Por conta de algum ajuste da pauta aduaneira, concretamente relacionada com a taxação dos produtos de uso pessoal, nos últimos dias, a Administração Geral Tributária (AGT) esteve, como se diz na gíria, na boca do povo. A medida gerou uma onda de insatisfação e, sendo ou não apenas a única razão, foi declarada a suspensão daquela modalidade de tributação, nova na nossa realidade.
Persigo, incessante, mais um instante para privilegiar o sossego. Para a parte maior da raça humana, pondero tratar-se da necessidade que se vai evidenciando quando a tarde eiva as objectivas da vida. Rastos de águas passadas há muito direccionam o moinho para a preciosidade do tempo.
Os laços de parceria entre o continente africano e a Rússia têm raízes sólidas e profundas e em todos os tempos se caracterizaram pela estabilidade e confiança.
Pelo andar da carruagem parece que Moscovo apoiou e vai continuar a apoiar os povos africanos na sua luta pela libertação da opressão colonial e contribuir para o desenvolvimento do Estado democrático e de Direito de modo a fortalecer a soberania e capacidade de defesa.
Muito foi feito para criar as bases sustentáveis das economias africanas. Existem indicadores que apontam que na década de 80 registou-se em vários países africanos a construção de infra-estruturas, com a participação de especialistas russos. Os relatórios da diplomacia entre a Rússia e Africa, apontam que foram construídas mais de 330 grandes infra-estruturas e instalações industriais - usinas, sistemas de irrigação, empresas industrializadas e agrícolas - que ainda funcionam com sucesso e continuam a contribuir de forma significativa para o desenvolvimento económico do continente.
Hoje, África e Rússia têm uma longa história de interacção e cooperação. Nos últimos anos, a Rússia tem intensificado os seus laços com os países africanos, especialmente nas áreas económica e política. Isso abre novas perspectivas para ambos os lados e cria uma base para uma parceria mutuamente benéfica.
Uma das principais áreas de cooperação entre África e Rússia é a economia. As empresas russas investem fortemente em vários sectores da economia africana, como petróleo e gás, mineração, agricultura e infra-estrutura. Por exemplo, a Rússia está a colaborar com países africanos na exploração de campos de petróleo e na construção de instalações de energia. Isso contribui para o desenvolvimento das economias africanas e para a criação de novos empregos.
Além disso, a Rússia apoia activamente os países africanos na área da Educação e da Ciência. Muitos jovens africanos estudam em universidades e institutos russos. Isso promove o desenvolvimento humano em África e fortalece os laços de amizade entre os povos.
Podemos afirmar que há uma interacção tradicionalmente estreita no cenário mundial, uma defesa firme e consistente dos ideiais da Rússia que entrelaça-se nos interesses dos países africanos na geopolítica internacionais. Segundo o Presidente da Rússia, Vladmir Putin, referiu na Cimeira com os países africanos que o seu país respeita estritamente o princípio que assegura que «Problemas africanos - Solução africana». A progressão da Rússia em África demonstra a solidariedade da Rússia para com o continente bem como o interesse em apoiar a luta pela autodeterminação, justiça e defesa dos seus direitos legítimos.
Muitos líderes africanos destacam as características da política russa para fortalecer a sua posição no continente. Moscovo tem tentado transmitir uma postura de não imposição aos parceiros, a sua visão sobre o dispositivo interno, as formas e métodos de governação, os objectivos de desenvolvimento e as formas de alcançá-los.
O respeito pela soberania dos Estados africanos, suas tradições e valores, o desejo de decidir o seu próprio destino, e a liberdade de construir relações com os parceiros, permanecem inalterados.
Dada a longevidade das relações há um capital acumulado de amizade e cooperação, com suas tradições de confiança e apoio mútuo. Parece existir um desejo comum de criar um sistema de relações baseado na prioridade do Direito Internacional na consideração dos interesses nacionais, na indivisibilidade da segurança e no reconhecimento do papel central de coordenação da Organização das Nações Unidas.
No entanto, apesar dos aspectos positivos da cooperação, há desafios que devem ser superados. Um deles é a falta de informação e compreensão sobre as perspectivas de criar laços mutuamente benéficos entre África e Rússia. Muitos países africanos não têm informações suficientes sobre os benefícios que a cooperação com a Rússia pode trazer.
Os empresários russos, devido à falta de compreensão das oportunidades que o continente africano lhes oferece neste momento, têm medo de investir. Por isso, é importante realizar-se missões empresariais, feiras de negócios, destinadas a compartilhar experiências para sensibilizar sectores público e privado dos dois hemisférios.
Outro desafio é a competição de outros Estados e organizações internacionais. A África é uma região atraente para o investimento, e muitos países, incluindo China, Estados Unidos e União Europeia, estão a desenvolver suas relações com o continente africano. A Rússia precisa de elaborar uma estratégia que lhe permita destacar-se face à sua concorrência e oferecer vantagens únicas para os parceiros africanos.
Hoje observamos uma enorme dinâmica de movimentos anticoloniais em todo o continente como vimos recentemente no Mali, só para citar. A onda de luta pela Independência que se deu em África não pode ser interrompida, porque em alguns casos introduziu-se a neocolonialização. As relações entre Estados baseia-se no principio de igualdade, no entanto, nem sempre se aplica do ponto de vista prático, por isso auguramos que a Rússia interagisse com a África em condições de igualdade.
O novo tempo mostra novos caminhos para o desenvolvimento de toda a humanidade, mas o ponto de partida começa aqui em África. Aliás, os Russos devem entender que embora isso esteja enterrado pelas grandes potências, os africanos participaram da segunda guerra Mundial. A pergunta que não quer se calar é a seguinte: A Rússia será capaz de consolidar a sua posição e aumentar a sua cooperação com os líderes do continente? O tempo dirá.
* Jornalista, Docente e Autor
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