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Suécia reforça poderio militar e mobiliza as forças no Báltico

O Parlamento sueco aprovou, recentemente, o reforço do orçamento da Defesa para os próximos cinco anos em mais de 2.4 mil milhões de Euros, distribuídos em parcelas anuais de 470 milhões a começar já a ser disponibilizado no próximo ano.

29/09/2020  Última atualização 23H10
DR © Fotografia por: Autoridades suecas querem garantir a prontidão e capacidade de resposta às ameaças externas

Há poucos dias, o Ministério da Defesa assinou uma declaração trilateral de intenções com os vizinhos da Finlândia e Noruega para fortalecer a cooperação militar operacional e garantir prontidão e capacidade na coordenação de respostas a ameaças de segurança na região.

Em Agosto, este membro nórdico da União Europeia e parceiro externo da OTAN retomou exercícios militares na maior ilha do Báltico (Go-tland), um sinal para o vizinho do Leste, a Rússia, acusada, recentemente, de ter violado o território marítimo sueco com a aproximação excessiva de dois navios de guerra da ilha de Vinga.

À primeira vista, Gotland pode não parecer um posto militar estratégico, mas no final de Agosto este habitual retiro de Verão dos suecos foi palco de exercícios balísticos numa escala nunca ali vista depois do final da Guerra Fria.

"Foi um acto de demonstração da defesa da integridade e soberania suecas. Foi o que podemos chamar de um sinal de segurança do nosso lado", disse à Euronews o ministro da Defesa da Suécia, admitindo haver um destinatário bem definido para esse sinal.

Peter Hultqvist diz ter visto, ao longo dos tempos "mais actividades militares e exercícios cada vez mais complexos", que considera serem "provocações do lado russo, que têm feito voos de grande proximidade a aviões suecos”.

Tensão a crescer no Mar Báltico

A Suécia não faz parte da Aliança Atlântica, mas tem sido um parceiro "activo em operações de paz e segurança" que tem tentado conter os supostos impulsos expansionistas da Rússia na região desde a anexação da Crimeia em 2014.

As recentes actividades militares de ambos os países confirmam a instabilidade crescente na fronteira Leste da União Europeia.

Johan Wiktorin, da Real Academia Sueca de Ciências de Guerra, enumera os actuais pontos sensíveis nas fronteiras europeias: "Temos tensão no Sul, com a Líbia, tensão na Síria, há o atrito entre Grécia e Turquia, temos o proble-ma da Ucrânia na Europa de Leste, com a Crimeia e agora temos a revolta na Bielorrússia, além da actividade militar no Mar de Barents e no Árctico."

"Temos visto na orla europeia diversos pontos de tensão a inflamar. Por isso, as diferentes forças estão a mostrar sinais de prontidão militar e a avaliar as defesas rivais", considerou este estudioso das ciências de guerra, em declarações à Euronews.

A Suécia não parece querer ser apanhada desprevenida. Parte do recente reforço orçamental das Forças Armadas será alocada aos recursos militares na ilha de Gotland.

Anelises Borges, a enviada especial da Euronews à Suécia, explicou que "o regimento de Gotland está a ser recupe-rado depois das operações ali terem terminado em 2005". "O objectivo é expandir a presença militar na ilha nos próximos anos", acrescenta Anelise Borges.

"O plano que eu vi prevê manter a expansão em Go-tland com a mobilização de mais unidades, mais pessoal, mais equipamento e inclusive mais infra-estruturas. Por isso, penso que este desenvolvimento militar na ilha vai prolongar-se por mais cinco ou dez anos", revelou o coronel Mattias Ardin, actual comandante do regimento de Gotland.

Actualmente, pelo menos, 300 soldados, veículos de combate, sistemas de defesa aérea e aviões a jacto estão estacionados naquela ilha de três mil metros quadrados, a maior do Báltico.

Não é ainda uma ilha mui-to conhecida no resto da Eu-ropa, mas isso pode mudar ao tornar-se uma peça im-portante no tabuleiro da geopolítica europeia.

"A ilha é importante para os países bálticos, para a Finlândia e para a Suécia continental", sublinhou o ministro da Defesa sueca Peter Hultqvist.