Cultura

O milenar pente afro

Nilsa Batalha

O pente afro é bastante popular nos dias actuais, contudo, este acessório é muito mais antigo do que aparenta. Ele tem sido um símbolo de status em muitas sociedades africanas durante séculos. Eles são usados desde os tempos pré-históricos, tendo sido descobertos em formas muito refinadas em assentamentos que datam de cinco mil anos atrás.

28/04/2024  Última atualização 07H45
© Fotografia por: DR

Existem documentos arqueológicos que indicam a existência do pente há milhares de anos com uma certa variação de sociedade para sociedade. Estudos também mostram que o pente teve a sua origem em África, antes de reaparecer nas Américas e no Caribe.

Esses estudos apontam que o acessório teve origem há cerca de seis mil anos, no Egipto e arredores. Naquela época, a aparência do penteado era uma forma de ostentar o status social, região de origem ou até mesmo o estado civil da pessoa.

Exemplares do pente afro datados desse período, presentes no Museu Fitzwilliam da Universidade de Cambridge, Inglaterra, mostram que eram entalhados em madeira ou materiais semelhantes. Na ponta da parte onde se segura o objecto, eram esculpidas imagens de animais e deuses.

Nas sociedades antigas, bem como nos tempos modernos, as mangas dos pentes afro são ornamentadas com objectos que mostram artisticamente o status de uma pessoa. Estes incluem figuras humanas, padrões e imagens de elementos da natureza. O trabalho artístico espiritual também é frequentemente retratado nos pentes afro.

Nos anos 50, os afro-americanos ao tentar romper com o padrão de beleza europeu deixaram de alisar os fios de cabelo e começaram a assumir um visual mais identitário, forçando assim, o uso do pente afro.

O primeiro pente afro moderno a surgir foi patenteado em 1969 por dois negros americanos, Samuel H. Bundles Jr. e Henry M. Childrey. A patente coincide com o período da luta pelos direitos civis dos afro-americanos durante os anos 60. Diversos movimentos da causa negra aderiram ao estilo, e por consequência, ao pente afro.

Mais do que um acessório de beleza, ele tornou-se um símbolo de resistência e luta contra o racismo em todo mundo.

Até aos dias de hoje, o pente afro é utilizado pelas pessoas negras para dar maior volume aos cabelos crespos.

Estão disponíveis no mercado em diversos materiais como madeira, plástico ou metal.

O pente afro, basicamente, consiste numa haste na vertical, com os "dentes” enfileirados no mesmo sentido, diferente de outros tipos de pentes, em que as cerdas ficam posicionadas paralelamente, na horizontal. O formato, que lembra um garfo, ajuda no acto de "puxar” o cabelo crespo e a dar maior volume.

 

Fonte: cultura.uol


EL HADJI OUÉDRAOGO
O homem que plantou sozinho uma floresta de embondeiros

Chama-se El Hadji Salifou Ouédraogo, o homem que plantou milhares de mudas de embondeiros, criando uma vasta floresta que ajuda a sua família, a comunidade e a Terra a florescer.

Este homem do Burkina Faso sozinho plantou mais de 3.000 embondeiros nos últimos 47 anos. Estas árvores fornecem comida, abrigo e água para a sua comunidade.

Nascido e criado em Titao, Burkina Faso, Ouédraogo desejava ser um Mestre do Alcorão, porém sentiu-se chamado a outro caminho espiritual, a natureza.

No início, Ouédraogo começou a plantar mangueiras, mas percebeu que todos ao seu redor faziam o mesmo. "Se todos estão a correr na mesma direcção, devemos procurar uma rota de fuga para quando as coisas derem errado”, terá pensado.

A vontade de ser diferente levou Ouédraogo a plantar o poderoso embondeiro. As pessoas chamavam-no de louco, mas isso encorajou-o ainda mais a continuar.

Na cultura local, quem planta um embondeiro (baobá) morre porque a árvore é amaldiçoada. A lenda diz que os embondeiros eram muito orgulhosos, então os deuses ficaram furiosos, arrancaram-lhes a raiz e atiraram-nos de volta ao chão, de cabeça para baixo.

Ouédraogo disse aos conterrâneos: "O meu pai não plantou um baobá, mas morreu. Nunca vi o baobá do meu pai nem do meu avô, mas estão todos mortos. Se o baobá continuar vivo e eu morrer, não há problema”. E Ouédraogo continuou a sua saga.

Hoje, a floresta de Ouédraogo tem mais de 3.000 árvores e cobre 14 hectares. Os seus embondeiros não só fornecem comida aos seus companheiros da aldeia, mas também ajudam a preservar um estilo de vida tradicional, ao mesmo tempo que protegem o clima da desflorestação.

O entusiasmo e a paixão de Ouédraogo pelas práticas de plantação nativa continuam a inspirar os seus vizinhos e um público internacional de activistas ambientais com a ideia de que uma pessoa pode mudar o mundo.

O rosto do homem mais velho curva-se num largo sorriso sempre que falam da sua aparente sabedoria. Ouédraogo continua ainda hoje a plantar embondeiros. Plantar baobás faz agora parte da fé de Ouédraogo.

Apesar da mitologia das árvores, os embondeiros são essenciais para a vida na savana. Suculenta, a árvore absorve e armazena no seu enorme tronco a água da estação das chuvas, o que ajuda a manter o solo húmido, retarda a erosão e serve como fonte de água para os animais.

O fruto do embondeiro contém ácido tartárico e vitamina C, fornecendo nutrientes vitais para diversas espécies, incluindo pássaros, lagartos, macacos e até elefantes. Para os humanos, a polpa do fruto do embondeiro, a múcua, pode ser comida, embebida em água para fazer uma bebida refrescante, conservada em compota ou torrada e moída para fazer uma substância semelhante ao café.

A casca da árvore é triturada para fazer tudo, desde cordas, esteiras e cestos ou até papel e tecido. As folhas também são usadas, podem ser fervidas e servem de alimento, ou pode-se fazer cola com o pólen da flor.

Com mais de 300 usos para sustentar a vida, é a raiz de muitos medicamentos, tradições e folclore. Daí o seu apelido literal: "A Árvore da Vida”.

Fonte: oneearth.org/


SPHENICUS DEMERSUS
Sabia que há pinguins em África?

O pinguim sul-africano, pinguim-do-cabo, (sphenicusdemersus), soliticário ou ainda mangote, é a única espécie africana de pinguins, actualmente ameaçada de extinção, dentre outros motivos pelos derramamentos de óleo na costa africana.

De acordo com um censo feito no ano 2021, há aproximadamente 14.700 casais de pinguins em África, a grande maioria deles na África do Sul e pouco mais de 4 mil na Namíbia.

O pinguim africano tem cerca de 60 centímetros de comprimento, e pesa entre 2,4 e 3,6 kg, sendo um pouco mais leves que os pinguins de Humboldt.

O pinguim africano tem uma faixa negra a volta da barriga e uma mancha preta no queixo, sendo o rosto separado da coroa por uma ampla faixa branca. Os machos tendem a ser um pouco maiores do que as fêmeas. Vivem em colónias e começam a reproduzir entre os dois e os seis anos de idade.

Eles são monógamos e cerca de 80-90 por cento dos casais permanecem juntos na reprodução. Costumam colocar dois ovos, embora não seja comum a sobrevivência dos dois filhotes. O período de incubação é de cerca de 40 dias, participando o pai e a mãe na incubação.

 

Fonte: conexaoplaneta

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