Economia

Siderúrgica do Cuchi arranca em dois meses

Carlos Paulino | Menongue

Jornalista

As obras da Companhia Siderúrgica do Cuchi (CSC), no Cuando Cubango, onde se projecta produzir 250 toneladas de ferro gusa por dia, estão executadas em 95 por cento, devendo ficar concluídas dentro de dois meses, anunciou o director-geral da companhia.

20/05/2021  Última atualização 09H43
Unidade tem capacidade instalada para produzir, na primeira fase, 250 toneladas por dia © Fotografia por: Carlos Paulino | Edições Novembro | Cuchi
Wilton Reis declarou, ontem, à imprensa que, para a entrada em funcionamento, falta apenas a conclusão da instalação das esteiras de linha-férrea para o transporte do minério e carvão até ao alto-forno, o sistema de electrificação e de refrigeração do ferro gusa.
Os equipamentos para estes trabalhos já se encontram no município do Cuchi, aguardando-se, nos próximos dias, a chegada a Angola de técnicos brasileiros para terminarem o trabalho em falta e dar o início à primeira produção do ferro gusa no país.

"Neste momento, a pandemia da Covid-19, que está a afectar severamente o Brasil, é que está a impedir a vinda a Angola dos técnicos brasileiros que vão assegurar o funcionamento da Companhia Siderúrgica do Cuchi”, disse.
A fonte acrescentou que estava previsto, também, o envio de 25 técnicos angolanos para a formação no Brasil, para reduzir a vinda de pessoal expatriado para Angola, mas não foi possível até agora por causa das medidas tomadas para conter a propagação da pandemia.


Desde o início das obras da siderúrgica, em 2015, já foi concluída a montagem do primeiro alto-forno dos três previstos, as infra-estruturas electromecânicas (serpentinas e turbinas), dois silos para armazenar cada 2 400 metros cúbicos de mineiro, um reservatório de água com capacidade para absorver um milhão de litros e outro, 430 litros, a sala de máquinas e comandos.
A isso, junta-se a construção de 25 das 50 suítes para acomodar os técnicos que vão assegurar o funcionamento da fábrica, de acordo com Wilton Reis, que anunciou que, até ao momento, foram empregues mais de 60 milhões dos 300 milhões de dólares previstos para a construção da fábrica e aquisição de equipamentos para a extracção de minério do ferro na mina do Cutato.

Quando iniciar as operações, a siderúrgica vai criar 3500 postos de trabalho directos, gerando uma produção de 7500 toneladas de ferro gusa por mês, segundo os números apresentados pelo director-geral da CSC.
Wilton Reis afirmou que a CSC será a primeira fundição em Angola, que vai operar com carvão vegetal, uma fonte de energia renovável, para fundir mineiro, com base na instalação de um sistema termoeléctrico que absorve os gases do alto-forno para gerar cerca de 15 megawatts de corrente eléctrica para a siderúrgica e a população da sede municipal do Cuchi.
 
Mina do Cutato   


Wilton Reis adiantou que, enquanto se aguarda pela conclusão das obras, a empresa está engajada na extracção do minério do ferro na mina do Cutato, para o fornecimento de um milhão de toneladas a uma trading inglesa que vai comercializar o produto no mercado internacional, sobretudo nos Estados Unidos e China.
Desde Janeiro último, apontou, foram extraídas mais de 90 mil toneladas do minério de ferro gusa,  60 mil toneladas das quais já se encontram no Porto do Namibe para serem exportados dentro de 45 dias.

Sem avançar o valor do contrato que a CSC tem com a trading, Wilton Reis disse que uma tonelada de ferro fundido no mercado internacional pode rondar entre 180 a 200 dólares.
A mina do Cutato está implantada numa área de dois mil hectares e tem uma reserva estimada de exploração de 50 anos, de acordo com números apurados pela nossa reportagem. Neste momento são extraídas mil toneladas de minério de ferro por dia, uma quantidade que sobe para duas mil toneladas com a montagem de mais uma britadeira.

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