Cultura

Cultura prepara reformas no Carnaval

Manuel Albano |

Jornalista

A melhoria do Carnaval é uma das metas do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente para os próximos anos, informou, o titular da pasta, Jomo Fortunato, que pretende implementar reformas na “festa do povo”, para a tornar mais atractiva.

13/04/2021  Última atualização 10H09
União Kiela e Maravilha dos Santos foram homenageados pelo contributo dado ao Entrudo © Fotografia por: Vigas da Purificação| Edições Novembro
O ministro chamou ainda a atenção à  importância da diversificação do júri, que deve ser integrado por várias sensibilidades, capazes de serem imparciais e assim dar uma classificação mais justa, sem qualquer favorecimento. "Temos, também, que trabalhar para mudanças e melhorar a qualidade dos seminários para o júri”, disse.

O objectivo principal, continuou, é tornar a maior manifestação cultural do país num produto turístico atractivo e isso passa pela melhoria da apresentação, estética e avaliação do júri. "Os grupos podem ter uma intervenção na constituição do júri, em parceria com a Associação Provincial do Carnaval de Luanda (APROCAL)”, disse.

Jomo Fortunato acredita que, muitas vezes, os convidados a fazer parte de todo o processo, desde os formadores ao júri, podem não compreender a génese do próprio Carnaval. "É importante que o contributo seja dado para a melhoria do produto Carnaval”.

A existência de grupos com alguma tendência histórica, adiantou, não deve ser um entrave as mudanças e as dinâmicas dos novos desafios. "Defendemos que o Carnaval seja preparado de forma antecipada, porque só assim teremos um produto agradável do ponto de vista estético e de impacto”, reforçou.

Todos envolvidos no processo de produção do Entrudo, destacou, devem ajudar a encontrar os mecanismos para melhorar a "festa do povo”, mas num contexto de desafios permanentes. "Devemos repensar os critérios de classificação da dança, corte, painel, alegoria, canção, comandante e falange de apoio, bem como, melhorar o regulamento do Carnaval”, adiantou.

Homenagens
As homenagens aos comandantes dos grupos carnavalescos, como a realizada sexta-feira, durante o acto de apresentação da Revista do Carnaval, vai permitir ao Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente corrigir a sequência de "um conjunto de injustiça”, registado ao longo dos anos, no reconhecimento das principais figuras que contribuíram para a formação da história do Carnaval.

Na cerimónia, realizada no Arquivo Nacional de Angola, em Luanda, que serviu ainda para homenagear o União Kiela e a comandante Maravilha Dias dos Santos, o ministro alertou para a herança oriunda do "Carnaval da Vitória” e a possibilidade de mudanças. "É a oportunidade para os Governos provinciais, associações, investigadores e admiradores do Carnaval, remeterem ao ministério, as contribuições e ideias para seu o melhoramento”.

As contribuições, explica, devem ser sempre numa perspectiva de diálogo aberto, com todas as franjas da sociedade artística, em especial as ligadas ao Carnaval. "Os grupos devem ser um pouco mais abertos, embora reconheça que muitos são compostos de estruturas familiares fechadas e não admitam contribuições de outras pessoas”.

Aberturas
Outro aspecto importante, defendeu, mesmo compreendendo a natureza da composição de alguns grupos, são os cantores conhecidos, que deveriam estar mais susceptíveis, sobretudo, na melhoria das canções do Carnaval. "Se queremos ter um produto de qualidade, atractivo e comercializável precisamos estar preparados para as inovações, no sentido de se conseguir também um produto cultural passível de fruição”, aclarou.

Quanto à Revista do Carnaval, convidou todos aqueles que têm textos sobre o Entrudo a dar mais subsídios para melhoria das próximas edições. "Estamos abertos às contribuições. Há um certo preconceito em escrever sobre o Carnaval, que deve ser ultrapassado, para melhorar os conteúdos e ter a revista como fonte de pesquisa”.

Para Jomo Fortunato, é importante que se leve o assunto do Carnaval, ao nível dos estudos universitários. "Precisamos escrever a história dos grupos, origem, constituição e as figuras que são parte da história cultural angolana. Os fazedores do Carnaval devem começar a perder o preconceito e escrever sobre essas figuras”, disse.

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