O Rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, Ekuikui VI, vai proferir na quinta-feira, no Palácio de Ferro em Luanda, uma aula magna sobre “A herança da arte musical e fabricação de instrumentos musicais ancestrais no reino do Bailundo”, no âmbito da 3ª edição do Festival BALUMUKA.
Dom Caetano, Robertinho, Dionísio Rocha, Socorro e Jacob Desvarieux são os artistas convidados para fazer parte do disco de Eduardo Paím que chega ao mercado nos próximos dois meses.
O anúncio foi feito sábado, no Palácio de Ferro, no final do concerto comemorativo aos 60 anos de idade do "Rei da Kizomba”.
Eduardo Paím reconheceu que o perfeccionismo tem condicionado o lançamento, "porque quando fico quatro meses a ouvir as músicas e que já não consiga alterar nada, agora sim, sinto que a música está em condições para ser consumida pelo público. Estou convencido que não há mais nada para fazer e vou tirar”.
Marechal Cambuengo disse que está atento às novas tendências e que ao longo dos tempos também tem aprendido com os músicos jovens, sempre com a intenção de melhorar. "Há um conjunto de coisas a acontecer, as sonoridades e tonalidades de hoje já não são como as de ontem, então eu tenho que me enquadrar também nisso, sem desvirtualizar”.
O também produtor revelou que foram dois anos de muita pesquisa."É preciso ouvir todos até descrever cada um. É importante escutar os depoimentos de todos, e na música é a mesma coisa, bebemos daqui, ouvir dali, depois o trabalho de selecção que é mais particular, porque você já recebeu os imputes todos e depois vai pôr o que é necessário para ficar cada vez mais gostoso”, finalizou Eduardo Paím.
Kizomba e a falta de um mercado consistente
O Rei da Kizomba admitiu que a elevação da Kizomba como Património Imaterial Nacional tem um significativo especial neste momento de celebração. "Isto demonstra o que temos feito em prol da música angolana, não foi por acaso, e de certa é um reconhecimento do trabalho dos artistas.”
Apesar da satisfação por este feito, Eduardo Paím lamentou a falta de um mercado cultural real, "se este existisse de facto, os artistas não estariam a viver como pedintes. Mas, olha como nós somos acarinhados e reconhecidos pelo público, Carlos Burity, Paulo Flores, Eduardo Paím são nomes facilmente reconhecidos, mas poucos conhecem quem são os nossos deputados.”
A partilha em palco com "miúdos” e o concerto
O artista defende a opção de estar com artistas jovens "é preciso entender que o Eduardo não quis ceder em função do tempo e nada melhor que ir trabalhar com os jovens. Como mais velho para manter a firmeza e os jovens, com o seu contributo, vão te tornar ainda cada vez mais novo e isso interessa-me”.
Eduardo Paím esteve em palco com o baixista, Luís RL, como director artístico, Idalécio(solo), Joel Cene (baterista), Omar Groos (percussão) e Lídia Francisco (corista) curiosamente todos mais novos que os sucessos do artista, assim como genial (teclados).
Luís e Omar são unânimes que a experiência está a influenciar a evolução como instrumentistas, e consideram que estão a viver um sonho o facto de tocarem com o Eduardo Paím, artista que cresceram a verem os pais a ouvirem o cantor.
"O meu primeiro concerto com Eduardo Paím foi em Maio do ano passado a pedido do jornalista, Sérgio Rodrigues para fazer uma direcção artística e eu chorei porque vieram muitas memórias, depois ele apreciou o meu desempenho e me convidou para trabalhar com ele. Como baixista tem sido muito interessante porque o Eduardo Paím como produtor tem as músicas caracterizadas pelas linhas de baixo, porque ele pensa neste instrumento”, revelou o responsável da banda.
Omar tem 19 anos de idade e é percussionista. Revela que tudo tem acontecido de forma rápida por ter começado cedo a tocar em vários projectos e algumas vezes com General Kambuengo.
Eduardo Paím abriu o concerto com "Carnaval” numa noite onde fez dançar e cantar toda a gente. Temas como "Kutonoka”, "Som da Banda”, "Coração Partido” e "Foi Aqui” reviveram o romantismo e o patriotismo do artista no primerio bloco.
Na festa, o artista desfilou sucessos e reconheceu que o momento foi especial. Houve uma projecção de imagens com depoimentos de familiares e amigos. "Perdão”, "São Saudades”, "Chikitita”, "Rosa Baila” e muitos mais do alinhamento que fechou com "Cuidado com este muadié”, numa difícil escolha de reportório segundo o artista.
Eduardo Paím nasceu a 13 de Abril de 1964, em Brazzaville, Congo, e foi em Cabinda ainda criança que aprimora os dotes musicais. Conhecido como homem dos teclados, mas tem o baixo como o seu instrumento de eleição, como produtor foi um revolucionário e contribuiu na mudança e quebra de paradigmas no rumo da música angolana. Na discografia constam os álbuns: "Luanda, Minha Banda”, "Do Kayaya”, "Kambuengo”, "Kanela”, "Ainda a Tempo”, "Mujimbos” e "Maruvo na Taça”.
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