Opinião

Resolução do conflito no Leste da República Democrática do Congo

O Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA) discutiu, segunda-feira, o papel da mediação e da reconciliação na resolução do conflito no Leste da República Democrática do Congo (RDC), com foco nos Processos de Nairobi e de Luanda — iniciativas regionais de paz sob os auspícios da Comunidade da África Oriental (EAC) e da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), respectivamente.

16/07/2024  Última atualização 10H50
Sabemos que na última vez que o CPS se reuniu sobre a situação no Leste da RDC, na sua 1203ª Sessão, destacou-se a importância dos esforços diplomáticos incorporados nos processos de Nairobi e Luanda, procedimentos que fazem parte das iniciativas regionais em curso sob os auspícios da EAC e da CIRGL.

E é preciso que a União Africana acompanhe de perto, seja regularmente informada e que, ao seu nível, actue para que as diligências com base nos processos de Luanda e Nairobi sejam bem-sucedidas.

Atendendo à persistência dos combates envolvendo o M23 e o facto de as iniciativas de Nairobi e de Luanda estarem numa situação de impasse, urge resgatar o espírito e letra dos referidos compromissos e dinamizar o empenho pessoal das lideranças directamente engajadas, nomeadamente o Presidente João Lourenço e o homólogo do Quénia, William Ruto.

Obviamente que Angola e o Quénia não possuem varinhas mágicas para resolver um conflito que, na sua essência, é quase secular e que, mais do que as soluções exógenas, carece de uma solução eminentemente local.

Reiteradas vezes, o Presidente João Lourenço tem feito constar que quaisquer que venham a ser as iniciativas de paz por via da mediação, o diálogo e concertação, deverá existir, sempre, disponibilidade para o desfecho político que mobilize os entes directamente em conflito.

Embora seja compreensível o posicionamento até então demonstrado pelas autoridades congolesas em rejeitar o diálogo com os elementos do M23, vale lembrar que a paz se faz entre os inimigos e que deve haver alguma disponibilidade para engajar o referido grupo, independentemente das experiências passadas mal-sucedidas.

Nesta altura, o importante é salvar os processos de Luanda a Nairobi, na medida em que se apresentam como as únicas plataformas aceites por todas as partes para resolver o problema na RDC e impedir que a sua eventual paralisação piore o quadro existente.

Esperemos que o "briefing” que foi dado a conhecer ontem ao CPS contenha elementos encorajadores para a continuação do processo de mediação que leve as partes a recuar na via armada como forma de lidar com a situação política, militar, étnica e regional no Leste da RDC. 

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Opinião