Cultura

Director da Cultura lamenta pouco investimento em infra-estruturas

Manuela Gomes

Jornalista

O fraco investimento nas artes, em especial em infra-estruturas, é um problema a ser resolvido o mais rápido possível, por meio de mais programas e projectos públicos, defendeu, sábado, em Luanda, o director da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto.

29/03/2021  Última atualização 12H21
Manuel Gonçalves quer mais participação dos agentes culturais © Fotografia por: Vigas da Purificação| Edições Novembro
Manuel Gonçalves reconheceu, durante a II Mesa Redonda sobre o Dia Mundial do Teatro, assinalado a 27 deste mês, que a falta de salas convencionais para as artes, particularmente a dramaturgia, tem gerado muitas reclamações. "Sabemos que a falta de infra-estruturas é um problema que precisa de uma solução, mas atendendo às condições, menos boas, do ponto de vista financeiro do país, não conseguimos dar resposta”, lamentou. 

Os programas de investimento público, acrescentou, seriam a solução parcial deste problema. O Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos tem trabalhado, com alguns grupos da capital, para transformar determinados anfiteatros escolares em palcos para exibições. "Desta forma a inserção da prática cultural chega também às escolas”. 


Políticas  
A falta de uma política cultural do Estado para o incentivo e fomento do teatro foi um dos temas em debate no encontro e para Manuel Gonçalves tal facto não é verdadeiro, pois o Executivo tem uma Política Nacional da Cultura, com as estratégias e orientações sobre as actuações em termos das acções culturais no país. "Além dessa política há também o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN), que também inclui a cultura e as artes. Mas, apesar da primeira responsabilidade ser do Estado não deve ser colocada toda a responsabilidade sobre este, mas também aos agentes culturais, pois o Estado tem a responsabilidade de apoiar, incentivar e criar políticas, mas em termos de materialização este processo deve ser dinamizado pelos agentes culturais”, explicou. 


Infra-estruturas
O actor Manuel Teixeira, um dos prelectores, falou no encontro sobre "As infra-estruturas para o teatro” e lamentou o facto de mesmo as novas centralidades, construídas pelo país, não terem salas ou espaços para as artes. 

"Se tivesse, pelo menos, um mini-anfiteatro em cada novo foco habitacional, seria uma mais-valia para o teatro”, sublinhou, acrescentando que a falta desses espaços tem contribuído para a debilidade dos actores. "Só pode haver teatro de qualidade caso hajam salas em condições”.  
O antigo "Teatro Avenida”, lembrou, era como uma "catedral” do teatro em Angola. "O sonho de todo actor era actuar no Avenida.  Hoje é preciso que seja criada uma sala adequada para o teatro”, disse.  

Para a directora do Nacional Cine Teatro, outra das convidadas ao debate, é lamentável o facto de, aos poucos, assistir-se à "destruição” do referido espaço, com estruturas adequadas para o teatro. "Embora não se façam espaços novos, esperamos, no mínimo, que a conservação dos já existentes seja garantida. Outro por exemplo é o Cine Karl Marx, que está há mais de cinco anos fechado, à semelhança do Nacional Cine Teatro, encerrado devido ao risco de desabar, mas continua intacto até hoje”, criticou. 


Interligação
O presidente da Associação Angolana de Teatro (AAT), Adelino Caracol, lamentou, durante o debate, a falta de interligação entre as estruturas regentes da Cultura do país e os fazedores de arte.   Uma das principais dificuldades para o fomento do teatro no país, disse, ao Jornal de Angola, no final, é a falta de apoios regulares, assim como a definição de políticas governamentais concretas sobre alguns sectores da Cultura, particularmente o teatro, e a inexistência de infra-estruturas adequadas.

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