Política

Angola considera China “parceira incontornável”

Geraldo Quiala | Pequim

Jornalista

O Chefe de Estado, João Lourenço, considerou, ontem, em Pequim, a República Popular da China um parceiro incontornável e manifestou o interesse de ampliar a cooperação estratégica com o país asiático.

16/03/2024  Última atualização 10H25
O Titular do Poder Executivo, assinalou que as consultas políticas regulares, ajudam a diluir eventuais incompreensões © Fotografia por: Cipra

Para tal, o estadista, dirigindo-se ao presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (Parlamento) chinês, Wu Bangguo, depois de um encontro com o Primeiro-Ministro, Li Qiang, também, ontem pela manhã, destacou que as consultas devem ser mais regulares a todos os níveis das estruturas dos dois países, incluindo entre os partidos políticos.

"Senhor presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular, a República de Angola considera a República Popular da China um parceiro incontornável e pretende, em função disso, ampliar a parceria estratégica com o vosso país”, avançou João Lourenço.

Nesta segunda actividade do dia do estadista, que cumpre uma visita oficial seis anos depois da anterior, realizada em Outubro de 2018, o Presidente angolano argumentou que, desta forma e face a uma conjuntura internacional cada vez mais complexa, as consultas políticas regulares ajudariam a diluir eventuais incompreensões.

O Chefe de Estado entende que este ritual pode contribuir para um alinhamento em questões internacionais de interesse comum, pois "criaria as bases para auscultações de maior convergência dos pontos de vista e atenta às preocupações de cada uma das partes”.

João Lourenço disse que tem acompanhado, com interesse, as iniciativas globais, lançadas pelo Presidente Xi Jinping, focadas na segurança internacional, no desenvolvimento sustentável da Humanidade e no respeito das civilizações, designadamente a Iniciativa para a Segurança Global, a Iniciativa para o Desenvolvimento Global e a Iniciativa para a Civilização Global.

"Saúdo estas iniciativas que acabo de citar por consagrarem, com clareza, os princípios e valores comuns à China e a Angola, mas de alcance universal como a resolução pacífica dos conflitos, através do diálogo inclusivo, visão que Angola subscreve”, prosseguiu o Chefe de Estado.

Ao longo do pronunciamento no Parlamento chinês, João Lourenço frisou o empenho do Executivo angolano na resolução de conflitos em vários países do continente africano, manifestando "todo o gosto em partilhar a este respeito, com o Senhor Presidente, os resultados alcançados até ao momento, bem como as perspectivas quanto ao tratamento e resolução defintifiva destes problemas”.

João Lourenço referiu que África enfrenta vários desafios em matéria de segurança e constitui uma grande preocupação dos africanos sobre a questão da paz e da estabilidade como factores incontornáveis para o progresso e o desenvolvimento.

"Estas questões relativas à paz fazem parte das preocupações centrais do Executivo angolano. E neste capítulo, eu próprio, mandatado pela União Africana, tenho agido no sentido de procurar resolver os vários conflitos que se registam em África, sobretudo no Leste da República Democrática do Congo, relativamente ao qual tenho tomado iniciativas a fim de fazer avançar o processo de um modo mais produtivo”, frisou o Presidente da República.

Xi Jinping destaca reforço da cooperação estratégica

O reforço da cooperação estratégica entre a República Popular da China e Angola, bem como o apoio solidário do país asiático foi destacado, ontem, no Palácio do Povo, em Pequim, pelo Presidente Xi Jinping, durante o encontro com o homólogo angolano, João Lourenço.

Num breve pronunciamento para a imprensa, depois da assinatura dos memorandos de entendimento rubricados pelos ministros de vários sectores, o líder chinês reiterou o compromisso no desenvolvimento comum. "Queremos consolidar o desenvolvimento comum, com solidariedade e amizade tradicional nesta etapa da cooperação, perante um cenário internacional de mudanças e perturbações”, acrescentou Xi Jinping. O Presidente chinês sublinhou a necessidade dos dois países continuarem a apoiar-se firmemente e tirarem o máximo proveito desta relação mutuamente vantajosa.

"Proponho, por isso, o reforço desta cooperação estratégica. Gostaria, igualmente, de fortalecer um intercâmbio profundo com Angola para que tenha desenvolvimento no futuro”, concluíu Xi Jinping. Depois deste ponto mais alto da agenda de João Lourenço e Xi Jinping, na China, os dois Presidentes testemunharam a assinatura de conjunto de instrumentos jurídicos destinados a reforçar a cooperação e culminou com um jantar em honra à visita do Chefe de Estado angolano.

Assinados instrumentos jurídicos em vários sectores

Angola e a República Popular da China assinaram, ontem, no Palácio do Povo, em Pequim, vários acordos, no quadro da visita oficial de três dias do Presidente João Lourenço ao país asiático, com o objectivo de assegurar uma nova dinâmica no fortalecimento do intercâmbio entre as instituições governamentais de ambos os países.

Os dois Estados "carimbaram” protocolos nos domínios do Intercâmbio e Cooperação no Desenvolvimento Económico, Verde, Ecológico e de Baixo Carbono, rubricados pelos ministros das Relações Exteriores, Téte António (Angola), e o da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, Zheng Shanjie, e ainda o do Comércio, Wang Wentao.

Os mesmos responsáveis assinaram os memorandos sobre a Aceleração Conjunta da Formulação do Plano de Cooperação para a Iniciativa Cinturão e Rota; Reforço da Cooperação na Economia Digital; e sobre o Estabelecimento do Grupo de Trabalho para a Promoção do Comércio Livre; Constituição do Grupo de Trabalho para Investimento e Cooperação Económica, e Promoção da Cooperação de Investimento no Desenvolvimento Sustentável Verde.

Na presença dos Presidentes João Lourenço e Xi Jinping, rubricaram-se, ainda, os instrumentos jurídicos nos sectores Agrícola e Intercâmbio entre os Meios de Comunicação Social, pelos ministros da Agricultura e Florestas, António de Assis, e das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira (Angola), e os da Agricultura e Assuntos Rurais, Tang Renjian, e do Gabinete de Informação do Conselho de Estado, Sun Yeli (China).

Em breves declarações à imprensa, o ministro Mário Oliveira realçou a importância dos acordos para o crescimento do sector das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, considerando ser um passo significativo para o rumo que se pretende alcançar, por via da exploração das vantagens dos projectos e compromissos assumidos.

  Audiências e Fórum de Negócios marcam o segundo dia da visita

O período matinal deste sábado vai ser marcado com o programa de audiências a empresas chinesas, em Pequim, na sequência do que aconteceu na quinta-feira, no âmbito da visita oficial do Presidente da República, João Lourenço, à China.

De acordo com a agenda, que não identifica as empresas, esta tarde está reservada para a realização do Fórum de Negócios China-Angola, seguindo-se o encontro com os representantes da comunidade angolana residente no país asiático. Ainda hoje, mas no fim do dia e princípio da noite, o Chefe de Estado vai cumprir a última etapa da visita oficial à China com uma deslocação a Xandong.

Na última quinta-feira, João Lourenço recebeu, em audiências separadas, os presidentes das empresas China Gezghouba Group, responsável da maior obra de engenharia em Angola - o Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça (bacia do rio Kwanza) - , da China Aero Technology International Engineering Corporation (AVIC), que é a principal firma na construção do já inaugurado Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, no município de Icolo e Bengo, na província de Luanda.

No mesmo dia, o estadista reuniu-se, igualmente, com os responsáveis máximos da firma de alumínio Hebei Huatong Cable Group, da subsidiária da China Telecom (Gsafety Technology), da China Road and Bridge Corporation (CRBC), da China Comunications Construction Company (CCCC), do Cedrus Group (Gestão de Activos e de Património), e da China National Chemical Engineering (CNCEC).

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