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15 dirigentes do ANC detidos por corrupção

Quinze membros do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), partido no poder na África do Sul, foram ontem detidos, num caso de corrupção e branqueamento de dinheiro, na altura do funeral do ex-Presidente Nelson Mandela, em 2013.

16/02/2021  Última atualização 13H44
Funeral de Mandela serviu para corruptos ganharem dinheiro © Fotografia por: DR
Segundo a Reuters, os 15 elementos, incluindo o ministro da Saúde da província do Cabo Oriental, Sindiswa Gomba, que era conselheiro municipal na altura, bem como funcionários eleitos e empresários ligados ao ANC, foram libertados sob a fiança de mil  rands (56 euros) cada um e terão de comparecer em tribunal em 5 de Março, de acordo com uma declaração da porta-voz da polícia, Katlego Mogale.

Os suspeitos enfrentam acusações de branqueamento de capitais e corrupção no valor de 10 milhões de rands (564 mil euros), relacionadas com declarações fraudulentas de despesas de viagem e alojamento para pessoas que desejavam assistir a uma cerimónia de homenagem ao ex-Presidente Nelson Mandela na cidade costeira de East London, no sudeste da África do Sul.
As acusações, apresentadas em 2019, foram mais tarde retiradas temporariamente, mas novas investigações levaram a estas detenções por uma unidade de polícia de elite, responsável por questões de corrupção.

O primeiro Presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, morreu em 5 de Dezembro de 2013, aos 95 anos. O símbolo da luta anti-apartheid foi enterrado na sua aldeia de Qunu, no sudeste do país, após um funeral de Estado realizado em 15 de Dezembro na presença de Chefes de Estado e de Governo, governantes locais e várias personalidades das mais diversas partes do mundo.
As cerimónias de homenagem têm dado origem a numerosas fraudes. A agência sul-africana anti-corrupção estimou que cerca de 300 milhões de rands (quase 17 milhões de euros) de fundos públicos destinados às cerimónias tenham sido desperdiçados ou desviados indevidamente.

Pedido de prisão de Zuma

A comissão de investigação à grande corrupção na África do Sul durante o mandato de Jacob Zuma vai instituir procedimentos judiciais, incluindo um pedido de prisão, contra o antigo Chefe de Estado por desrespeitar a Justiça, anunciou, ontem,  o responsável por este órgão.
"A lei é clara e a comissão considera a conduta do senhor Zuma como sendo muito grave. Nesta situação, a comissão vai pedir ao Tribunal Constitucional, que decidiu que ele deveria comparecer [perante este órgão], a ordenar a prisão do senhor Zuma ou que imponha uma multa”, afirmou o juiz Raymond Zondo, numa comunicação ao país de cerca de 30 minutos. O juiz sul-africano e actual vice-presidente da Justiça da África do Sul, que chefia a comissão de inquérito que investiga a grande corrupção no mandato do ex-Presidente, disse que "todos os sul-africanos são iguais perante a lei”, salientando que "não há regras para uns e regras para outros”.

"Isto é muito grave, porque se for permitido que aconteça (...) muito pouco restará da nossa democracia”, salientou o juiz Zondo.
O ex-Pesidente, que tem evitado comparecer perante a comissão de inquérito, deveria comparecer ontem e até 19 de Fevereiro, segundo Zondo. Todavia, o ex-chefe de Estado informou, através de carta enviada  à comissão, que não iria depor perante a comissão de inquérito devido a um pedido submetido à Justiça sul-africana a contestar a sua convocação.

No início do mês, Jacob Zuma afirmara que prefere ser preso do que cooperar com a comissão de inquérito enquanto esta for presidida por Raymond Zondo. Um juiz da África do Sul emitiu um mandado de prisão para o ex-Presidente após este não ter comparecido em tribunal num caso de corrupção, mas a medida só será aplicada a partir de 6 de Maio, se voltar a não comparecer.

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