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Ministra das Mulheres denuncia violações sexuais em Tigray

A ministra das Mulheres etío-pe, Filsan Abdullahi Ahmed, afirmou, ontem, que se registaram “de forma conclusiva e sem quaisquer dúvidas” violações na região de Tigray, durante um raro reconhecimento governamental de vítimas civis durante os 100 dias de combates.

16/02/2021  Última atualização 12H14
Ministra das Mulheres da Etiópia, Filsan Abdullahi Ahmed © Fotografia por: DR
Filsan Abdullahi Ahmed fez esta declaração após uma equipa ter visitado Tigray para investigar relatos de agressões sexuais, numa região de cerca de seis milhões de pessoas, que permanece largamente isolada do mundo.
"Esperamos a investigação destes crimes horríveis”, disse a ministra, citada pela agência Associated Press (AP), acrescentando que uma equipa do gabinete do procurador-geral está a analisar a informação, mas não adianta quantos casos de violação os membros da "task force” recolheram ou que partes da região do Tigray visitaram. Um porta-voz do gabinete do procurador-geral não respondeu às perguntas enviadas pela agência Associated Press.

A declaração da ministra surgiu depois da Comissão Etíope dos Direitos Humanos afirmar, num novo relatório, que 108 violações tinham sido relatadas a estabelecimentos de Saúde nos últimos dois meses na capital do Tigray, Mekele, e às comunidades de Adigrat, Wukro e Ayder.
"Estruturas locais como a Polícia e os centros de Saúde, onde as vítimas de violência sexual normalmente iriam denunciar tais crimes, já não existem”, refere o relatório, que reconhece a possibilidade do número real de casos ser maior e mais generalizado do que os casos denunciados. Várias testemunhas contaram à AP casos de alegadas violações por soldados etíopes ou da vizinha Eritreia, um inimigo dos líderes fugitivos do Tigray cuja presença o Governo etíope nega.

No mês passado, o representante especial das Nações Unidas para a Violência Sexual em Conflitos afirmou que "graves alegações de violência sexual” tinham surgido em Tigray, enquanto mulheres e raparigas enfrentavam uma escassez de kits de violação e drogas contra o VIH, devido às restrições do acesso à ajuda humanitária."Há também relatos perturbadores de indivíduos alegadamente obrigados a violar membros da sua própria família, sob ameaças de violência iminente”, disse Pramila Patten na declaração das Nações Unidas.
"Algumas mulheres também foram forçadas por elementos militares a fazer sexo em troca de produtos básicos, enquanto centros médicos indicaram um aumento na procura de contracepção de emergência e testes para infecções sexualmente transmissíveis”, disse.

Ontem, o Governo do Sudão, acusou as Forças Armadas da Etiópia de terem cruzado a fronteira para o seu território num acto de "agressão”.Numa nota a que a Efe teve acesso, o Ministério das Relações Exteriores do Sudão refere que "a invasão pela Etiópia do território sudanês é uma escalada infeliz e inaceitável, que pode ter repercussões perigosas à segurança e à estabilidade da região imediatamente encontradas pela agência noticiosa AFP para comentários.
Os conflitos eclodiram, ano passado, entre forças do Sudão e da Etiópia em Al-Fashqa, uma área organizada por agricultores etíopes que fica no lado sudanês de uma fronteira demarcada no começo do século XX. Já no mês passado, o Sudão alegou que aviões etíopes haviam cruzado a fronteira, o que a Etiópia nega.

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