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Presidente sul-africano recusa protecção a dirigentes corruptos

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse que os membros do Congresso Nacional Africano (ANC) envolvidos em corrupção não podem contar com apoio e protecção do partido no poder.

01/05/2021  Última atualização 15H18
Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa © Fotografia por: DR
Segundo a Reuters, no primeiro dia do seu depoimento perante a Comissão de Investigação à grande corrupção no Estado, o líder sul-africano referiu que o "facciosismo” acentuou-se no seio do ANC desde 1994, estando na génese da captura do Estado pela grande corrupção.

"A captura do Estado ocorreu sob a nossa supervisão como partido no poder, envolvendo alguns membros e líderes da nossa organização e encontrou terreno fértil nas divisões, fraquezas e tendências que se desenvolveram na nossa organização desde 1994”, declarou Ramaphosa. "O facciosismo acontece porque os membros da organização têm perspectivas e interesses diferentes”, salientou.

No depoimento perante a Comissão de Investigação presidida pelo juiz Raymond Zondo,  na qualidade de ex-vice-presidente do ANC no mandato governativo do ex-Presidente Jacob Zuma, o Presidente Ramaphosa admitiu que "a apropriação ilícita de recursos definiu a era da captura do Estado” na África do Sul por dirigentes do ex-movimento de libertação sul-africano.

"Os membros que se envolvem em corrupção têm de enfrentar todas as consequências da lei pelas suas acções, não podem contar com o apoio ou protecção do ANC, nem apelar ao princípio da responsabilidade colectiva”, afirmou Ramaphosa.

Questionado sobre o controverso "destacamento” de funcionários do partido para funções no Governo e na Administração Pública, Cyril Ramaphosa defendeu a medida, explicando que o partido no poder desde 1994, criou um "Comité de Implantação”, a que ele próprio presidiu de 2013 a 2017, para decidir sobre os indivíduos que podem ser destacados para várias funções no Governo.

"O Comité de Implantação foi criado para ajudar a transformar as nomeações para os cargos no Governo que anteriormente eram dominadas por homens brancos, quando a nova Administração assumiu o poder em 1994”, frisou Ramaphosa.

O Chefe de Estado sul-africano evitou pronunciar-se directamente sobre o alegado financiamento da empresa Bosasa a dirigentes do ANC, incluindo a campanha eleitoral de Ramaphosa à liderança do partido, em troca de contratos lucrativos com o Estado, segundo a Comissão. Ramaphosa, também descartou a existência de qualquer irregularidade na campanha de fundos para a sua campanha em 2017.

Ramaphosa foi convocado em Março para depor durante quatro dias em Abril perante a Comissão que investiga a grande corrupção no Estado sul-africano, na qualidade de presidente e ex-vice-presidente do ANC e como ex-Vice-Presidente e Presidente da República, segundo o juiz Raymond Zondo.

O juiz sul-africano, que é o vice-presidente da Justiça na África do Sul, lidera a Comissão ‘Zondo’ de investigação à alegada grande corrupção no mandato de Zuma.
Jacob Zuma, que liderou o país entre 2009 e 2018, foi afastado pelo seu partido, o Congresso Nacional Africano, antes de terminar o mandato depois de múltiplos escândalos relacionados com corrupção, desde quando era Vice-Presidente da República.

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