Economia

Privatização do BCI testa “apetite” de investidores

A privatização do Banco de Comércio e Indústria (BCI) vai servir de teste para aferir o “apetite” dos investidores pelas maiores empresas angolanas, um portfólio onde se inclui a petrolífera estatal, referiu o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, à agência Bloomberg.

20/04/2021  Última atualização 08H05
Ministro de Estado para a Coordenação Económica ressalta as reformas em curso no país © Fotografia por: Dombele Bernardo | Edições Novembro
Trata-se do processo de alienação do 13º maior banco angolano em termos de activos, com o objectivo de captar investimento e animar a actividade económica do país, numa fase em que o Programa de Privatizações (PROPRIV) já colocou no mercado 39 empresas, num universo de 195 activos, cujas vendas estão agendadas para serem realizadas até ao final de 2022.Angola está, neste mo-mento, a fazer uma operação de divulgação no mercado dos Estados Unidos da América (EUA), onde vários ministros têm agendadas entrevistas aos principais jornais financeiros, seguindo-se outra operação similar no mercado espanhol, segundo destaca o português Jornal Económico.

De acordo com o ministro Manuel Nunes Júnior, a alienação do BCI é a "primeira privatização no sector financeiro e o resultado será muito importante para entender todas as que vierem a seguir”.A Bloomberg explica que os potenciais candidatos à compra do BCI vão ser seleccionados este mês para participarem no concurso de compra de 100 por cento das acções, num único bloco, através da Bolsa de Valores.Manuel Nunes Júnior adiantou também à Bloomberg que o Governo angolano tentará vender participações em vários bancos incluindo o BAI, o maior credor privado do país, em activos, e a companhia de seguros Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA). A venda das participações na petrolífera estatal Sonangol, bem como na empresa de diamantes Endiama e na companhia aérea nacional TAAG está prevista para 2022.

Na Sonangol, o Governo angolano prevê vender até 30 por cento do capital social, nesta que é ainda a empresa mais relevante na economia angolana, atendendo ao grau de dependência que o país tem do petróleo. A expectativa de encaixe nesta alienação é da ordem dos 6,4 mil milhões de dólares, segundo referiu à Bloomberg, Baltazar Miguel, membro do conselho da Sonangol.Ao ministro Nunes Júnior foi entregue a missão de reanimar a economia angolana, que tem vivido em recessão durante os últimos cinco anos, sendo elevada a expectativa de captação de investidores privados e o efeito que possam ter na dinamização do tecido empresarial e económico.
Crescimento do PIB

A recuperação das cotações internacionais do petróleo vai proporcionar uma melhoria no desempenho da actividade e um crescimento do Produto Interno Bruto estimado em cerca de 1,0 por cento ainda este ano. O OGE/2021 está sustentado na previsão de um crescimento zero, detalha mais adiante a publicação norte-americana.

Segundo Nunes Júnior, "esta previsão de crescimento económico envolve alguns riscos”, citando um possível declínio na produção de pe-tróleo devido ao envelhecimento dos campos petrolíferos, bem como o impacto negativo da Covid-19 no sector, acrescentando ainda o risco da "falta de chuva no final de 2020 e início de 2021, que pode afectar negativamente a produção agrícola”.Para o ministro de Estado para a Coordenação Económica, a luta do Presidente João Lourenço contra a corrupção é um "novo paradigma” que tem vindo a melhorar a imagem do país perante os investidores, admitindo, igualmente, que o programa de 4,5 mil milhões de dólares contratado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ajudou Angola a realizar reformas importantes e a aumentar a transparência.

"É necessário garantir que ninguém está acima da lei. Sabemos que ainda há muito a fazer, mas há um provérbio chinês que diz que uma longa jornada começa com o primeiro passo. O primeiro passo foi dado e bem executado”, disse Nunes Júnior.Quanto ao futuro relacionamento de Angola com o FMI, após a conclusão deste programa, é um assunto que iremos tratar e aprofundar em devido tempo”, afirmou o ministro Manuel Nunes Júnior.

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