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Rebeldes repelidos até à fronteira com o Níger

O ministro da Defesa do Tchad, Brahim Daoud Yaya, garantiu, ontem, que os rebeldes que lançaram uma ofensiva no Norte do país, desencadeando confrontos que ceifaram a vida do Presidente Idriss Deby Itno, estão em fuga.

08/05/2021  Última atualização 07H55
Tropa tchadiana persegue as forças “inimigas” até às fronteiras com os países vizinhos do Norte © Fotografia por: DR
Em declarações à AFP, aquele responsável disse que o grupo conhecido pela sigla "FACT” foi repelido após lutar ao longo da fronteira com o Níger, cerca de 300 quilómetros ao Norte da capital N'Djamena.
"Nós derrotámos esses terroristas, alguns dos seus líderes caíram no campo de batalha, outros estão em fuga, mas vamos atrás deles”, disse. A maioria dos presos, disse o ministro da Defesa, está nas mãos da gendarmeria e bem tratados”.

A rebelião da FACT tem as bases no Sul da Líbia desde a sua criação, em 2016.” A Líbia é o reduto dos terroristas ", disse o ministro de Defesa, mas "não posso acusar a Líbia de apoiar terroristas porque não há um Estado na Líbia”.
Os combates eclodiram no Sul do Tchad depois do grupo ter lançado ataques a 11 de Abril -dia da eleição presidencial- que mataram o Presidente Idriss Deby, que visitava a linha de frente.

O filho de Idriss Deby, Mahamat Idriss Déby, assumiu as rédeas do país à frente de um Conselho Militar de Transição, que afirma realizar eleições em 18 meses. O Exército havia garantido, na véspera do anúncio da morte de Deby, ter matado 300 rebeldes e anunciado que outros 246 foram capturados e encaminhados para a Procuradoria de N'Djamena.
Entretanto, os combates continuaram na área de Nokou, no Departamento de Nord-Kanem. Na semana passada, um helicóptero do Exército tchadiano caiu, após uma "falha técnica”,  tendo os rebeldes  afirmado que o havia derrubado.

Ontem, o presidente do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, Mohamed Idriss Farah, disse que "cabe ao povo tchadiano tirar o seu país da crise”. Uma missão da UA está no Tchad desde a semana passada para consultar os vários actores da equipa de transição e a oposição. Relatórios recentes postos a circular em Addis Abeba, sede da organização, mostram que a missão está numa encruzilhada para decidir quais as acções devem ser tomadas no Tchad. A missão deverá deixar N'Djamena ainda hoje para apresentar o relatório ao Conselho de Paz e Segurança da União Africana, que decidirá sobre possíveis sanções contra o Tchad.
 
Insegurança alimentar afecta cinco milhões
Entretanto, mais de cinco milhões de pessoas estarão em situação de insegurança alimentar, no Tchad, durante o período anterior às colheitas, de Junho a Agosto deste ano, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).

  Do total de pessoas ameaçadas, mais de um milhão 700 mil estarão em "insegurança alimentar severa”, refere o OCHA no último relatório. O documento adianta que mais de dois milhões 600 mil pessoas estão sob pressão e podem atingir três milhões e 300 mil indivíduos no período de Junho a Agosto.

No relatório, o órgão das Nações Unidas explica que a situação alimentar no Tchad é causada pela instabilidade de segurança ligada aos conflitos, ao impacto económico das medidas restritivas contra o coronavírus e às doenças.
No total, três milhões 800 mil pessoas precisam de uma ajuda nutricional, em 2021, das quais um milhão 900 mil crianças estão afectadas pela desnutrição aguda com 401 mil casos severos.

A situação nutricional continua preocupante em todo o país, com um estado alarmante em 15 das 23 províncias, enquanto nove departamentos são identificados como estando na fase de crise. Espera-se uma deterioração da situação durante o período de Junho a Agosto, nomeadamente nas províncias de Tibesti, Kanem, Wadi Fira, Batha e Guéra, além das quatro províncias referidas como departamentos em fase de crise.

Nenhum departamento está na fase de emergência por enquanto, prossegue o relatório, acrescentando que apenas  cerca de 96 mil pessoas estão nessa fase, e  este  número  deverá atingir 165 mil indivíduos durante o período anterior às colheitas, nomeadamente nas províncias do Lago e Wadi Fira.

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