Sociedade

Primeiros socorros na linha da frente

Guimarães Silva

Os primeiros socorros “são técnicas de emergência, que devem ser aplicadas a vítimas de mal súbito ou que estão em perigo de vida”. Quando possíveis no local do acidente, são condição indispensável para o salvamento, principalmente quando acontecem antes da chegada dos serviços médicos que realizam um atendimento à altura e com competência.

28/04/2024  Última atualização 08H05
© Fotografia por: DR

Um pouco por todo o lado, cada vez mais necessitamos de auxílio para superar mazelas de ocasião no âmbito das relações pessoais, profissionais, que ocorrem sem aviso, apanhando-nos desprevenidos. Sem motivo aparente o colega ao lado tem um desmaio; outro simplesmente do nada tem um mal-estar; situações adversas de desmaios massivos nas escolas são atropelos que não conseguimos prever, sequer ter o esforço apropriado para prestar os primeiros socorros, por medo e sobretudo falta de alguma perícia.

Saber estancar uma hemorragia; socorrer outrem de algumas queimaduras do primeiro grau. Mesmo em situação de ataque cardíaco, quando requerem massagem a nível do peito e respiração boca a boca são acções primárias que deviam estar à mão de semear de socorristas, dos ADECOS(Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário) contratados pelas administrações municipais, que seriam um reforço redobrado neste sentido, a que se juntaria gente graúda na cidade, aldeia ou bairro.

Quantas vezes não ficamos de mãos atadas e cobertos de aflição, quando um ente querido ou amigo está acometido de algo estranho e repentino que afecta a integridade física, que deveria ser sanado com o conhecimento e aplicação dos primeiros socorros? É importante conhecê-los, no mínimo bem, para ajudar.

É hábito antigo das nossas mamãs e avós prestar assistência, melhor, primeiros socorros aos filhos e netos em casa. Os descendentes eram (até agora são) os campeões de mazelas, como feridas nos pés descalços por causa da bola, queimaduras, braços e cabeças partidas, doenças da pele e constipações. Para tratar de imediato dos petizes, nada melhor do que uma pequena farmácia apetrechada com piodine, água oxigenada, álcool e pomadas. Nos casos de diarreias, os clísteres de Santa Maria ou de folhas de goiabeira fervidas serviam.

Acidentes de viação, o ente da desgraça

O país está na frente contra acidentes de viação que grassam e ceifam vidas (pelo menos 3.000 mortos só em 2023, segundo o Comissário Chefe Arnaldo Carlos, Comandante Geral da Polícia Nacional), muitas tão-somente porque faltou o conhecimento mínimo, como tocar no traumatizado. Há situações em que acontecem nas estradas em que os serviços de proximidade médica está a quilómetros, quando a cadeia inscreve posto de saúde, centro de saúde e hospital.

Aqui um parêntesis para reconhecer o esforço do INEMA, que com um telefonema tem dado o seu melhor para, em situações menos boas, chegar aos locais de sinistro. Um particular para os verdadeiros salvadores, os motoristas que fazem das estradas o ganha-pão, que num gesto de humanismo põem sempre (quando não é caso de atropelamento e fuga) os seus meios rolantes e solidariedade à disposição e são os primeiros a prestar os primeiros socorros e a chegar às portas das instituições de saúde. Critico os donos das selfies, cómodos em filmar quando o ente luta pela vida.

Os primeiros socorros não são só necessários em casos de acidentes de viação, devemos contar com eles em todas as instituições porque traumas no trabalho, locais públicos e nas nossas casas acontecem quando menos se espera. Em rigor deveriam ser acautelados por pessoas com o mínimo conhecimento de socorrismo.

Certo que com o alcance e acesso às TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) torna-se quase tudo mais rápido no que toca a comunicar com os actores do sector da Saúde. Contudo, a resposta pode não marchar à mesma velocidade por constrangimentos como engarrafamentos e mesmo acessos difíceis ou impossíveis por estradas terciárias, e mau tempo, o que coloca a eficiência pretendida em segundo plano, quando a palavra de ordem é salvar vidas.

Acredito que o sector de Saúde tenha em agenda acções para uma melhor compreensão entre os milhões de angolanos que somos. Mais palestras, maior proximidade de serviços, acções formativas e de comunicação através da Media e outros canais seriam passos importantes. Por arrasto, já que há debilidade no que toca a prevenção de doenças(paludismo, diarreicas e respiratórias continuam endémicas), deveríamos apostar também em acções do género para a cultura física e recreação para vencer o sedentarismo. Alimentação e nutrição, higiene e saúde deveriam ser, igualmente, inscritas. Todos sairíamos a ganhar, concorrendo para uma melhor qualidade de vida.

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