Reportagem

Mungo, uma referência na produção do café arábica

Sérgio V. Dias | Huambo

Jornalista

O município do Mungo, na província do Huambo, que hoje assinala 60 anos, destaca-se na produção de café arábica, que é a grande marca da municipalidade.

07/10/2023  Última atualização 09H41
Município assinala hoje 60 anos © Fotografia por: Edições Novembro
Criado pela portaria nº 12.925, de 7 de Outubro de 1963, o município assinala a data sob o lema "Mungo, 60 anos: mais trabalho rumo ao desenvolvimento”.

O administrador municipal, Domingos Pascoal Kalei, fala na existência de uma estufa que vai permitir a produção de cerca de 700 mil mudas de café.

O responsável do Mungo sublinhou que a produção de café arábica começou na aldeia de Kangongo, onde as colheitas foram promissoras, o que permitiu estender a plantação para outras aldeias do município.

Na abordagem ao Jornal de Angola, o administrador aponta dados animadores da produção de café arábica no Mungo, lembrando que, com o apoio dos técnicos da Extensão de Desenvolvimento Agrário (EDA) e da Direcção da Agricultura do Huambo, os camponeses não precisam de se deslocar para a comercialização do produto.

"São os compradores que vão ao encontro do produtor”, disse Domingos Kalei, acrescentando que o Mungo conta com 16 cooperativas e produtores individuais de café arábica, que ocupam uma extensão de cem hectares.

O responsável máximo da municipalidade referiu que o sustento das famílias locais não depende apenas da produção do café arábica. No sector agrícola, sobressaem, ainda, as culturas do milho, feijão, hortícolas, entre outras. Por essa razão, aponta a necessidade de se apoiar os camponeses com meios agrícolas, com realce para os que possibilitem a irrigação para que se produza o ano todo, uma vez que esta é feita de forma sazonal.

Acções do PIIM

O administrador de Mungo falou de oito acções estruturantes na carteira do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), sete das quais de infra-estruturas e uma ligada à aquisição de bens e serviços.

Domingos Kalei destacou, a esse propósito, a construção de quatro postos de saúde em igual número de ombalas, assim como de três escolas de sete salas de aula cada.

"Neste universo de quatro postos de saúde serão atendidas mais de sete mil famílias, encurtando as distâncias que percorrem hoje ao encontro dos serviços de assistência médica e medicamentosa”, assegurou.

O administrador do Mungo revelou ainda que as acções do PIIM em curso na região animam a população local, "porquanto a Educação e Saúde fazem um casamento perfeito no quadro do desenvolvimento humano”.

Turismo local

O município do Mungo sobressai também pelas potencialidades turísticas que ostenta, embora clame pela sua requalificação e exploração, segundo o administrador Domingos Kalei. Apesar disso, o responsável admite ser pouco explorado a componente turística, razão pela qual defende um trabalho mais aturado por parte das autoridades locais para se inverter o actual quadro da chamada indústria da paz.

Entre outros pontos turísticos de referência, o destaque vai para a Ilha do Kuilo-Ombala de Chiteva, a Catarata Ulumba, bem como as zonas de Mbangombali, Ombia Yasuku e das Pedras Rupestres de Kaniñgili. As Pedras de Munda Humbi, de Chimbando (situada na ombala de Kelinha) e as Quedas do Rio Hungula, na região Nazar Nguenje completam a componente turística desta parcela da província do Huambo.

Mini-hídricas

Em relação ao sector da Energia e Águas, está prevista a construção de duas mini-hídricas nos rios Luvalo e Cussango, respectivamente. "O desafio passa por aumentar a capacidade de produção, quer de energia quer do precioso líquido”, informou o administrador.

O Mungo tem uma superfície de 5.400 quilómetros quadrados e uma população estimada em 153 mil habitantes, que se dedicam essencialmente à agricultura. Além da comuna sede, o Mungo conta ainda com a do Cambuengo, sendo limitado a Norte por Calussinga e a Sul pelo rio Cutato (situada no Cunhinga), ambos municípios circunscritos ao Bié, ao passo que e a Este pelo Lunge, Bailundo.

Terra de recursos minerais

Com uma população estimada em 153 mil habitantes nas 374 aldeias, 31 ombalas e cinco destacadas povoações, designadamente as de Gandarinha, Alto Cayumbuca, Missassa, Chiweca e Cangongo, o município do Mungo dispõe de grandes recursos minerais. O administrador da circunscrição, Domingos Kalei, destaca nesse particular, a prospecção de ouro e terras raras. Os recursos destacados na região são o diamante, ferro, manganês, fosfato e o cobre.

Já em relação à fauna, é constituída fundamentalmente por lebres, hipopótamos, crocodilos, jacarés, javalis, capotas, serpentes, coelhos, perdizes, bem como as conhecidas cabras e galinhas do mato.

Já em relação à flora, o município é caracterizado por florestas densas, anharas, bosques e savanas, onde predominam as gramíneas com árvores e arbustos.

 Breve historial do Longonjo

Com uma população em cerca de 130 mil habitantes, o município do Longonjo assinala, hoje, 7 de Outubro, 60 anos. Localizada a cerca de 60 quilómetros a Este da sede provincial do Huambo, a circunscrição foi elevada à categoria de município a 7 de Outubro de 1963, pela portaria nº 10.955 do então Distrito de Angola.

Reza a história que a vila passou a chamar-se Longonjo pela sua proximidade à pequena montanha que dista a 12 quilómetros a norte da sede, que era conhecida como "Longondjo”. A mesma era utilizada como objecto de transportação de mercadorias do interior do país para o litoral e vice-versa.

No momento de abertura das estradas e do Caminho-de-Ferro de Benguela, este ponto do Longondjo passou também a servir para a transportação de brita. Porém, com a concentração das populações e consequentemente a expansão da rede comercial, o Posto Administrativo do Lépi colocou um "cipaio”, chamado Joaquim Kachinduli, que passou a controlar esta localidade até 1959, data em que o Longonjo administrativamente deixa de depender do Lépi.

Antes, o Posto Administrativo do Lépi controlava o Longonjo, a antiga vila Robert-Williams (actual Caála), assim como o então Cuma, agora denominado Ucuma.

Com uma superfície territorial de 2.915 quilómetros, o Longonjo é um dos 11 municípios da província do Huambo. Na zona Sudoeste é limitado pelos municípios da Caála e do Ucuma, a Oeste pela Caála. Já na parte Sul tem como ponto limítrofe o município de Caconda (província da Huíla) e a Sudeste o da Ganda (Benguela).

Vale lembra que, além da sede municipal, o Longonjo conta com as comunas do Lépi, Chilata e de Catabola.

Pesquisa de mina em curso na urbe

O Longonjo destaca-se, ainda, pelo facto de possuir as conhecidas "terras raras”, localizadas na montanha Tchimbilundo, nos arredores da sede municipal.

Com efeito, numa visita de trabalho ao Huambo, em Maio último, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, disse estarem a decorrer, desde 2018, os trabalhos de prospecção, na expectativa de que se concluam, com êxito, para se dar início à exploração. O governante, que falava à imprensa, depois de ter reinaugurado o complexo escolar nº 49, da comuna do Lepi, reabilitado e apetrechado pela HM Grupo, no quadro das responsabilidades sociais da empresa que actua no sector mineiro, acrescentou que a fase de prospecção pode chegar até sete anos e, em casos de força maior, pode ser prorrogado, tal como aconteceu neste caso do Longonjo, devido aos constrangimentos criados pela pandemia da Covid-19.

Com cerca de 23 biliões de toneladas de minério bruto, a reserva mineral do município do Longonjo de "terras raras” é composta, especialmente, de neodímio (Nd) e o praseodímio (Pr), actualmente explorados por menos de cinco países. Estes minerais são utilizados como matéria-prima para o fabrico de ímanes permanentes ultra-fortes e leves, para uso final em veículos eléctricos, turbinas eólicas, electrónicos modernos como telefones celulares.

"Acredito  que teremos boa colheita nesta época”

O que nos pode dizer sobre as obras do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) no vosso município?

O andamento das obras no âmbito do PIIM, no Longonjo, pode ser considerado de positivo, pois o nosso município conta com 89 por cento de acções já concluídas.

Quantas acções estão enquadradas nesse programa?

Na nossa carteira do PIIM estão enquadradas 26 acções, das quais 12 de aquisições e 14 empreitadas de obras públicas. Destas 12 acções já foram concluídas e duas paralisadas.

O que representam estas mesmas obras para o desenvolvimento do município?

Estas empreitadas representam o aumento do índice do desenvolvimento do capital humano, melhor atendimento no sector da Saúde e não só.

Existem acções no domínio da energia e água?

Relativamente a este ponto, o município do Longonjo não foi agraciado com acções quer no sector de Energia quer nos das Águas.

E na área da Educação e Saúde?

Sobre a construção de infra-estruturas no sector da Educação e da Saúde apraz-me dizer que foram construídos e apetrechados três postos de Saúde, quatro escolas, sendo três do ensino primário, com 21 salas de aula e uma do II Ciclo (no caso concreto o Instituto Politécnico), que conta com 15 salas.

No domínio dos projectos habitacionais, como está servido o município?

Nesse domínio destacamos o projecto dos 200 fogos habitacionais, que já foi implementado faz alguns anos a nível das várias municipalidades do país.

Que apoios têm sido prestados ao sector da Agricultura?

No sector da Agricultura temos a referir que os camponeses têm sido beneficiados com ‘inputs’ distribuídos pelo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) e no âmbito do Programa Integrado de Desenvolvimento Local de Combate à Pobreza (PIDLCP). A época agrícola 2023/2024 teve um arranque bom, atendendo à frequência das quedas pluviométricas, aliadas à distribuição e venda subvencionada dos meios de produção. Contudo, somos a concluir que será uma época de boa colheita das principais culturas, como milho, feijão, hortícolas e tubérculos.

Na vertente da formação profissional, que incentivos têm sido dados pelas autoridades do município para apoiar a juventude?

Nessa vertente a Administração Municipal tem empreendido esforços em colaboração com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP) para o fomento do emprego, sobretudo no seio da juventude. Portanto, aqui no Longonjo tem se apostado, de facto, na formação técnico-profissional em diferentes áreas do saber, fazendo-se, também, a atribuição de kits para estimular essa empreitada. Outra novidade no nosso município é o surgimento do Instituto Politécnico que foi construído no âmbito do PIIM, cujas aulas terão início ainda no presente ano lectivo, com os cursos de Gestão de Empresas, Informática de Gestão, Administração Local do Estado e Autarquias e Gestão de Recursos Humanos, respectivamente.

Qual é o estado das estradas no município?

O estado das vias de acesso ao município do Longonjo pode-se caracterizar como razoável. Na generalidade, as estradas que cruzam este território da província do Huambo carecem de uma intervenção profunda. Aqui podemos ainda realçar a premente necessidade de se asfaltar a estrada que liga a sede do município com as comunas da Catabola e da Chiata.

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