Economia

Produtor obtém sucesso com chocolate de cacau de Cabinda

Adérito Veloso

Jornalista

O empreendedor angolano Joaquim “Kinito” Van-Dúnem, que produz na Holanda o “Smells Like Chocolate”, a marca da guloseima obtida de cacau oriundo de Cabinda, aguarda pela adesão do Governo Provincial de Cabinda e do Ministério da Agricultura e Pescas, a uma proposta que visa relançar a produção e exportação do fruto.

30/01/2021  Última atualização 20H22
Empresário em plena produção do chocolate que tem cacau biológico de Cabinda como matéria-prima © Fotografia por: DR
Em declarações ao Jornal de Angola, Joaquim Van-Dúnem disse que, depois do sucesso obtido na venda do chocolate artesanal produzido em Zaandijk, a 17 quilómetros de Amesterdão, um estudo aturado, realizado há três anos, em Cabinda, com um universo de 18 produtores, determinou a viabilidade comercial do cacau angolano, mas a prioridade passa pela preparação técnica dos agricultores.

"Desenvolvemos uma investigação que resultou na elaboração de um estudo de viabilidade para ajudarmos a relançar a indústria do cacau a nível da Cabinda. Já apresentamos ao Governo, mas aguardamos pela resposta positiva, para depois arrancar com o projecto. Já há condições”, avança.

Numa primeira fase, o projecto arranca com a formação e criação de cooperativas de produtores de cacau em Cabinda, dando lugar à exportação da produção para a Holanda, onde já há compradores, geralmente fabricantes de chocolate, contactados para estabelecer contratos  de aquisição.

"Queremos fazer com que o cacau angolano se torne um dos melhores do mundo. Ainda não há um sistema ou cadeia de valor (fermentação, secagem e transporte), que possa torná-lo num produto comercial”, sublinhou, tendo frisado que, depois de aprovado pelas autoridades angolanas, o ambicioso projecto vai facilitar o acesso do cacau de Cabinda ao mercado mundial.

Reconheceu os esforços que estão a ser desenvolvidos em Cabinda pelo Governo, com vista a relançar a produção, tendo neste particular destacado a distribuição de mudas. "A actual produção de cacau em Cabinda é ainda residual. Não há capacidade para, por exemplo, encher um contentor”, lamentou.


Mais investimentos

Joaquim Van-Dúnem considerou que, nesta fase, são requeridos mais investimentos para obter as escalas de produção de cacau necessárias, com a entrada de mais empresas e capital nesse ramo. De acordo com a fonte, projectos desta índole envolvem investimentos situados entre os cinco e 10 milhões de dólares, para empregar 200 pessoas, medida que poderá ajudar no processo de diversificação da economia nacional.

"Queremos promover e divulgar o cacau produzido em Cabinda, para que os agricultores locais possam tirar proveito do seu trabalho e a indústria do chocolate cresça, como acontece com outros países, nomeadamente, a Costa do Marfim, Ghana e Congo”, aponta, o também investigador do cacau de Cabinda há mais de três anos.

A iniciativa que deu os seus primeiros passos em 2019, depois de uma visita a Cabinda, é da empresa Smells Like Chocolate (Ngola Cacau), uma parceria com a cidadã holandesa Ingmar Niezen.
O interesse e aposta dos dois pelo cacau de Cabinda resulta dos investimentos que têm neste segmento, já que contam com a pequena fábrica de chocolate orgânico, criada há três anos em Zaandijk.

A zona de enorme potencial turístico, é também conhecida como a "Cidade Industrial do Cacau”, já que, conta, na região "existe o maior armazenamento do cacau do mundo”.
Em Setembro de 2018, o Governo lançou o projecto "Cadeia de Valor Agrícola” para relançar a produção de café, cacau e palmar, e distribuiu, em Outubro do ano seguinte, mudas entre produtores dos municípios de Cabinda, Cacongo, Buco Zau e Belize.
O projecto, avaliado em 123,1 milhões de dólares, é financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
    

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Economia