Entrevista

“Ser rico pode ter diferentes significados para pessoas diferentes”

Isaquiel Cori

Jornalista

Desistiu de uma carreira mais do que promissora no sector público, onde chegou a director nacional de um Ministério e director de marketing e comunicação da ENDIAMA EP, para embarcar na aventura do empreendedorismo e nas incertezas do sector empresarial privado. Palestrante motivacional, Sebastião Marques Panzo fala-nos dos desafios de um novo ano e das melhores atitudes para o enfrentar. Discorre também sobre o que é ser rico e os caminhos para atingir tão almejado estatuto

07/01/2024  Última atualização 07H18
© Fotografia por: João Gomes | Edições Novembro

Tem trabalhado muito na mentorização das pessoas, inculcando nelas uma mentalidade positiva perante a vida e o mundo. Neste princípio de ano, quais são as atitudes mais simples e pragmáticas que aconselha às pessoas?

Quando pensamos no futuro, podemos encará-lo com apreensão ou com antecipação. A maioria de nós está, invariavelmente, ansioso com o futuro, pois não coloca no papel, em resolução, numa declaração, o que quer alcançar. A ansiedade ocorre precisamente por este facto. Mentalidade positiva, numa palavra, é um "eu posso” sobre aquilo que projectar para curto, médio e longo prazos. Atitude é a forma como encara esta realidade projectada. Vamos aterrizar um pouco sobre estas ideias: pense, do ponto de vista familiar, que queira, neste ano de 2024, ter mais tempo de qualidade com os seus filhos: provavelmente passear com eles ao final da semana, levá-los à escola, ir a uma partida de futebol.

O que deverá fazer é, a curto prazo, digamos que nos próximos doze meses a programação mensal, semanal e diária de actividades que lhe ajudem a alcançar este alvo. Existirão tentações para que não o cumpra. Mas aí vem a disciplina. Deverá trabalhar nos seus comportamentos e encontrar motivos superiores em querer ter uma relação sadia com os seus filhos, razões maiores do que as desculpas que pode arranjar para, mais uma vez, em 2024, deixar este passo nobre e importante para trás.

Se quisermos nos aprofundar ainda mais, a mentalidade positiva é a crença e atitude de ver as coisas de forma optimista e buscar o lado bom em todas as situações. É uma forma de pensamento que enfatiza a concentração nas soluções e no crescimento pessoal, em vez de nos problemas e nas dificuldades. Já a atitude positiva é a disposição e postura mental de encarar os eventos e desafios da vida com optimismo, este "eu posso” ou "nós podemos” que referi há pouco.

Para o início deste ano, como me pede pragmatismo, aconselho a que apliquemos todos os seguintes três passos tranformadores:

Pratiquemos a gratidão: um dos melhores caminhos para construir uma mentalidade positiva é cultivar a gratidão. Tiremos alguns minutos, todos os dias, para reflectir sobre as coisas pelas quais somos gratos. Isso pode incluir desde coisas simples, a esposa e os filhos que temos, a casa que possuimos, os nossos amigos e familiares, ou como um belo dia de sol, até conquistas pessoais e relacionamentos significativos.

Mudemos a nossa perspectiva: em lugar de nos concentrar nos problemas, desafios e obstáculos, tentemos mudar a nossa perspectiva. Vejamos os desafios como oportunidades de crescimento e aprendizagem. Em vez de nos lamentarmos por algo que deu errado em 2023, perguntemo-nos, o que teremos aprendido dessa experiência e como nos podemos tornar em pessoas melhores por causa disso. Adoptemos uma postura de resiliência e confiança na nossa capacidade de encontrar soluções e superar dificuldades, bem como na intervenção divina nas nossas vidas.

Cerquemo-nos de pessoas positivas:a companhia de pessoas positivas e optimistas pode ter um impacto significativo na nossa mentalidade. Procuremos, neste 2024, nos cercar de pessoas que partilham da nossa visão de vida positiva e evitemos aqueles que são constantemente negativos ou que drenam a nossa energia.

Esta é a minha proposta para começarmos, extraordinariamente, este novo ano.

A situação de crise é uma realidade. As dificuldades para um pai ou mãe suprir as necessidades da família acumulam-se. Você defende que as crises também são oportunidades. Como?

Sem correr o risco de cair numa simplificação aberrante, podemos afirmar que existem três grandes motivações da humanidade: o desejo de ganhos financeiros, o desejo de ser amado e dar amor, e o desejo sexual.  O ideal é termos nesta ordem fundamental as necessidades supridas. Crise serão as situações e os factores que condicionam ou impedem, fundamentalmente,a fruição destes desejos. Entretanto, somos, em determinado momento, incapazes de suprir as necessidades básicas da nossa família. A causa primária é que estamos improdutivos. Quando não produzimos serviços ou provemos produtos para que outros comprem de nós, a escassez e a sua irmã crise instalam-se nas nossas vidas. Vou dar-lhe uma situação concreta. Há menos de dois meses, estava eu num supermercado a tomar um café, depois de uma refeição. Havia deixado partes da comida, uma boa porção, por terminar. De repente surgiu um homem, implorando que lhe desse algum dinheiro porque estava incapaz de sustentar a sua família nos últimos três meses. Pedi que ele se sentasse e ofereci-lhe o que restava da minha refeição. Relutante, aceitou. Perguntei se era cristão. Ele disse que sim. Pedi que, antes, fizéssemos uma oração sobre a sua situação. Solicitei que ele liderasse o momento. Durante a sua oração, pediu, entre outras questões, que Deus lhe livrasse da "miséria” em que se encontrava. Ora, isso revelava a forma como ele se via: "um miserável”. Resolvi trabalhar com ele essa dimensão. Disse a ele que, ao vir ter comigo e mendicar por dinheiro, era precisamente o retrato que lhe ia na alma e a forma como ele se via: um miserável e alinhava a sua atitude e a acçção que se esperava de um miserável-mendigar.

O primeiro passo era ressignificar a sua condição. Era a improdutividade que estava a causar os problemas na sua família. Resolvi fazer com ele um diagnóstico sobre os seus activos: perguntei se ele acreditava que Deus era com ele e disse que sim, se tinha saúde e se sabia fazer algo (informou que era electricista, reparador de piscinas e tinha habilidade em digitalizar textos). Questionei-lhe se nas últimas semanas havia procurado "vender” as suas habilidades a outras pessoas e disse que não. A falta de acção sobre os seus talentos estava a matar a sua família. Pedi que ele pensasse nos seus filhos e na imagem que ele estava a construir neles sobre si. Teria orgulho disso? Disse que não. O que procurei foi que ele encontrasse razões superiores às suas desculpas. Elaborei com ele, naquele instante, um plano de acção. Pedi que, nos próximos três dias, fosse diariamente a um cibercafé. Se dispusesse a digitalizar trabalhos dos que ali se deslocavam. O fez e começou a levar dinheiro para casa.

Defini um plano de acompanhamento com ele e, semanalmente, verifico com ele os progressos, num plano de assistência de até o próximo mês de Março. Com acção e disciplina, conseguimos vencer as crises.

E como podemos encarar estes desafios pessoais como oportunidades: primeiro, dar um novo significado ao que nos acontece. No mais, segue-se o curso normal que é identificar as oportunidades ocultas (em tempos de crise, surgem novas necessidades e procuras que podem ser exploradas se fornecermos soluções inovadoras), devemos ser flexíveis e adaptáveis, investir em aprendizagem e desenvolvimento constantes (usarmos o nosso tempo para aprender novas habilidades), colaborar com outros, ficarmos atentos às tendências que surgem, mantermo-nos positivos e resilientes.

Ocorre que no pleno auge da pandemia da covid-19, confinado em casa, perguntei-me a mim mesmo, pois o meu principal negócio, eventos de negócios em hoteis, tinha ido abaixo: "O que faz um jornalista?” Escreve notícias e reportagens para viver. O que posso fazer então com esta habilidade? Criei uma newsletter chamada "Mining Weekly” e comecei a escrever reportagens com histórias humanas sugestivas sobre a indústria mineira. Comecei a distribuir à minha lista de contactos. Três empresas acharam a iniciativa tão interessante que decidiram colocar publicidade na newsletter. Ora, só com a newsletter, sozinho, em casa, facturava aproximadamente 1.200.000 kwanzas em publicidade por mês. Hoje a publicação evoluiu para um portal de notícias. 

Você fala muito nas suas palestras em mindset. Pode explicar para os nossos leitores o que é o mindset e qual a sua importância para uma vida de sucesso?

Mindset é a mentalidade ou conjunto de crenças e atitudes que uma pessoa possui em relação a si mesma, ao mundo e às suas próprias capacidades. É a forma como uma pessoa encara os desafios, as dificuldades e o sucesso. Existem dois tipos principais de mindset: o mindset fixo e o mindset de crescimento. O mindset fixo acredita que as habilidades e as características pessoais são fixas e imutáveis, levando a uma aversão ao fracasso e a limitações de desenvolvimento. Já o mindset de crescimento acredita que as habilidades podem ser desenvolvidas e aprimoradas ao longo do tempo, levando a uma disposição para aprender, experimentar e enfrentar desafios. Ter um mindset de crescimento está relacionado ao desenvolvimento pessoal, à busca de novos conhecimentos e ao enfrentamento dos obstáculos de forma positiva.

Existem três caminhos que me ocorrem neste momento partilhar, para elevarmos o nosso mindset em 2024: Prática da gratidão (é uma forma poderosa de mudar o mindset, pois ao nos concentrarmos nas coisas positivas da vida e agradecer por elas, é possível desenvolver uma mentalidade mais positiva); Visualização criativa (é uma técnica que envolve imaginar-se a alcançar os seus alvos, moldando o seu comportamento diário, para a vida que deseja. Ao visualizar com detalhes e emoção o seu sucesso, você programa a sua mente para acreditar que é possível e começa a agir de acordo com esse mindset); Afirmações positivas (são frases curtas e poderosas que podemos repetir a nós mesmo, com o objectivo de criar uma mentalidade positiva e fortalecedora. Exemplo: "Eu sou capaz de alcançar qualquer coisa que eu desejar”; ou "Eu sou digno de amor e sucesso”.


A maioria do empreendedorismo em Angola é de sobrevivência, quando em situação de desemprego ou emprego precário somos obrigados a fazer "qualquer coisa” para sobreviver e prover aos nossos. Que lições se podem tirar desse tipo empreendedorismo?

O empreendedorismo de sobrevivência em Angola pode ensinar algumas lições valiosas. Aqui estão algumas delas, no meu entendimento: Resiliência: esses empreendedores enfrentam desafios diários para sobreviver, o que exige uma grande dose de resiliência. Eles aprendem a persistir e a se adaptar rapidamente às mudanças de circunstâncias e cenários económicos desafiadores.

Criatividade: a necessidade aguça a criatividade. A falta de recursos e oportunidades impulsiona esses empreendedores a encontrar soluções criativas e alternativas para suprir as suas necessidades e as das suas famílias. Eles aprendem a tirar proveito dos recursos disponíveis e a inovar para atender à procura do mercado.

Orientação para o cliente: a maioria desses empreendedores tem uma compreensão profunda das necessidades e desejos dos consumidores locais. Eles aprendem a se adaptar rapidamente às preferências dos clientes e a oferecer produtos e serviços que atendam às necessidades do mercado.

Autonomia e independência: o empreendedorismo de sobrevivência geralmente proporciona uma sensação de autonomia e independência. Esses empreendedores não dependem apenas de um emprego tradicional e têm a oportunidade de controlar o seu próprio destino. Eles aprendem a assumir responsabilidade pelo seu próprio sucesso e a tomar decisões importantes para o seu negócio.

Valorização do trabalho: ao enfrentar a necessidade de sobreviver e sustentar as suas famílias, esses empreendedores valorizam o trabalho duro e a dedicação. Eles entendem a importância de se dedicar integralmente ao seu negócio e estão dispostos a fazer o que for necessário para ter sucesso.

Essas lições do empreendedorismo de sobrevivência podem ser aplicadas em diferentes contextos e serem úteis para qualquer empreendedor. A resiliência, criatividade, orientação para o cliente, autonomia e valorização do trabalho são atributos valiosos para qualquer negócio em qualquer lugar.

 
E há o outro tipo de empreendedorismo, que envolve pessoas criativas e dispostas a correr riscos abandonando uma situação de conforto com vista a criar riqueza pessoal. É possível alguém ficar rico com trabalho honesto e contando apenas com as suas ideias criativas?

Sim, é possível alguém ficar rico com trabalho honesto e contando apenas com as suas ideias criativas. O empreendedorismo envolve identificar oportunidades, inovar e criar soluções que agreguem valor ao mercado. Muitas empresas e negócios bem-sucedidos foram criados a partir de ideias criativas de empreendedores visionários.

No entanto, é importante ressaltar que o caminho para a riqueza através do empreendedorismo é desafiador e requer trabalho árduo, determinação, persistência e capacidade de assumir riscos calculados. Além disso, é necessário também ter habilidades de gestão, capacidade de adaptação e um plano de negócios para transformar as ideias criativas num negócio lucrativo. Não há garantias de sucesso, mas com as qualidades certas e a abordagem corretca, é definitivamente possível alcançar riqueza pessoal através do empreendedorismo criativo.

Avanço um exemplo: em Angola, há uma crescente procura por soluções sustentáveis, como energia renovável ou produtos ecológicos. Um empreendedor criativo poderia desenvolver um negócio que atenda a essas necessidades, gerando riqueza ao oferecer produtos ou serviços inovadores nesse mercado.

A comercialização de produtos culturais e artísticos: Angola possui uma rica cultura e um cenário artístico diversificado. Nesse contexto, empreendedores criativos podem encontrar oportunidades de negócios na comercialização de produtos culturais, como arte, artesanato, moda ou música. Ao traduzir ideias criativas em produtos comercializáveis e promovê-los de forma estratégica, é possível gerar riqueza e valorizar a cultura angolana.

O turismo e hospitalidade criativos: Angola tem um enorme potencial turístico, mas muitas vezes ainda é subaproveitado. Empreendedores criativos podem explorar essa oportunidade desenvolvendo negócios inovadores na área de turismo e hospitalidade. Por exemplo, criar uma experiência turística única, como passeios temáticos, acomodações diferenciadas ou gastronomia local com uma abordagem criativa e autêntica pode atrair turistas e gerar riqueza para o empreendedor. Isto, felizemente, já está a acontecer.

 
Em Angola todos os anos são publicados livros de auto-ajuda com conselhos de como se pode sair da pobreza para a riqueza e alcançar a felicidade com base em pensamento e atitudes positivas. O que acha desses livros e seus autores?

Os livros de auto-ajuda podem ser úteis para algumas pessoas que estão a procura de orientação e motivação para melhorar as suas vidas. Eles podem fornecer conselhos práticoss e estratégias para superar desafios e alcançar objectivos pessoais.

Quanto aos autores desses livros, a sua reputação e credibilidade devem ser avaliadas individualmente. Alguns autores podem ter experiência e conhecimento relevantes, enquanto outros podem simplesmente estar a capitalizar sobre o mercado de auto-ajuda, como acontece em outras partes pelo mundo.Penso que o mais importante é lembrar que o sucesso financeiro e pessoal envolve diferentes factores, como educação, oportunidades de trabalho, acesso a recursos e condições socioeconómicas. Embora o pensamento positivo e as atitudes positivas possam ter um papel na conquista dos objectivos, é necessário considerar outros factores também.

Por fim, é uma escolha individual decidir se esses livros e os seus autores são úteis ou não. É recomendável levar em consideração diferentes perspectivas e opiniões antes de tomar qualquer conclusão.


Como enriquecer honestamente em Angola

Na verdade, e no contexto angolano, o que é ser rico? Ter casa, carro e pelo menos um milhão de kwanzas na conta bancária?

Ser rico no contexto angolano geralmente envolve ter uma boa qualidade de vida, segurança financeira e acesso a recursos e privilégios que a maioria da população não possui. Ter casa, carro e uma quantia considerável de dinheiro na conta bancária certamente faz parte dessa definição, mas também pode incluir outros aspectos, como a posse de propriedades, investimentos em negócios, acesso a educação de qualidade, oportunidades de emprego e influência social.

No entanto, é importante ressaltar que ser rico pode ter diferentes significados para pessoas diferentes, pois a definição de riqueza pode ser relativa e subjectiva. No geral, existem os seguintes indicadores que podem, numa análise mais profunda, ser considerados para avaliar a riqueza pessoal de alguém. Alguns dos principais incluem: património líquido (valor total dos activos como imóveis, investimentos, carros,etc., menos as dívidas. Quanto maior o património líquido, maior a riqueza acumulada), renda (a renda anual ou mensal é um indicador importante para avaliar a riqueza pessoal. Quanto maior a renda, maior a capacidade de acumular riqueza), estilo de vida e padrão de consumo, investimentos e propriedades, acesso a oportunidades e redes de contactos (pessoas ricas geralmente têm acesso a oportunidades de negócios, conexões úteis e redes de contactos influentes, o que pode contribuir para aumentar a sua riqueza).

Novamente, é importante ressaltar que a riqueza pessoal é um conceito relativo e subjectivo, e cada pessoa pode ter diferentes prioridades e definições do que significa ser rico. Além disso, nem todos os indicadores acima devem necessariamente estar presentes, já que a riqueza pode variar de acordo com a situação económica e cultural de cada região, país ou contexto.

 
Todo o mundo quer ficar rico e sair das garras da pobreza. Quais são os caminhos que aconselha a quem quer, legitimamente, ficar rico?

Existem várias estratégias que podem ajudar as pessoas a alcançar a riqueza financeira. Aqui estão alguns conselhos para aqueles que desejam buscar a prosperidade: educação e aprimoramento contínuos (nunca parar de aprender com livros e mentores), planeamento financeiro, empreendedorismo (considere iniciar o seu próprio negócio), investimentos (aprenda sobre diferentes opções de investimento, como acções, imóveis, fundos mútuos, títulos, entre outros), networking (construa uma rede sólida de contactos profissionais), persistência e dedicação, aprenda com os erros (aceite que ao longo do caminho enfrentará contratempos e fracassos).

Vale aqui dizer que a riqueza financeira não é uma garantia de felicidade e sucesso pessoal. A busca da riqueza deve ser equilibrada com outros aspectos da vida, como saúde, relacionamentos e bem-estar emocional.

Outros três caminhos a seguir podem ajudar (é apenas um conselho, pelo que vale o que vale): investir em imóveis (Angola possui um mercado imobiliário em crescimento, especialmente em grandes cidades como Luanda. Comprar imóveis para alugar ou revender pode ser uma excelente forma de criar riqueza a longo prazo. Além disso, os imóveis podem servir como garantia para obtenção de empréstimos e outras oportunidades de investimento); empreender no sector agrícola (Angola possui um grande potencial no sector agrícola, com vastas áreas de terras férteis e recursos naturais. Investir em negócios relacionados com agricultura, como produção de alimentos, processamento de alimentos ou exportação de produtos agrícolas, distribuição, transporte, pode ser uma excelente forma de criar riqueza e liberdade financeira no país); e apostar em energia renovável (Angola possui um grande potencial para a produção de energia solar, eólica e outras fontes renováveis. Investir em projectos de energia renovável pode não apenas contribuir para a sustentabilidade do país, mas também ser uma fonte promissora de renda, através da venda de energia para a rede eléctrica ou a criação de negócios relacionados com energia limpa).

Entretanto, é importante lembrar que essas são apenas algumas ideias e que é fundamental realizar uma análise de mercado, planea- mento financeiro e buscar assessoria especializada antes de realizar qualquer investimento.

 
Nós, seres humanos, usamos muito pouco da nossa capacidade mental. Como libertar o nosso potencial mental?

Eu o faço pela leitura constante, colocar-me em novos ambientes desafiantes e trabalhar em projectos que me tiram da zona de conforto. Gosto também de viajar, correr o mundo, para beber da diversidade que a humanidade oferece dos modos de encarar a vida.Contudo, o mundo transformacional indica vários caminhos, eu aponto cinco que muitos especialistas aconselham como caminhos a tomar: Prática de meditação e mindfulness (a meditação tem sido comprovada como uma maneira eficaz de aumentar a capacidade mental. Ao praticar a meditação regularmente, podemos aprender a cultivar a atenção e a concentração, além de reduzir o stress e aumentar a clareza mental); desafie-se intelectualmente (para libertar o potencial mental, é importante desafiar-se intelectualmente, isso pode ser feito através da leitura de livros desafiadores, aprendendo uma nova habilidade ou  envolver-se em actividades que estimulem o cérebro, como quebra-cabeças ou jogos de lógica); exercício físico regular; alimentação saudável (a comida que ingerimos também tem um impacto significativo na nossa capacidade mental); aprenda a gerir o stress (o stress crónico pode prejudicar a nossa capacidade mental).

 
Fale-nos um pouco de si. Como foi que o menino que veio de Nambuangongo para Luanda, fugido da guerra, se transformou no que é hoje? Que lições a sua vida pode dar aos outros?

Felizmente saí, definitivamente, de Nambuangongo em 1985, não fugido da guerra, mas, tendo concluído a 4ª classe, meus pais decidiram que devia viver em Luanda, com um dos meus irmãos. Sou o caçula de sete (tenho três irmãos e três irmãs). Sou casado há 18 anos. Tenho quatro filhos (duas filhas e dois filhos).  Sou católico, jornalista, multiempreendedor, autor, consultor de comunicação institucional, palestrante e formador. Posso olhar para sete lições chaves na vida: Tenha um sonho – quando pequeno, na aldeia, encerrava-me em livros e pensava viajar pelo mundo (hoje conheço mais de 30 países e não consigo ficar seis, quatro meses, sem viajar para algum país); Aceite e dê ajuda – todos somos merecedores de ajuda (meus pais, irmãos, amigos e mentores ajudaram-me a galgar passos inimagináveis); Seja especialista e depois generalista  - especializei-me, inicialmente em jornalismo cultural e depois evoluí para a economia e a política (trabalhei em Angola, Zimbabwe e Estados Unidos); Abrace a aprendizagem contínua e o autodidactismo – o autodidactismo é fundamental, ajuda a integrar-nos em sectores e a criarmos diferencial. Aconteceu comigo na indústria dos diamantes (trabalhei para a Endiama E.P) e no sector mineiro (para o extinto Ministério da Geologia e Minas); Desenvolva personalidade atraente – será fundamental para o seu networking e para te relacionares com mentores; Desenvolva a autodisciplina e crie alvos ousados – hoje sou multiempreendedor na indústria de mídia e eventos (desenvolvi marcas como PFC Consulting, a Bumbar Grouf of Companies); Transborde – com alguma idade, como a que tenho, crie líderes e se disponha a ensinar os mais jovens.

 
Enquanto empreendedor, actualmente, quais são as suas áreas de actuação?

Possuo neste momento um ecossistema de cinco empresas. Pretendemos duplicar o número de empresas nos próximos dois anos. Actuo nos sectores de tecnologia e mídia, envolvendo os sectores da industria mineira, banca, seguros, transportes e logística e telecom.

 
Está a escrever ou conta publicar algum livro este ano?Pode falar do seu conteúdo?

Vou publicar dez livros este ano nas áreas de desenvolvimento pessoal, comunicação institucional e indústria mineira. Com eles desejo homenagear o amigo Lourenço Miguel, que perdi o ano passado. Passou por este mundo fazendo o bem. Viveu o seu chamado.

Já sabemos que tem uma visão tremendamente positiva sobre a vida. Que ano 2024 augura parao país?

Em 2024, espero que Angola continue a apostar nos angolanos. Entretanto, vejo com bons olhos que o Governo e vários líderes estarão engajados na implementação de políticas para impulsionar o crescimento económico, diversificar a economia e reduzir as desigualdades sociais. Investimentos em infra-estrutura, educação e saúde podem melhorar a qualidade de vida da população.

Entretanto, eis a minha leitura de tendências e desejos:

Diversificação da economia: Angola deve continuar a reduzir a sua dependência do petróleo como principal fonte de receitas, promovendo investimentos em sectores como agricultura, turismo, indústria e tecnologia.

Desenvolvimento de infraestrutura: O país deve investir em melhorias na infraestrutura, como estradas, portos, aeroportos e redes de comunicação, para impulsionar o comércio e facilitar o acesso a regiões remotas.

Investimento na educação: Angola deve priorizar a educação como uma forma de desenvolvimento humano e profissional, investindo em escolas, universidades e programas de capacitação, garantindo uma mão de obra qualificada.

Incentivo ao empreendedorismo: O Governo deve melhorar as políticas e programas que incentivem o empreendedorismo, apoiando a criação e o crescimento de pequenas e médias empresas, gerando empregos e estimulando a inovação.

Promover a transparência e combater a corrupção: Angola deve continuar a fortalecer as suas instituições e implementar medidas rigorosas de transparência para combater a corrupção, garantindo um ambiente propício aos negócios e ao desenvolvimento económico.

Investimento em energias renováveis: O país deve explorar o seu potencial em energias renováveis, como a solar e a eólica, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis, promovendo a sustentabilidade ambiental e criando oportunidades de negócios.

Fortalecimento das relações internacionais: Angola deve continuar a fortalecer as suas parcerias estratégicas com outros países e blocos económicos, promovendo acordos comerciais e atraindo investimentos estrangeiros, aumentando a sua competitividade global e expandindo as suas oportunidades económicas.

Parece soar a candidatura política, mas estas são as minhas aspirações.


Perfil

Sebastião Marques Panzo nasceu a 14 de Março de 1974, em Nambuangongo, na província do Bengo. É católico, jornalista, multiempreendedor e consultor nos sectores público e privado. Casado, pai de quatro filhos, trabalhou como jornalista em Angola, no Zimbabwe e nos Estados Unidos. No sector público foi director de marketing e comunicação do Grupo ENDIAMA e director para Comunicação e Novas Tecnologias do extinto Ministério da Geologia e Minas. Desde o ano de 2015 que trabalha exclusivamente como empreendedor.

Dirige, entre outras, as empresas Mbaquilo Consulting & Investimentos, Panzo Consulting Firm, Mining Eventos, Bumbar Media e Future Generation.

Tem três livros publicados: "Visões do Além”, "Como escrever diferente” e "Empreendorismo em Angola – entre as ideias e a acção”.

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