Opinião

Uma abordagem à margem do Dia do Educador

Por norma, as grandes abordagens sobre a Educação são feitas em Novembro, por altura do Dia do Educador Nacional ou, se tanto, em véspera de projecção e balanço de cada ano lectivo. Hoje, como que saíndo da toca, decidimos por esta temática, provocados por uma revelação recentemente feita por um alto dirigente do ministério da Educação.Durante um encontro metodológico com gestores de escolas, realizado no início desta semana, na cidade do Huambo, o secretário de Estado para o Ensino Pré-Escolar e Primário, Pacheco Francisco, que orientou o encontro, mostrou-se preocupado com a qualidade do Ensino Primário a nível do país.

02/05/2024  Última atualização 14H32

"Há crianças que frequentam a quinta ou a sexta classe que não sabem ler convenientemente, questão que deve ser resolvida na primeira e segunda classe”, revelou o dirigente,  tendo acrescentado que "devemos conversar com os directores das escolas e despertá-los para esta grande responsabilidade, para que, nas instituições que dirigem, o processo de ensino e aprendizagem seja de qualidade”.

Possuindo as credenciais de governação que acrescem sobre si responsabilidades na abordagem do assunto, as palavras do referido responsável,sejam elas tanto cheias quanto vazias, devem ser interpretadas com profunda seriedade, pese embora não ter sido uma revelação ao estilo da invenção da roda, impondo a verdade que isso seja dito. Em rigor, o mérito da revelação reside no sentido de funcionar como um necessário e importante exercício de recordação, cuja serventia teria maior solidez num cenário em que fosse o anúncio da materialização de um processo de reestrututuração de que a realidade do Sector do Ensino primário de Angola há muito reclama.

Entendemos que,  mais do que uma constatação do Secretário de Estado, estamos perante um acto de coragem que deve ser encarado de frente, por todos os intervenientes directos e indirectos do processo de ensino, a considerar a Educação como uma das forças mais poderosas e transformadoras que moldam a sociedade.  Mais do que os floridos que nos remetem para as conclusões já cientificadas de que a educação é essencial para a formação do cidadão e a transformação da sociedade, é importante que as demais abordagens que concorrem para a formação integral das crianças, hoje, e homens, amanhã, sejam iniciadas nos níveis mais baixos de escolaridade, subindo gradualmente, para que a conclusão ocorra no nível em que do homem se exigem competências necessárias para o desenvolvimento da Nação.

A atenção ao subsistema de ensino geral, mais do que o necessário olhar político, carece da visão plena de cidadania, cujos actos são os verdadeiros e únicos vectores para o registo de todo o bem ou mal que possa ocorrer numa sociedade.

Devemos elevar e reforçar a consciência colectiva para que o ensino em Angola seja valorado conforme os cristãos fazem com o "Pai nosso que está nos Céus”.

No cenário de substituições de hábitos, costumes, culturas, impostos pela revolução tecnológica, o regresso a um sistema de ensino robusto funciona como um dos mais elementares pilares de incular valores sadios de convivência, na mentalidade das crianças, e nada melhor que seja na idade da educação primária.

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