Sociedade

Promoção de auto-emprego em tempos de pandemia

Armando Sapalo | Dundo

Jornalista

Mais de 80 jovens da sede municipal do Lucapa, província da Lunda-Norte, ligados à actividade de táxi, com motorizadas de três rodas, beneficiam de uma acção formativa em matérias de Código de Estrada para a obtenção de Cartas de Condução, na categoria de ligeiro profissional.

22/03/2021  Última atualização 08H56
© Fotografia por: DR
A iniciativa é da Administração Municipal do Lucapa que, em parceria com um empresário local,   mobilizou jovens ligados à Associação de Mototaxistas e Transportes de Angola (AMOTRANG) que, para o efeito, investiu cinco milhões de kwanzas.

A acção formativa  está a ser ministrada no Centro de Emprego e Formação Profissional do Lucapa e participam, maioritariamente, jovens que ficaram sem emprego em  consequência da Covid-19.  
A formação inclui, também, jovens que, durante vários anos, estiveram envolvidos no garimpo de diamantes, mas que, devido às restrições impostas pela pandemia, aliada à ilicitude da actividade,  optaram  por outras vias de sobrevivência. 
 
Além da redução da sinistralidade rodoviária, o projecto  visa, também, a preparação dos jovens para a sua inserção no mercado de  trabalho.
Pensamento Wilson, 34 anos de idade, abdicou do garimpo de diamantes em que esteve envolvido durante nove anos e agora trabalha com uma motorizada de três rodas.

 Antes,  trabalhava  num estabelecimento comercial. Em Abril do  ano passado foi  dispensado, alegadamente por causa das restrições impostas no âmbito das medidas de  prevenção e combate ao novo coronavírus. Ele é um dos beneficiários da formação para obtenção  da Carta de Condução.
Salientou que agora, mais do  que nunca, tem uma oportunidade que não deve desperdiçar e espera concluir com êxito o curso.

Domingos Gomes, também com 34 anos, também esteve envolvido durante muito tempo no garimpo de diamantes. Reconheceu que a formação em Código de Estrada, para a obtenção gratuita  da  Carta de Condução, vai ajudá-lo na busca de emprego.

Destacou o facto de o curso ser custeado, na sua totalidade, pela Administração Municipal do Lucapa, em parceria com um empresário local. Sublinhou que isto demonstra o compromisso das autoridades em verem resolvidas as dificuldades que a juventude enfrenta, principalmente no contexto da  crise provocada pela pandemia.  Chefe de uma família de oito membros, entre os quais a  esposa e filhos, Domingos Gomes acredita que a criação de condições para a formação académica, profissional e oportunidades de emprego constituem  ponto de partida para  controlar o impacto  da pandemia.   

O delegado municipal da AMOTRANG, Carlos Sapassa, admitiu que os associados ficaram surpreendidos  com a iniciativa da Administração. "Em  função da renda diária, muitos não teriam a possibilidade  de custearem  um curso  para obtenção da Carta de Condução, principalmente em tempo de pandemia da Covid-19. 

A Delegação Municipal da AMOTRANG, no Lucapa, controla 200 associados. Numa primeira fase, para o curso destinado à obtenção da Carta de Condução, foram seleccionados 80 jovens.

Confinamento abre oportunidade para empoderamento

As dificuldades que as famílias enfrentam devido ao confinamento  provocado pela Covid-19, abre a possibilidade para o empoderamento da mulher,  por via da promoção do empreendedorismo.
O administrador municipal, Daniel Mutaza, afirma que  é  um dos   eixos do Programa de Combate à Pobreza  para o presente exercício económico, face às dificuldades que as famílias enfrentam com o confinamento, provocado pela Covid-19. 

Daniel Mutaza  disse que, no ano passado, seis das  nove acções  destinadas a apoiar  esposas, viúvas, filhas de  ex-militares e mulheres vulneráveis, no Lucapa,   foram implementadas com êxito.
As  acções  estão  voltadas para a capacitação das mulheres em técnicas de fabrico do sabão caseiro, agricultura familiar, educação ambiental.

A directora municipal interina da Acção Social e Antigos Combatentes do Lucapa, Linda Txibuia, disse que dos seis projectos executados no ano passado, constam a formação de 100 mulheres, com idades entre 20 e 60 anos, em técnicas de produção de sabão caseiro.
"A acção formativa foi ministrada  em parceria com professores de Química da Escola do Magistério Primário do Dundo", disse Linda Txibuia.

Referiu que numa primeira fase,  participaram mulheres das comunas do Camissombo, Capaia e Xá-Cassau, incluindo das localidades  de  Calonda e Muquita. As mulheres da comuna do Camissombo já começaram a produzir e vender sabão  caseiro, garantindo a  higienização das comunidades locais. 

A Administração Municipal, de acordo com a responsável, tem apoiado  as  mulheres com matéria-prima para   a confecção  de sabão caseiro, como hidróxido de sódio  ( soda cáustica), óleo alimentar usado e etanol.
Para o projecto de corte e costura, no  ano passado foram capacitadas 30 mulheres que receberam, igualmente, kits para a criação de pequenos negócios.  

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