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Estados Unidos tenta impedir ataque a Rafah

O conselheiro do Presidente dos Estados Unidos para o Médio Oriente abre nova linha de contactos políticos com o Egipto e Israel, numa tentativa de avançar no acordo sobre a libertação dos reféns, alcançar uma trégua e um entendimento sobre a ofensiva em Rafah.

22/02/2024  Última atualização 10H25
Brett McGurk desenvolve contactos no Médio Oriente para um período de trégua em Gaza © Fotografia por: DR

Brett McGurk, coordenador da Casa Branca para o Médio Oriente e Norte da África, lidera as discussões técnico-políticas muito importantes no quadro actual do conflito em Gaza, adiantou ontem o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

A deslocação de McGurt ocorre num momento em que os Estados Unidos da América e dois outros mediadores, Qatar e Egipto, tentam garantir, antes do Ramadão, com início a 10 de Março, um novo acordo de trégua que permita uma pausa de várias semanas nos combates, acompanhada pela libertação de reféns.

O principal líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, esteve ontem no Cairo, cidade que acolhe os contactos para a ajuda aos palestinianos, mas não há expectativas de um avanço neste sentido, de acordo com a Associated Press (AP).

As negociações de McGurk têm como objectivo tentar "concretizar o acordo sobre os reféns", sublinhou Kirby em declarações aos jornalistas. McGurk também reiterará as preocupações do Presidente norte-americano, Joe Biden, sobre uma operação em Rafah sem protecção de civis, garantiu Kirby, citado pela agência France-Presse (AFP).

Israel tem rejeitado os repetidos apelos para poupar Rafah, uma cidade no Sul de Gaza, onde cerca de 1,4 milhões de palestinianos deslocados estão amontoados após fugirem de pesados bombardeamentos israelitas no enclave.

"Nas actuais circunstâncias, independentemente da segurança destes refugiados, continuamos a acreditar que uma operação em Rafah será um desastre", insistiu hoje Kirby. Na terça-feira, os Estados Unidos vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo imediato em Gaza, dizendo que a adoção do texto teria prejudicado as negociações em curso.

Hudhis mantêm as acções na região do Mar Vermelho

Os rebeldes huthis do Iémen afirmaram ontem que alguns Estados europeus deveriam ter pressionado Israel para travar a ofensiva na Faixa de Gaza, em vez de centrar esforços na escolta de navios no Mar Vermelho.

"A navegação internacional nos mares Vermelho e Arábico e no [Estreito de] Bab al-Mandeb é segura. Todos os barcos do mundo passam com segurança, com excepção dos israelitas ou dos que se dirigem para os portos da Palestina ocupada", assegurou o porta-voz do grupo, Mohamed Abdusalam, na rede social X.

Neste sentido, reiterou que "não há necessidade de militarização do Mar Vermelho", ao mesmo tempo que reivindicou o "direito legítimo" dos insurgentes xiitas a responder à "agressão anglo-norte-americana", referindo-se aos esforços da coligação internacional para deter os ataques dos huthis aos navios mercantes que navegam na zona.

"O que o mundo espera com impaciência não é a militarização do Mar Vermelho, mas uma declaração urgente e alargada de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, por razões humanitárias que são claras para todos", insistiu.

Estas declarações são uma resposta à decisão da União Europeia, que na segunda-feira aprovou a operação Aspides, uma missão naval no Mar Vermelho para escoltar e proteger os navios mercantes dos ataques dos rebeldes iemenitas.

A missão é composta por quatro fragatas, de França, Alemanha, Grécia e Itália, que também vai ter uma partilha aérea na zona, com o objectivo de escoltar os navios mercantes que naveguem no Golfo Pérsico, Golfo de Omã, Golfo de Áden e Mar Vermelho.

Franceses abatem drone dos hudhis 

As Forças Armadas francesas afirmaram ontem ter interceptado no espaço aéreo sobre o Mar Vermelho e golfo de Aden dois 'drones' lançados pelos Huthis a partir do Iémen, na sua primeira intervenção no âmbito da missão naval da União Europeia (UE).

"Durante a noite de 19 para 20 de Fevereiro, as fragatas francesas detectaram múltiplos ataques de 'drones' a partir do Iémen nas suas zonas de patrulha respectivas no golfo de Aden e no Sul do Mar Vermelho", disse o Ministério da Defesa francês.

Desta forma, e no que se supõe ter sido a primeira intervenção militar francesa da missão que tenta confrontar os ataques dos huthis iemenitas, o Ministério argumentou que "as acções contribuem para a segurança marítima do canal do Suez e do estreito de Ormuz, e incluem-se na defesa da liberdade de navegação internacional.  

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