicativos ou software de auxílio à lavoura”. 


Acesso às políticas

Revelou que para empreender é importante planear. No campo não é diferente. O passo mais importante é a elaboração de um plano de negócios, que vai direccionar o jovem e ajudá-lo a vencer os desafios da zona rural.  

 Nesse processo, segundo o jovem empreendedor, o melhor regime de formalização é seguir a legislação exigida para cada cadeia produtiva e as respectivas vantagens.

Dinis José Máquina disse que, actualmente é possível ter acesso a políticas de crédito, de comercialização, de acesso à terra, financiamento, apesar de que ainda não ter acesso a nenhum crédito.

 
Motivação

O que motivou o jovem agricultor a apostar no agronegócio, é a vontade de contribuir na produção nacional e diminuir as importações dos produtos alimentares, como é o caso da fuba de milho, a farinha de trigo, massa alimentar e outros.

"Aqui também podemos produzir o suficiente, basta haver boas políticas de apoio da banca, para diversificar a economia, combater as importações e minimizar a fome e a pobreza”.   

Perfil

Nome: Dinis José Cordeiro Máquina

Idade: 38 anos   

Naturalidade: Huambo

Estado Civil: Solteiro  

Filhos: Quatro

Morada: Cidade do Huambo 

Ocupação:  Agricultor e estudante universitário

Formação: 3º Ano do curso de Agronomia, na Faculdade de Ciências Agrárias (FCA)

Sente-se realizado?: "Não, tenho ainda muitas metas para alcançar na vida”

Tem carro próprio: Sim

Casa:Tenho

Vício:Trabalhar, trabalhar…

Gostos: Leitura

Comida:Churrasco com batatas fritas e legumes

Boa companhia: Estar com a família

Bebida: Água e sumos, de preferência naturais

Sonho: Crescer cada vez mais, para atingir outros patamares

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Sociedade