Reportagem

Os encantos turísticos das terras do deserto

João Upale | Moçâmedes

Jornalista

A província do Namibe é rica em locais turísticos. O Namibe tem um potencial turístico como poucas províncias em Angola. São belezas naturais como praias, a Serra da Leba e as Águas Térmicas da Montipa, além do deserto mais antigo do mundo, o deserto do Namibe, locais que atraem turistas estrangeiros e também impulsionam as viagens domésticas.

03/12/2023  Última atualização 10H27
© Fotografia por: Edições Novembro
Entre os vários encantos naturais, no roteiro turístico destaca-se o ponto turístico da Montipa. Postal de referência no município da Bibala, 169 quilómetros a norte de Moçâmedes, capital da província de Namibe, é uma atracção de turistas quer nacionais, quer internacionais por conta das suas águas térmicas. Com uma temperatura estimada entre os 10 a 15 graus, a água nascida nestas estâncias termais tem características próprias, sendo pura, límpida, sem cheiro e  até medicinal.

O local tornou-se numa piscina, uma fonte de terapia para doenças da pele, reumatismo, inflamação dos pés e outras enfermidades. Na  fonte, e se alguém colocar a mão na água durante alguns instantes, pode queimar-se, mas quando desemboca para a piscina, a temperatura reduz consideravelmente.

 
Acesso ao Montipa

A viagem pode ser feita por via terrestre – rodoviária e ferroviária, podendo o turista desfrutar durante o percurso das belíssimas paisagens,  compostas de florestas vistosas e montanhas emblemáticas. Não há quem se desloque ao Namibe e não pretenda conhecer a localidade da Montipa.

Ir ao Namibe e não visitar as Águas Térmicas da Montipa é como ir a Roma e não ver o Papa. Por conta do elevado número de visitantes a Montipa, as autoridades da província decidiram adoptar medidas metodológicas, visando estimular a presença de caravanas turísticas ligadas à saúde.

O objectivo é transformar o local num ponto de atracção para pessoas que precisam de terapia das águas termais da Montipa, pois que, as fontes das águas termais nunca secam, ao contrário de outros sítios onde a estiagem tem assolado as províncias do sul do país. Incrivelmente, a Bibala, particularmente a área da Montipa tem a sua fonte com bastante água.


Bibala, um lugar fascinante

A Bibala foi fundada no dia 1 de Fevereiro de 1912, inicialmente como um acampamento operário que servia de suporte à construção do Caminho de Ferro de Moçâmedes. Em 21 de Junho de 1918, foi criada a circunscrição civil; foi elevada a concelho no dia 13 de Dezembro de 1965. Na região, encontramos vários locais históricos e naturais.


Gravuras rupestres da Humpata Karaculo - apresentam características pré-históricas cravadas no tecto da caverna (abrigo rochoso), que simbolizam e testemunham a presença de homens que marcam a história na região em foco.


Forte de Kapangombe -
Espaço cultural e turístico, é o único local na província que conserva um espaço, onde eram aprisionados os escravos que se rebelavam contra o colono e que posteriormente eram transferidos para Moçâmedes, onde eram distribuídos de barco para outros países e continentes. Actualmente, o Forte Kapangombe deu origem à Escola Técnica do Kapangombe, com um internato à disposição, que alberga alunos de diversos pontos do país.


Serra da Leba - Ponto turístico pertence à municipalidade de Bibala. Habitada, famosa pela altitude, sua beleza arquitectónica e também pela estrada nacional 280, que liga a cidade do Lubango ao Moçâmedes, a serpenteia, contendo na sua totalidade 56 curvas. Constitui um imenso habitat de espécies de animais e de uma flora rica em variedades.

O Túnel da Humbia – Localizado na Serra da Humbia, na estrada nacional 282, constitui uma passagem obrigatória do comboio através da linha férrea do Caminho de Ferro de Moçâmedes (CFM), causando uma enorme escuridão no momento da travessia.

Camucuio – Destino apetecível 

Camucuio está situada a 234 quilómetros a Norte da cidade de Moçâmedes, tem mais de 60 mil habitantes, na maioria agricultores e pastores de gado. Com uma extensão de 700.452 quilómetros quadrados, o município tem três comunas, nomeadamente as Cacimbas, Chingo e Mamue, limitados a Sul pelos municípios da Bibala e Moçâmedes e a Norte pelo Quilengues (Huíla) e Chongoroi (Benguela).

A região tem um clima tropical seco semi- desértico, precipitações anuais de 150 mm, com uma temperatura que atinge em média até 30 graus centígrados. Os habitantes estão distribuídos em diferentes grupos étnicos, com maior destaque para os mucubais, nhanecas humbi, ovimbundos, mucuisses e mutchilengues. Nesta região encontramos, vários locais turísticos.


Pedra e Água Termais de Ndolondolo - Local exótico que apresenta uma pedra que produz um som peculiar que dista de outras pedras ali existentes. Segundo os contos dos aldeões, em tempos idos o local servia de ponto de encontro para efectuar rituais de saudação e agradecimento à natureza. No mesmo local, é encontrado um recinto com características semelhantes à uma piscina que agrega as águas termais do Ndolondolo.


Represa do Mulowei - Lugar de concentração de água, fruto da engenhosidade das comunidades, que circunscrevem o local fechado às paisagens do rio para dar origem a uma represa que beneficia a população na prática da aquicultura, pecuária e outros benéficos que a água proporciona ao homem.

O Complexo Turístico de Tchipopilo - É um recinto com características naturais paradisíacas e que congrega na sua circunscrição uma lagoa com rochas peculiares, face à sua especificidade que comporta em termos de infra-estruturas ante a presença do complexo turístico, que comporta um vasto quintal com pedras naturais. Local excelente para recreios e excursões.

A Serra Mundo Yo Vambo (Serra das Neves, traduzido em português) – A complexidade na localização geográfica, faz do local excelente para desportos radicais (Alpinismo). Pode se tratar do ponto mais alto do município de Camucuio. O recinto é um dos pontos culturais de destaque na região, tendo em conta a presença do povo que vive no cimo da montanha com o mesmo nome (Serra das Neves).

Pinturas Rupestres de Tchipopilo - Com dois recintos que apresentam características pré-históricas cravadas sobre superfícies rochosas ao ar livre que simbolizam e testemunham a presença de homens que marcaram a história na região.

Virei – A terra do Carneiro

O município do Virei está localizado na província do Namibe. O município tem 15 092 km² e cerca de 117 233 mil habitantes. É limitado a norte pelos municípios de Bibala e Humpata, a leste pelos municípios de Chibia e Chiange, a sul pelos municípios de Curoca e Tômbua, e a oeste pelo município de Moçâmedes.

Conhecido como a "Terra do Carneiro”, por conta da criação desta espécie em grande escala, no município do Virei, é o detentor de uma infinidade de lugares turísticos. A reportagem do Jornal de Angola, realça aqui as figuras rupestres de Tchitundu - Hulu, um dos mais importantes sinais da existência da vida humana no planeta.


Rupestres de Tchitundu- Hulu - Estão nos olhos do mundo através da UNESCO, para a sua possível candidatura a património histórico mundial. Tem dois recintos que apresentam características pré-históricas cravadas no tecto da caverna e sobre as superfícies rochosas ao ar livre.


Lugares Imperdíveis

Namibe é uma província de Angola com paisagem maioritariamente desértica, guarda segredos de rara beleza paisagística e natural, como a exótica planta Welwitschia Mirabilis.

Águas Termais do Pediva – As águas termais do Pediva é uma lagoa mística que dispõe de lindas paisagens. Existe relatos de que as águas desta lagoa têm poder de cura para algumas doenças. Águas Termais do Pediva é um lugar com lindas paisagens, e com lagoas cercadas por rochas e com águas provenientes do rio Curoca.Ao chegar em Pediva, estás água são aquecidas pela terra. Existem duas lagoas nas Águas Termais do Pediva. A água da maior apresenta uma temperatura inferior à da água da menor lagoa (Águas Quentes).


Deserto do Namibe - É, sem dúvida, um lugar de muitos recantos surpreendentes com seus oásis. É uma das mais importantes fontes de humidade que consiste em neblinas e nevoeiros que provêm do mar e que, durante a noite, penetram dezenas de quilómetros terra adentro: as águas da Corrente Fria de Benguela interagem com o ar quente e originam o nevoeiro – um nevoeiro que representa vida porque contribui para a sobrevivência das inúmeras pequenas criaturas das dunas. Com uma área de 310 mil quilómetros quadrados, o deserto do Namibe estende-se até ao Parque Nacional Nammib-Naukluft, a maior reserva de caça em África.

Pedra de Ndelendele - É igualmente um local exótico, que apresenta uma pedra que produz um som peculiar que a distingue de outras pedras aí existentes. é um local onde o povo da região, os mucubais, utilizavam para trocar, cantar e dançar, manifestando as suas alegrias e seus rituais.

Baía dos Tigres - A Baía dos Tigres oferece aos seus visitantes esplêndidas praias e interessantes zonas para a prática de desporto, nomeadamente a pesca submarina.

O Arco - A região desértica do Arco, localizada no centro da província, é atravessada pelo rio Curoca. Esta zona húmida de grande beleza possui um potencial turístico desaproveitado e oferece condições para a agricultura.  O Arco tem as suas formas peculiares que caracterizam aquele território e discute-se o papel do rio Curoca na modelagem da paisagem, que faz lembrar um oásis. O acidente natural situa-se na margem Norte do rio Curoca, a cerca de 73 quilómetros a Sul da capital da província do Namibe e a 24 quilómetros a Nordeste da cidade do Tômbwa, no Sudoeste do país.

Welwitschia Mirabilis - É uma espécie de planta com características invulgares que Friedrich M. S. Welwitsch (1806-1872), um naturalista austríaco ao serviço de Portugal em Angola (1853-1860),  viu pela primeira vez em Setembro de 1859, no deserto do Namibe.


Morro do Soba
- Regista a História com um certo misticismo, que o local em causa rende homenagem ao soba da região que ao se deslocar de uma localidade para outra, parou num determinado ponto do percurso para descansar pois padecia de sede extrema e ali perdeu a vida. Esse recinto passou a ser chamado de morro do Soba e, é tradicional e costumeiro que quem for visitar o local ou passar pela zona, lançar uma pedra a fim de garantir protecção durante a viagem, e conforme se foi registando a frequência das pessoas, se foi amontoando pedras que deram o nome – Morro do Soba.


A antiga cadeia de São Nicolau
- Criado na época colonial, com finalidade de isolar presos de consciência (políticos), a antiga cadeia de São Nicolau já foi apontada como um palco de tortura, em que só resistiam heróis, o Centro passou por uma metamorfose política e infraestrutural com investimentos notáveis das autoridades. Surgiu em 1824, mas só foi oficializado como centro prisional em 1974, à luz do decreto 68/74 de 29 de Agosto, publicado no Boletim Oficial nº 201.


*Bibliografia: guião sobre principais produtos e recursos turísticos da província do Namibe, produzido pelo Governo da Província, através do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo e Juventude e Desportos e seus integrantes.

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