Política

Relação Angola - China observa transição para o nível mais alto

Paulo Caculo

Jornalista

As relações de cooperação entre Angola e a China atravessam, actualmente, um período de transição para um nível mais alto de qualidade, processo relevante que vai contribuir para a diversificação e sustentabilidade da economia angolana, destacou, sexta-feira, em Luanda, o embaixador chinês Zhang Bin.

10/08/2024  Última atualização 08H35
Diplomata chinês destacou no discurso de abertura as relações existentes entre os países © Fotografia por: Raimundo Mbiya | Edições Novembro
Ao discursar na abertura do seminário subordinado ao tem "Angola-China: parceria sincera, amistosa e sustentável”, afirmou que os intercâmbios interpessoais têm sido como um adesivo, que liga os povos da China e de Angola, injectando uma forte vitalidade e impulso à cooperação entre os dois países alcançando resultados tangíveis e desempenhando um papel importante na promoção do desenvolvimento socioeconómico e na melhoria do bem-estar do povo angolano.

Zhang Bin afirmou que a cooperação entre Angola e a China é pragmática e encontra-se num período muito importante de transição, destacando o papel fulcral que desempenharam os recentes acordos assinados entre os dois Estados.

A iniciativa de realização do seminário, em parceria com o Conselho Nacional da Sociedade Civil, disse o embaixador, visou rever a história do desenvolvimento das relações de cooperação dos dois países, bem como as suas realizações.

"O tema deste evento tem três palavras-chave, nomeadamente sincera, amistosa e sustentável, o que coincide com a política chinesa para a África, com o princípio da sinceridade, resultados reais, amizade e boa-fé”, esclareceu, justificando a escolha do tema do seminário.

O diplomata chinês referiu, ainda, que a China e Angola se têm tratado com sinceridade, de modo a que as raízes da confiança política mútua entre os dois países se tornem cada vez mais profundas, apoiando-se e compreendendo-se utuamente, na escolha independente do caminho de desenvolvimento, conforme as próprias condições nacionais, e nas questões relacionadas com os respectivos interesses e preocupações fundamentais.

Painéis de debate

Dois temas animaram o debate do seminário, que decorreu no Memorial Antonio Agostinho Neto,  moderado pelo director do Gabinete de Estudos  e Análises Estratégicas do MIREX, Matias Pires, tendo a responsabilidade de dissertar sobre o assunto o deputado Mário Pinto de Andrade, que abordou sobre a "comunidade chinesa em Angola, desenvolvimento e contribuições”, e a ministra conselheira da Embaixada da China, Chen Feng, que dissertou sobre a "conotação e êxitos da parceria estratégica global China-Angola”. 

Para o deputado angolano, o seminário traduziu-se num exercício muito importante, premiando o facto de ter ficado vincado que se vai replicar o evento para as outras províncias do país.

"Não podemos esquecer o apoio que a China deu à nossa luta de Libertação Nacional contra o colonialismo”, sublinhou Mário Pinto de Andrade, ressaltando que o "gigante asiático” foi um parceiro estratégico durante a luta dos movimentos de libertação nacional e depois da Independência de Angola.

Os angolanos, prosseguiu o deputado, devem lembrar, também, das relações diplomáticas estabelecidas pelo Governo do Presidente Agostinho Neto com o da República Popular da China, aprofundadas no mandato de 38 anos do Presidente José Eduardo dos Santos e, agora, intensificadas no Governo do Presidente João Lourenço.

"Os angolanos nunca poderão esquecer, também, que, há 22 anos, quando acabou a guerra, o mundo Ocidental nos virou as costas e como precisávamos de um plano para reconstruir o nosso país fomos a uma Conferência de doadores de Bruxelas, na Bélgica, e o Ocidente prometeu ‘mundos e fundos’, mas não cumpriu”, acrescentou, para explicar, a seguir, que, nessa altura, o Governo angolano encontrou na República Popular da China o seu melhor amigo.

"E os amigos vêem-se nas horas de aflição”, observou. 

Ao debruçar-se sobre os êxitos da parceria estratégica global China-África, a ministra conselheira da Embaixada chinesa ressaltou o facto de actualmente, entre os 183 países com os quais a China estabeleceu relações diplomáticas, quase 100 países utilizarem o termo parceria nas relações bilaterais.

"As parcerias da China podem ser classificadas em cinco categorias, das quais a parceria estratégica global está na vanguarda, o que demostra o nível actual das relações China-Angola, e entre as relações da China com o resto do mundo, bem como a proximidade das relações políticas bilaterais e os intercâmbios e cooperação em vários domínios”, disse Chen Feng.

Em relação a Angola, a ministra conselheira destacou o facto de o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente João Lourenço terem anunciado a elevação das relações entre os países para uma parceria de cooperação estratégica global, traçando o rumo para aprofundá-las e solidificá-las ainda mais.

O adicionamento da palavra global, referiu a diplomata, implica que a parceria abrange uma gama mais vasta de domínios, incluindo a política, o comércio e a economia, a segurança, as ciências humanas e os assuntos internacionais e regionais.

O seminário contou com a participação de académicos, representantes de associações da sociedade civil, entidades religiosas e partidos políticos.

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