O continente africano tem sido palco de inúmeras transformações políticas. Entre estas, destaca-se a “Era dos Presidentes fardados em África”, marcada por uma série de golpes de Estado que resultam na ascensão de líderes militares ao poder.
A primeira nação negra independente, o Haiti, é hoje uma amálgama de ingovernabilidade e criminalidade urbana sem precedentes, uma realidade que lembra não apenas os efeitos da miserável colonização francesa, os anos que as sucessivas administrações americanas faziam daquele país “quintal dos Estados Unidos”, as décadas de ditaduras vividas, mas também alguma falta de solidariedade da parte da União Africana.
Para uma melhor compreensão deste artigo de opinião, afigura-se forçoso um recuo histórico, ainda que telegráfico, à Guerra Civil chinesa, que decorreu entre 1927 e 1949, entre comunistas sob a liderança do Chairman Mao Tsé-Tung, que defendiam uma revolução socialista, o fortalecimento do poder dos trabalhadores e camponeses, contra os nacionalistas sob a liderança de Chiang Kai-Shek, que defendiam a ditadura burguesa do proprietário e capitalismo, onde os primeiros venceram a guerra e os segundos foram forçados a se refugiarem na ilha de Taiwan.
Taiwan é uma ilha insular localizada no Oceano Pacífico Ocidental, a aproximadamente 160 km da costa Sudeste da China continental. Com cerca de 394 km de extensão Norte-Sul e 145 km no seu ponto mais largo, possui reservas de carvão, cobre, ouro e outros minerais, possui diversos rios importantes para geração de energia hidroeléctrica, hoje com uma população estimada em 23,7 milhões, com um PIB nominal de 617 biliões, e um PIB per capita de 26.300 dólares, segundo dados do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial.
O desenvolvimento inicial de Taiwan pelo povo chinês pode ser rastreado há mais de 1000 anos. Após meados do século XII, os Governos centrais de todas as dinastias da China exerceram jurisdição administrativa sobre Taiwan. Em 1895, o Japão lançou a guerra de agressão contra a China e anexou Taiwan. Em 1943, a Declaração de Cairo estipulou, claramente, que os territórios chineses anexados pelo Japão, incluindo Taiwan, deveriam ser devolvidos à China, o que foi reiterado na Declaração de Potsdam em 1945. Para além das suas implicações históricas e culturais profundas, a reunificação assume um papel crucial na construção do futuro da RPC na ordem global, devido à importância geoestratégica da ilha.
Afirmar que Taiwan faz parte da China não se trata de mera opinião ou ideologia, mas sim reconhecer os factos históricos que provam e sustentam essa afirmação, e pelo reconhecido internacional por grande parte dos países, sendo mais que 180 membros da ONU, nesta ordem de ideias, o princípio de "Uma Só China” constitui a base fundamental para a resolução da questão.
A par deste elemento é importante descrever o famoso princípio "Um país, dois sistemas” que é essencialmente o compromisso de não ingerência no sistema capitalista, adoptado quer pela Declaração Conjunta de Hong Kong de 1984, que previa a devolução desta ilha à China pelos britânicos, que se concretizou em 1997, e quer pela situação idêntica com Macau, cuja transferência da administração passou dos portugueses para a RPC, que se concretizou em 1999 e esta estratégia que o Governo chinês pretende adoptar na questão de Taiwan.
O princípio de Uma só China é um dos vectores da política externa da RPC e serve de base para relações diplomáticas com outros Estados, daí que uma das exigências da China para com os países que mantém relações diplomáticas, económicas e políticas seja o corte das relações com Taiwan por se tratar de um território que pertence ao Estado. Esta posição da RPC é um instrumento de defesa dos seus interesses nacionais relativamente à ilha.
Por meio de instrumentos pacíficos, a China busca construir pontes de diálogo e cooperação para o caminho da reunificação. A visão da China, quanto ao desfecho da integração de Taiwan à China continental, privilegia a via do diálogo, mas não descarta uma intervenção militar em último caso. Este facto, a eventual opção militar traria consequências do ponto de vista de instabilidade regional, uma crise humanitária, um conflito de grande escala apesar de a capacidade combativa da China ser muito superior ao de Taiwan. Este provável conflito teria um impacto negativo na economia mundial, tendo em atenção que Taiwan é o maior produtor de semicondutores e um conflito poderia levar a escassez e aumento dos preços no comércio internacional, conjugado a estes factores não interessaria a RPC um conflito militar.
A reunificação da China representa mais do que a mera união territorial. Significa a correcção da História e a união do mesmo povo com o mesmo sangue, a mesma História, língua e entre outros factores. É um caminho histórico inevitável, impulsionado por laços históricos e culturais profundos, pelo desejo de unidade nacional e pelo compromisso da China com o bem-estar do povo chinês.
*Professor de Relações Internacionais e mestre em Gestão e Governação Pública, na especialidade de Políticas Públicas
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginEm qualquer Estado moderno, com uma natureza pós-conflito, exactamente como o nosso, em condições normais e sem quaisquer exageros, os antigos combatentes e deficientes de guerra, bem como os familiares de combatentes tombados ou perecidos, deviam ser parte de um segmento especial em matéria de tratamento social.
Todos os dias, centenas de jovens africanos rumam para outras geografias, nomeadamente a Europa e América, em busca de oportunidades e condições de vida. Fogem das guerras, da vida miserável e sem futuro a que estão sujeitos nas suas próprias terras. São imigrantes africanos.
Nos útimos dias do mês de Maio, a Zona Euro registou uma inflação de cerca de 2,6%, o que representa uma aceleração comparativamente ao mês anterior que se situou nos 2,4%. Os indices têm-se apresentado estáveis e alguns especialistas realçam que pelo facto de ser a primeira variação registada em cinco meses, a conjuntura é entendida como reflexo de algumas alterações nos preços de bens e serviços na economia.
O anúncio, feito há dias pelo director de Auditoria e Inspecção da Agência Nacional de Protecção de Dados (APD), segundo o qual os cidadãos que invadirem os dados pessoais de outrem nas redes sociais vão ser responsabilizados, civil e criminalmente, de acordo com a Lei da Privacidade, peca por tardio.
O Ministério da Energia e Águas informou, hoje, que decorrerá sexta-feira, 7, na província da Huíla, em Nombungo, a cerimónia de Entrega de Certificados da Área Desminada no Traçado da Linha de Transporte de Electricidade a 400 kV Huambo - Lubango.
Um instrumento jurídico sobre o Reconhecimento Recíproco de Habilitações Literárias, Títulos e Diplomas Académicos foi assinado, esta quinta-feira, em Belgrado, entre Angola e a Sérvia, no âmbito do reforço da cooperação bilateral.
O trânsito automóvel na via de serviço da Samba, sentido Centro Cultural Paz Flor–centro da cidade, em Luanda, estará interdito, na totalidade, a partir das 10 horas de sexta-feira, 7, até às 18 horas do dia 21 deste mês.
As mudanças na lei de estrangeiros em Portugal deixaram apreensivos alguns angolanos com planos de emigrar para o território português, sobretudo porque as alterações não são claras para os cidadãos da comunidade lusófona.
O Tribunal Constitucional realiza, sábado,8, no município de Cacuaco, em Luanda, a 3.ª edição do projecto "Ondjango da Constituição", um espaço de interacção e proximidade entre os juízes e o público infanto-juvenil.