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Sede municipal completa 90 anos: Munícipes do Nzeto destacam melhoria da imagem da vila

Jaquelino Figueiredo | Mbanza Kongo

Jornalista

O administrador apontou o crescimento em infra-estruturas escolares, hospitalares e pesqueiras, bem como a distribuição de água potável e a ligação da rede eléctrica nacional

23/06/2024  Última atualização 09H10
Asfaltagem das principais ruas da vila no quadro dos projectos financiados pelo PIIM incluiu também a colocação de passeios e de iluminação pública © Fotografia por: Garcia Mayatoko | Edições Novembro

A sede do Nzeto, um dos seis municípios da província do Zaire, completa, hoje, 90 anos, desde que foi elevada à categoria de vila, a 23 de Junho de 1934.

Para a celebração da data, estão em curso diversas actividades, com destaque para uma corrida de ciclismo, feiras de produtos agrícolas e de gastronomia local.

Um fórum sobre as potencialidades turísticas do município marcou igualmente as comemorações.

Ouvidos pelo Jornal de Angola, alguns munícipes falam das melhorias que vila registou, sobretudo na asfaltagem das ruas, o que mudou a imagem da localidade.

Sanda Paulo, 20 anos de idade, estudante da 11ª classe do Magistério ADPP no Nzeto, disse que, todos os anos, a vila regista mais desenvolvimento.

"Não havia ruas asfaltadas, só tínhamos essa principal, mas, nos últimos anos, muitas outras foram asfaltadas, com passeios e iluminação pública”, reconheceu.

Quanto à água, disse que há bairros que não beneficiam do precioso líquido a partir da rede pública, como o seu bairro, onde os moradores compram a partir de camiões cisterna.

 
Avanços no domínio da Saúde

Sanda Paulo reconheceu ter havido avanços no domínio da Saúde, após a construção de um novo hospital municipal no bairro Kitana, que assegura a assistência médica e medicamentosa aos munícipes.

"Para os demais jovens, apostem na formação, tanto académica, como técnico-profissional, porque, uma vez formados, poderemos assegurar o nosso município em vários domínios, incluindo como administrador municipal. Só assim poderemos fazer parte do crescimento do Nzeto”, aconselhou.

Kulina Sebastião Nzinga, 33 anos, vendedora de pão numa das ruas do Nzeto, indicou que a vila mudou muito nos últimos anos.

"Temos várias vias asfaltadas e iluminadas, com passeios, o que veio conferir uma nova imagem”, disse, mas mostrando preocupação em relação à falta de emprego.

"Deve haver investimentos para se criar novos postos de trabalho para os jovens, para que não abandonem a vila, em busca de melhores oportunidades”, apelou.

O entrevistado reconheceu, contudo, haver grandes mudanças na questão da asfaltagem das ruas, construção de escolas, unidades sanitárias e postos de distribuição de água potável.

 
Problema do desemprego

Para Gonçalves Dias Timóteo, 28 anos, desempregado, a falta de emprego tem sido o grande problema para os jovens. "Desde que terminei, há sete anos, não consigo emprego. De facto, muita coisa melhorou, mas a falta de emprego impede-nos de participar no processo de desenvolvimento do Nzeto”, lamentou.

A enfermeira do Hospital 11 de Novembro Yara Kavava, 27 anos, moradora do bairro 1º de Maio, disse que a vila do Nzeto conhece um desenvolvimento em vários aspectos, com destaque para a asfaltagem das vias secundárias e terciárias, passeios e iluminação pública, bem como a distribuição de água potável.

"Sou de Benguela, estou cá há cerca de quatro anos. Neste período, houve mudanças significativas quanto à imagem da vila, como a asfaltagem das ruas e passeios, iluminação pública, distribuição de água. Nota-se mais a presença de visitantes”, disse.

 
Há muito ainda por se fazer

O administrador municipal, Ketuzaioko Domingos Gomes Pinda, reconheceu que, apesar dos avanços, há ainda por muito por fazer.

Contudo, ressaltou o crescimento em infra-estruturas escolares, hospitalares, pesqueiras, distribuição de água potável e a ligação da rede eléctrica nacional.

"No passado, levava-se muitas horas de Luanda para cá e um ou dois dias de Mbanza Kongo para o Nzeto. Hoje, viajar do Centro de Luanda para o Nzeto, não se leva mais de duas horas e meia ou três. Isto é uma prova de que o município observou um desenvolvimento substancial no que à rede viária diz respeito. A energia eléctrica era muito deficitária, hoje temos energia 24/24. Não ter energia no Nzeto é o que é anormal. Estradas e energia são dois elementos fundamentais para a captação de investimentos”, avançou.

Além da Estrada Nacional 100, disse, a vila viu, também, a malha viária interna asfaltada, numa extensão de sete quilómetros dentro do casco urbano, com todas componentes técnicas agregadas, incluindo passeios, iluminação pública e valas de drenagem.

Ainda no âmbito das estradas, prosseguiu, foi retomada a construção da ponte de 700 metros que liga a vila ao município do Soyo, a partir da Estrada Nacional 100, cujas obras estão em curso e a bom ritmo.

"Precisamos mais. Mas, se comparado aos anos anteriores, hoje o Nzeto está a caminhar bem e já nos satisfaz”, afirmou, acrescentando que o Governo não vai fazer tudo, porque conta, também, com o investimento privado.

No sector das Pescas, o administrador apontou a construção do Centro de Apoio à Pesca Artesanal, com uma fábrica de gelo, zona de secagem e um posto de reabastecimento para os pescadores.

 
Obras inseridas no PIIM

As obras do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) trouxeram, como frisou, um outro alento ao município, com a construção de várias infra-estruturas, tanto da vila como nas comunas do Kindege, Musserra e Kibala Norte.

A nível do Kindege, foi reabilitada a sede da Administração Comunal. No Musserra, foi construído um centro médico, ao passo que no Kibala Norte, está em fase conclusiva o Posto Policial, a sede da Administração Comunal e a residência do administrador.

Relativamente a água, Ketuzaioko Pinda, disse que, na vila, a situação melhorou consideravelmente, apesar de não haver, ainda, uma cobertura total. Mas destacou as melhorias, após a construção do novo Centro de Distribuição, o que permitiu aumentar os níveis e a capacidade de oferta.

Agricultura e turismo

O administrador do Nzeto, Ketuzaioko Pinda, avançou que o município dispõe de muitas potencialidades por explorar. Além da actividade piscatória, que mais sobressai, a agricultura e turismo têm um forte potencial de crescimento, devido à localização geográfica da região.

"Do ponto de vista económico, o Nzeto tem um potencial agrícola muito forte na produção de citrinos nas comunas do Kindege e do Kibala Norte. No Turismo também temos potencialidades muito fortes, daí a realização do fórum, como forma de apelar os investidores”, sublinhou.

Quanto ao alojamento, o administrador reconheceu que a vila tem escassez de quartos. Por isso, apelou aos operadores do ramo que olhem o Nzeto como potencial para investir, tanto na construção de unidades hoteleiras, pensões e similares, como na restauração.

O dirigente apontou a agricultura familiar como a base para  altos níveis de produção agrícola no município, concretamente nas comunas do Kindege e do Kibala Norte que, anualmente, colhem toneladas de citrinos (laranjas, tangerinas, limões e toranjas).

A grande preocupação, segundo o administrador, reside no escoamento dos produtos das duas comunas, devido ao mau estado das vias de circulação. Por causa disso, reconheceu, muitos produtos acabam por se deteriorar, causando grandes prejuízos aos agricultores.

"Não obstante isso, a produção continua. O Nzeto recomenda-se no que à agricultura diz respeito. Por isso, incentivamos as cooperativas e os agricultores para que continuem a meter a mão na massa e aumentar cada vez mais os níveis de produção e fazer do Nzeto um dos maiores contribuintes do país na produção de citrinos”, apelou.

Pescas

No sector das Pescas o município, dispõe, também, de um grande potencial  devido às suas características e localização. A produção pesqueira é considerada elevada. Além disso, o município é considerado um dos maiores berçários da vida marinha do país, tendo em conta a vasta área de mangais.

"O nosso pescado tem bastante qualidade e é muito procurado. É um dos factores de atracção de muitos turistas que vêm para aqui, não só para fazer turismo, mas, também, para levar peixe de boa qualidade, bem como marisco. Portanto, são esses aspectos particulares a destacar do nosso município. Mas por agora, o nosso olhar está virado para o turismo, porque tem um peso muito forte na economia”, concluiu.  

Situado a Norte da província do Bengo e a cerca a mais de 150 quilómetros da capital do país, o Nzeto posiciona-se como uma porta de acesso para quem viaja por terra para os demais municípios do interior do Zaire, assim como para as regiões do Ambriz (Bengo), Maquela do Zombo e Bembe, Uíge, e dali chegar à República Democrática do Congo.

O município, que até 1975 era designado Ambrizete, tem uma extensão de 10.120 quilómetros quadrados e está dividido em quatro comunas: a sede, Kindege, Musserra e Kibala Norte, cuja população é de 47.824, de acordo com o Censo de 2014.

A pesca, caça e agricultura são as principais actividades de subsistência dos seus habitantes.

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