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A escritora Cremilda de Lima lança hoje, às 14h00, na União dos Escritores Angolanos, em Luanda, a edição especial da obra “Mussulo – Uma Ilha Encantada”, a ser apresentada pela actriz Solange Feijó. Sob chancela da editora Ésobrenós, a edição desta conhecida história da literatura infantil angolana resulta da ideia original da quinta edição do projecto artístico LiterArte, realizado no ano passado, que tinha como temática “Mussulando com a arte”. Inspirado no conto de Cremilda de Lima, o projecto visou promover a comunhão entre a literatura e as artes plásticas.
A promotora cultural Alzira Simões e o artista plástico Jardel Selele juntaram cerca de 32 crianças, com idades compreendidas entre 9 e 18 anos, que participaram na quinta edição do LiterArte, oriundas de quatro instituições sediadas em Luanda. Foram as crianças quem pintaram os quadros que ilustram a estória.
"Além da história, traz todos os quadros que as crianças fizeram, que reflectem a história. É um livro que vale a pena ler e sentir por abarcar a literatura e a arte. É um livro de que tenho muito orgulho de o apresentar”, defendeu a escritora.
O conto "Mussulo – Uma Ilha Encantada” foi primeiramente publicado no final dos anos 1980, numa edição da revista TVEJA, que reuniu as estórias de quatro autores, nomeadamente Maria João Chipalavela, Gabriela Antunes, Dario de Melo e Cremilda de Lima. O conto de Cremilda de Lima tinha como título "As Asas Brancas da Gaivota”. Entretanto, em 2003 os quatro autores lançam as histórias em livro, na conhecida sessão da noite dos poetas, no dia 18 de Setembro.
"Já lá vão 21 anos. Quem tinha lido a história foi a Gabriela Antunes, que gostou imenso do conto. Agora, surge novamente, e pela primeira vez como livro individual, que era um sonho que eu tinha há muito tempo. Porque, às vezes, quando há um livro que junta quatro estórias, era bom que realmente nas bibliotecas e escolas este livro circulasse já dentro de um Plano Nacional de Leitura”, sublinhou Cremilda de Lima.
Com mais de 40 anos de vida literária, Cremilda de Lima recordou "o tempo em que a literatura fazia parte da vida de todos”, nos finais dos anos 1980, que considera ser o período em que havia muitas feiras e os livros eram vendidos a preços módicos e outros até eram oferecidos. "Os livros estão mais caros e as editoras também estão a viver dificuldades. Porque o processo económico que envolve a edição de um livro é muito complicado. Deveria haver um mecenato para este sector. É preciso que os meninos conheçam, ainda a partir do berço, as nossas raízes. Acho que isso joga um papel muito forte na educação. Mas, livros estão muito caros”, lamentou a escritora.
Sobre os objectivos comerciais das editoras, Cremilda de Lima avaliou que a maior parte dos livros publicados são novos, não havendo uma política de reedição de obras. "Quase não há reedições. Eu tenho mais de quarenta histórias infantis publicadas. Interessa-me mesmo que haja livro para as crianças”, sublinhou.
Passagem de testemunho
O responsável da editora Ésobrenós, o escritor Lucas Cassule, disse que é a segunda vez que trabalha com Cremilda de Lima, tendo referido ser "uma bênção”. No ano passado publicaram o seu poemário "Brasas reacendem imagens”.
Pessoalmente, reconheceu, sempre achou essa relação com os mais velhos uma mais-valia, seja a nível da profissão da escrita, bem como lidar com tudo o que virá pela frente.
"A tia Cremilda de Lima faz questão de não deixar a sua passagem despercebida, é bastante amável e dedicada. Uma verdadeira mestre”, partilhou.
Para Lucas Cassule, o lançamento é claramente uma forma de homenagear a escritora, uma oportunidade criada para juntar pessoas e celebrar e aplaudir pelo vasto contributo na educação e na literatura infanto-juvenil. O responsável da edição do livro avançou que estarão disponíveis quinhentos exemplares.
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