Reportagem

Novas infra-estruturas sociais renovam esperanças dos munícipes do Huambo

Em dia de comemoração de mais um aniversário da cidade do Huambo, os munícipes da urbe festejam os 111 anos com energias renovadas, devido às grandes mudanças que se registam ultimamente, sobretudo com a edificação de novas infra-estruturas.

22/09/2023  Última atualização 08H15
Programa de recuperação e ampliação de infra-estruturas sociais © Fotografia por: Joaquim Armando e Délio Malacriz | Edições Novembro/ Huambo
Justino Victorino |Huambo

Lema dos festejos

"Huambo 111 anos a construir o futuro” é o lema dos festejos deste ano, marcados por actividades culturais, desportivas, debates radiofónicos e palestras sobre a história da fundação da cidade, tradições culturais e perspectivas de desenvolvimento da região, que decorrem desde o início do mês.

Nestes dias de festas, iniciadas 4 de Setembro e término no fim do mês, a cidade ficou praticamente pequena para os milhares de visitantes de diferentes províncias que escalam o Huambo.

Nesta altura, um vasto programa de recuperação e ampliação de infra-estruturas sociais, melhoramento do saneamento básico, requalificação e ordenamento territorial da cidade estão em curso, há já algum tempo. Surgem, ainda, novos espaços verdes. Passeios e lancis estão também em recuperação, com vista a proporcionar maior conforto, tranquilidade e segurança aos munícipes e visitantes.

Obras nas estradas

Em curso no município sede da província do Huambo estão, ainda, obras de extensão de 148 quilómetros de estradas, asfaltagem das vias secundárias e terciárias, em algumas artérias e bairros periféricos. Todas essas empreitadas e a edificação de novas infra-estruturas estão a criar um sentimento de confiança aos habitantes da urbe.

A Administração Municipal tem, também, no seu cronograma de acções, a recuperação da cidade e a criação de mais infra-estruturas sociais básicas e de lazer para torná-la mais bonita e atraente, criando, deste modo, um ambiente de habitabilidade mais condigno às populações.

Ganhos na Saúde

No diz respeito ao sector da Saúde, em pouco menos de cinco anos, o município sede do Huambo registou um crescimento assinalável, com o aumento e melhoramento dos serviços de atendimento hospitalar às populações. A ideia, segundo o director municipal da Saúde, Miguel Balaca, é alargar estes serviços, a todos os habitantes da região, que cresce consideravelmente.

Na abordagem ao Jornal de Angola, o responsável sublinhou que no passado, a rede sanitária era assegurada por 59 unidades e agora estão em funcionamento 64, incuindo dois hospitais de referência, postos e centros de saúde. Miguel Balaca realçou que, no âmbito do programa de aumento e melhoria dos serviços sociais básicos, está a ser construído na parte alta de cidade, um Hospital Pediátrico, cujo lançamento da primeira pedra ocorreu em Fevereiro.

A conclusão da referida obra, de quatro pisos, vai permitir a redução do fluxo e pressão que o Hospital Geral regista nos últimos tempos. Assegurou, ainda, que o Governo  Províncial vai continuar a investir em infra-estruturas para o sector, com vista a melhorar a assistência médica e medicamentosa aos munícipes.

Além das enfermarias, o futuro Hospital Pediátrico do Huambo vai contar com quatro blocos e três salas de parto. Serviços de urgência, fisioterapia, imagiologia, endoscopia, diagnósticos nas áreas de Raio X, fluoroscopia, mamografia, tomografia computadorizada e outros serviços farão parte igualmente da infra-estrutura, que terá uma capacidade de internamento de 200 camas.

A unidade hospitalar inserida no Programa de Investimentos Públicos está orçada em 136.534.371,40 dólares, prevendo-se juntar a vertente da formação na componente da assistência médica. Segundo o responsável do sector, o município sede do Huambo controla 37 médicos, mil enfermeiros e 185 técnicos terapêuticos.

  Rede hoteleira

A cidade do Huambo oferece também ao visitante outros atractivos, como jardins, espaços verdes e lugares de interesse económico e social.

O chefe de departamento do Turismo e Hotelaria, Anilson Ernesto, disse que o governo da província está a trabalhar no fomento do turismo. "É nessa perspectiva que o Governo da Província traçou a política de fomento do turismo para atender a demanda que cresce dia após dia na cidade”, assegurou.

Referiu que a actual rede hoteleira está muito aquém das necessidades, já que nos últimos anos a cidade do Huambo tem sido paragem de muitos turistas e pessoas que procuram passar momentos diferentes, sobretudo aos fins-de-semana.

Por essa razão, o Governo do Huambo lançou um repto a todos os investidores interessados a dar o seu contributo no fortalecimento do sector. "As necessidades são evidentes e dispensam comentários. A nossa província precisa mesmo de mais espaços de lazer e hotéis e melhorar a própria prestação de serviços”, reconheceu o responsável do Turismo no Huambo.

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" CIDADE VIDA"
Celebração capicua e todos pelo Huambo

Sérgio V. Dias |Huambo

Numa altura em que o desenvolvimento e a diversificação da economia continuam a ser termos em voga, o Huambo, capital da província do mesmo nome e que assinalou, ontem, 111 anos desde a sua institucionalização como cidade, através da portaria 1040, do então governador-geral da província ultramarina de Angola, Norton de Matos, caminha nessa perspectiva.

Um dia de festa para os filhos desta martirizada cidade, outrora denominada Nova Lisboa, em que se vislumbra, em cada ocasião, um "amanhã diferente”. Uma festa capicua em que todos estão focados no Huambo, considerado "paraíso encravado no centro de Angola”.

Cada um dos filhos da terra e outros que se revêm nela fazem, diariamente, a sua parte para o engrandecimento do Huambo. Daí aproveito parafrasear a dupla Grande Nico e Tiagão, que representa a província do Huambo na Gala do Top dos Mais Queridos deste ano, o grande concurso da música nacional marcada para 5 de Outubro, quando assinala "Linga upangue wove”, que em português quer dizer "faça o seu trabalho”.

Cada um de nós, enquanto munícipe, tem a obrigação de fazer e dar o melhor em prol da capital do Huambo. Isto, independentemente de credo religioso, raça ou cor partidária. Como dizem, ainda, os referenciados músicos Grande Nico e Tiagão, "Nda o kupapata linga upangue wove. Nda o segurança akome linga upangue wove amangjangue. Ukatambolole vana vakwete ale”.

Traduzindo o refrão da música em umbundo intitulada "Linga upangue wove” para a língua de Camões, o expoente máximo da lusofonia, quer dizer "Se és ‘kupapata’, faça o teu trabalho. Se és segurança, faça o teu trabalho meu irmão. Não segue aqueles que já possuem alguns bens”. Deixa claro a ideia e o espírito de missão que cada um de nós deve exercer no quotidiano, em prol do crescimento desta belíssima cidade do Huambo que atingiu, no dia 21, 111 anos de existência.

Um momento que deve ser vivido com alegria e orgulho pelos filhos desta terra de gente acolhedora e humilde, que todos os dias, quer seja no campo quer nos grandes centros urbanos, dá o melhor de si para o crescimento do Huambo.

A mesma região cuja origem remonta à história do lendário caçador Wambu Kalunga, que saído das terras do Seles, no Cuanza-Sul, demonstrou o exemplo de bravura e resiliência, ao abater heroicamente um elefante nas imediações do rio Cunhoñgamua, junto das pedras Ganda La Kawe, no vizinho município da Caála.

O Huambo, como tal, é repleto de histórias interessantes que vão desde os seus bairros, ao costume das suas gentes, à gastronomia e outros traços característicos da região.

E estas histórias, claro, estendem-se aos seus históricos bairros, como os do Canhe, Benfica, Macolocolo, São José, São João, Aviação, Calomanda e tantos outros que configuram este belíssimo recanto encravado bem ao centro de Angola.

Por isso, um bem-haja para ao Huambo nesta festa capicua e que se espera de muitos proventos para o seus filhos.
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Festas de Bons Ventos

Estácio Camassete, |Huambo

A secular festa de Bons Ventos ("Eyele lyo fela iwa” em Umbundu) é uma prática tradicional realizada desde os tempos antigos, no quadro das festividades da cidade do Huambo. Na festa, invoca-se a bênção dos antepassados, para o êxito das actividades que se realizam na região durante o ano.

Regra geral, esta festa é realizada no mesmo período em que ocorrem as da cidade do Huambo, isto é, nos dias 19 e 20 de Setembro, na ombala grande do Reino do Huambo. A efeméride serve, também, para render acção de graças às actividades feitas durante o mesmo período.

Os rituais da cerimónia servem para agradecer ao "Ser Supremo” pelas chuvas que caem com regularidade em todos os meses, pelo sucesso da colheita da campanha agrícola, pela saúde da comunidade ao longo do ano, pela taxa de fecundidade e perspectivar a mesma sorte no ano seguinte.

O rei do Huambo, Artur Moço, referiu que durante os 12 meses do ano há muita coisa boa e ruim que acontece. Por isso, diz ser necessário agradecer pelo sucesso e invocar a nova sorte para que nada de estranho aconteça na comunidade e complicar a vida das pessoas. "Este ritual não poderá falhar em nenhum ano, sob pena de acontecer uma determinada situação desagradável no seio das famílias. É o garante da sorte da sociedade”, sublinhou.

De acordo ainda com o rei do Huambo, existem certos produtos que não podem faltar nesta cerimónia. Destaca-se, ainda, o derramamento de sangue de um animal de grande porte. Mata-se um ou mais bois e um número indeterminado de porcos, cabritos e galinhas. Não podem faltar, também, as bebidas tradicionais como "owalende”, "otchisangua” (quissângua), "otchimbombo” (quimbombo) e outras típicas da área, bem como o vinho e a cerveja, para alegrar, acalmar e agradar os espíritos dos antepassados e garantir mais bênçãos.

Os animais planificados para esta actividade são abatidos ao vivo e esquartejados em pedaços e sem nenhum tempero, apenas com sal. Depois são assados e distribuídos a todos os presentes com ou sem acompanhante e todo indivíduo que provar aquela carne, é sinal de que esteve na festa. Além da carne e da bebida, nunca falta, na festividade, a fuba branca, conhecida por "omemba”, cujo funge vai ser acompanhante da carne assada. A festa é marcada por vários momentos, onde as danças como "onhatcha”, "okatita”, "sawaya” e outras são exibidas ao som do batuque, tendo como principal figura o otchingadji (palhaço). 

A ombala do Huambo, localizada no Samissassa, é considerada como a capital do poder tradicional do Reino, nas imediações da Quissala, onde está o mercado com o mesmo nome, tido como a antiga capital do Planalto Central.

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