Política

Condições do Marco Histórico preocupam autoridades

António Cristóvão

Jornalista

Uma comissão do Ministério da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria está a trabalhar com os membros do Governo Provincial de Luanda para a reparação e conservação do Marco Histórico dos Heróis do 4 de Fevereiro, no município do Cazenga, anunciou, quinta-feira, o ministro João Ernesto dos Santos “Liberdade”.

05/04/2024  Última atualização 09H30
Vandalização do monumento do 4 de fevereiro na província de Luanda © Fotografia por: Arquivo
O governante disse à imprensa, na Baixa de Luanda, após a deposição da coroa de flores no Monumento do Soldado Desconhecido, no quadro das festividades do 4 de Abril, Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, que está "preocupado e triste com o actual cenário do Marco Histórico dos Heróis de 4 de Fevereiro”, depois de ter identificado as causas da falta da manutenção e protecção da infra-estrutura, no bairro Cazenga Popular.

 "Estamos a trabalhar, conjuntamente com o Governo Provincial de Luanda para encontrar uma solução e resolver a actual situação do Monumento do Cazenga, consagrado aos Heróis do 4 de Fevereiro”, disse João Ernesto dos Santos "Liberdade”, avançando que decorre a elaboração de novos projectos, a serem submetidos, a seu tempo, para "apreciação das autoridades competentes do país”.

 O ministro da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria destacou, no acto provincial em Luanda, os efeitos da paz: "Os três caminhos-de-ferro no país estão em funcionamento, transportando mercadorias para os diversos pontos do território nacional. Podemos dizer que valeu a pena o sacrifício concedido pelos melhores filhos da pátria e a eles felicitamos”.

 Apesar de 22 anos de paz e reconciliação nacional, o governante reconheceu, também, que ainda existem vias de comunicação por reabilitar e reconstruir no país. "Antes da paz e reconciliação nacional, não era fácil deslocar-se de Luanda a Mavinga ou de Luanda/Cazombo ou ao Dundo, mas actualmente está tudo facilitado. Actualmente, os angolanos circulam, livremente, no interior do território nacional”, reforçou.

 João Ernesto dos Santos "Liberdade” realçou que são 22 anos de trabalho, muita luta, reencontro de famílias desavindas, aproximação e convivência, que permitiram e continuam a proporcionar aos angolanos uma circulação dentro do país sem restrições, apesar de algumas vias de comunicação, por reabilitar e reconstruir.

 No acto provincial de Luanda, o ministro saudou os "construtores da paz”, desejando saúde e felicidade para todos, antes de considerar o 4 de Abril uma data importante para os angolanos, que devem trabalhar unidos para a sua preservação e manutenção.

 A cerimónia provincial começou com o hastear da Bandeira Monumento e a entoação do Hino Nacional, no Museu Nacional de História Militar (ex-Fortaleza de São Miguel), na Baixa de Luanda.

Cenário desolador

O Marco Histórico dos Heróis de 4 de Fevereiro, no município do Cazenga, inaugurado a 19 de Setembro de 2005, apresenta, actualmente, um cenário desolador, sem as placas de bronze com os nomes dos nacionalistas, repuxos de água inexistente, com capim seco e alguns gradeamentos da infra-estrutura danificados.

 Além deste panorama, tornou-se, também, num local de passagem das pessoas, para o repouso, consumo de álcool, reencontros nocturnos, campo para treino de equipas de futebol infantil, adolescentes e adultos.

 O Jornal de Angola constatou, ontem, vários cenários que desrespeitam o sítio, símbolo dos Heróis da Pátria, com a retirada das placas de bronze com os nomes dos comandantes Paiva Domingos da Silva e Imperial Santana.

 Em 2023, Engrácia Francisco Cabenha, a única mulher do grupo de três mil e 123 nacionalistas que havia atacado as cadeias do regime colonialista português, em 1961, lamentou as condições do Marco Histórico do 4 de Fevereiro e exigiu a restituição das placas.

 Segundo informações oficiais obtidas no Museu Nacional de História Militar, a construção do Marco Histórico dos Heróis de 4 de Fevereiro custou ao erário perto de cinco milhões de dólares, tendo uma escultura de 24 metros de altura, duas estátuas de seis metros, cada uma, representa as figuras de Paiva Domingos da Silva e Imperial Santana a segurarem as catanas, numa acção de ataque.

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