Política

“Relação de Portugal e Angola é de todas as horas”

Paulo Caculo

Jornalista

Angola e Portugal sempre estiveram juntos, nos bons e maus momentos, e vão continuar assim, garantiu, terça-feira, em Luanda, o Presidente da República, João Lourenço, à margem da visita oficial do Primeiro-Ministro português ao país.

24/07/2024  Última atualização 08H04
Presidente da República referiu que os países desenvolveram uma relação de cooperação que abrange todos os domínios © Fotografia por: Contreiras Pipa | Edições Novembro
João Lourenço afirmou que a relação entre Angola e Portugal se estabelece entre os Estados e nunca entre partidos políticos, enfatizando que quem tem a responsabilidade de definir que partido político deve governar os países são os respectivos povos, enquanto eleitores.

"Nos bons e maus momentos estivemos sempre juntos, apoiamo-nos mutuamente, nos bons momentos de Angola, nos maus momentos de Angola, nos bons momentos de Portugal, mas também nos maus momentos de Portugal. É assim que a nossa relação vai continuar”, afirmou o Presidente da República.

O Chefe de Estado referiu, ainda, que, com Portugal, o país desenvolveu uma relação de cooperação que abrange praticamente todos os domínios de ambas as economias, sublinhando que houve um período em que os países privilegiavam, sobretudo, o investimento público, tendo, no caso de Angola, sido coberto pela linha de crédito de Portugal, que permitia às empresas portuguesas realizarem empreitadas em território angolano.

"Estamos numa economia de mercado e o maior espaço deve ser dado ao sector privado. Gostaríamos de ver implementado o interesse dos nossos investidores privados em investir em cada um dos nossos países”, acrescentou o Chefe de Estado, para quem, na relação entre os países, existe, ainda, um espectro muito grande de oportunidades de negócios por explorar.

O esforço comum de Angola e Portugal em procurar novas áreas de cooperação, prosseguiu João Lourenço, pode ser uma acção constante para que se possa tirar o maior proveito possível das potencialidades existentes nos dois países.

O Presidente da República disse, ainda, que a presença em Angola de Luís Montenegro, cerca de três meses depois do encontro em Lisboa, é prova de um "inequívoco sinal do dinamismo, vigor e grande interesse mútuo que está na base da intensa cooperação” que se desenvolve entre ambos os países e "que se processa de forma transversal, abrangendo praticamente todos os sectores da vida nacional” de Angola e Portugal.

Programa Estratégico de Cooperação

João Lourenço recordou o facto de os países terem assinado, no ano passado, em Luanda, o Programa Estratégico de Cooperação (PEC) 2023-2027, que abarca áreas sensíveis, como a Educação, a Saúde, a Justiça, a Segurança e a Agricultura, congratulando-se com o facto de estar a funcionar correctamente, augurando, relativamente aos outros sectores, que também dele fazem parte, se promovessem iniciativas capazes de activar a implementação com a mesma eficiência que se verifica nos demais.

"Os nossos países têm realizado um vasto leque de acções de cooperação em muitos domínios, mas penso que ainda há espaço noutros, sobretudo ao nível da juventude, em que a República de Angola estabeleceu prioridades que pretende atender e resolver com o apoio de Portugal, realçando, neste capítulo, a formação técnico-profissional em ramos que são fundamentais para o funcionamento da economia angolana”, frisou.

A cooperação com Portugal, reiterou o Chefe de Estado, tem o claro objectivo de favorecer a melhoria das condições de vida de ambos os povos, defendendo, neste capítulo, a importância de se reconhecer que o balanço do esforço comum é positivo, "mesmo que subsista a percepção de que é possível fazer muito mais e às vezes mais depressa, para concluirmos projectos e obras em prazos que atendam as preocupações sobre o desenvolvimento dos destinatários da nossa acção”, que são sempre as pessoas e as economias dos países.

As relações entre o povo angolano e o português, continuou o Presidente da República, envolvem também o lado afectivo e fraterno, "com os quais temos de procurar lidar sempre com muita sensibilidade”, apelando à construção, no plano bilateral, de canais mais abertos e fluidos, que facilitem e promovam cada vez mais o intercâmbio entre os povos e nações.

Ao abordar as questões internacionais, João Lourenço defendeu uma visão realista e pragmática sobre os caminhos a seguir, para que se consiga pôr cobro aos conflitos no Leste da República Democrática do Congo, no Sudão e em outras regiões do continente africano, sublinhando a guerra na Ucrânia e o conflito no Médio Oriente, cuja violência e intensidade "vêm recrudescendo a uma escala regional, pressagiando uma deflagração de grandes proporções, cujas consequências todos tememos”.

Montenegro esclarece política de imigração

Durante a interacção com os jornalistas, o Primeiro-Ministro português esclareceu que a política de imigração em Portugal sofreu alterações, decorrentes de decisões do Governo do país.

"Mas, é consabido e aqui reafirmo e reitero, no que concerne aos chamados vistos CPLP, não houve nenhuma alteração restritiva, relativamente a essa matéria. O que há é uma intervenção com interesses prioritários. Em primeiro lugar, agilizar procedimentos e reforçar os recursos humanos dos postos consulares, aumentar a capacidade de resposta e rapidez, proporcionar por isso um serviço melhor e, também mais transparente, e combater um fenómeno que tem sido altamente prejudicial a muitas pessoas, que é o açambarcamento de vagas junto dos postos consulares”, disse.

Luís Montenegro recordou que Angola foi o segundo país que mais vistos da CPLP requereu e que de todos aqueles que foram requeridos, a taxa de aprovação é de 89 por cento.

"Daremos a resposta mais rapidamente possível e com uma filosofia de cada vez adequar instrumentos que regulam os nossos fluxos migratórios, com a dignificação das pessoas, com a dignidade com que elas são tratadas, quer para obtenção dos vistos quer para as actividades que procuram”, destacou.

 

 

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